Sabesp admite que SP pode ficar 5 dias sem água por semana
se não chover
Sabesp pode adotar rodizio de 5 dias sem água por semana,
diz diretor.
Medida é estudada caso seja necessária redução de vazão no
Cantareira.
Anúncio foi feito em visita à estação de tratamento em
Suzano.
Medida é estudada caso seja necessária redução de vazão no Cantareira.
Anúncio foi feito em visita à estação de tratamento em Suzano.
A Sabesp pode adotar rodízio de
cinco dias sem água por semana se o volume de chuvas não aumentar no Sistema
Cantareira, afirmou o diretor metropolitano da companhia, Paulo Massato
Yoshimoto, em visita a Suzano, ao lado do governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB). A medida seria adotada em situação extrema.
“O cálculo conceitual, teórico,
para reduzir 15 metros cúbicos por segundos no Cantareira precisaria de um
rodízio de dois dias com água por cinco dias sem água. Se for necessário, para
não chegar no zero na represa, não ter mais água nenhuma para distribuir, lá no
limite, se as obras não avançarem na velocidade que estamos planejando, podemos
correr esse risco de um rodízio drástico”, afirmou o diretor.
Yoshimoto disse em 27/01/15 que a
medida pode complementar ações já adotadas, como redução da pressão e pedido de
diminuição do consumo pela população.
No evento, Alckmin não deu
declarações sobre o rodízio. O governador falou da transferência do Rio
Guaratuba para o sistema Alto Tietê e sobre as obras de transferência da água
da Represa Billings.
Segundo Massato, a implementação da
medida vai depender da análise dos órgãos reguladores de recursos hídricos.
"Se a Agência Nacional das
Águas (ANA), o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), que são os
órgãos reguladores de recursos hídricos, chegarem à conclusão nos seus estudos
que a Sabesp tem que retirar muito menos do que ela está retirando do
Cantareira, a solução no limite seria a implantação de um rodízio muito
drástico", disse Yoshimoto.
Se nós tivermos que retirar somente 10, 12 metros cúbicos
por segundo, seria necessário implantar rodízio de dois dias com água, cinco
dias sem água."
Paulo Yoshimoto, diretor metropolitano da Sabesp
O diretor não fez previsões sobre
quando o rodízio poderia começar a ser adotado.
"Eles [órgãos reguladores] é
que definem a vazão de retirada do Cantareira. Ainda temos uma expectativa,
pequena, mas temos expectativa de que as chuvas de verão voltem", disse
Massato.
Metade da média
As chuvas acumuladas neste mês no
Sistema Cantareira representam 49,5% da média histórica.
A ANA determinou na semana passada
que a Sabesp reduza ainda mais a captação do Cantareira, levando a companhia a
adotar como meta chegar à retirada de 13 metros cúbicos por segundo, sendo que
ainda explorava, nesta terça, 16 metros cúbicos. Para Massato, a implementação
do rodízio 5x2 será necessário se o limite for ainda menor.
"Se nós tivermos que retirar
somente 10, 12 metros cúbicos por segundo, seria necessário implantar rodízio
de dois dias com água, cinco dias sem água. O equivalente a isso para ter uma
economia necessária lá no Cantareira e não deixar que [o nível] continue
caindo."
O diretor avalia que as medidas já
adotadas conseguiram reduzir a vazão do Cantareira.
"Com essa tecnologia, com a
adesão da população reduzindo o consumo e mais as transferências [de outros
reservatórios], nós estávamos produzindo no Cantareira 32 metros cúbicos por
segundo. Hoje nós estamos produzindo 16,5 metros cúbicos por segundo. Então,
para fazer um rodízio, nós teríamos que fazer um rodízio muito pesado. Se as
chuvas insistirem em não cair no sistema Cantareira, seria uma solução de um
rodízio muito pesado, muito drástico."
Ano mais crítico
O diretor da Sabesp disse que o
planejamento inicial para a falta de água começou em dezembro de 2013 e que a
foi evitado que a falta de água ocorresse já no ano passado.
Acontece que o ano hidrológico 2014/2015 está sendo mais
crítico do que foi 2013/2014. Está chovendo muito menos em outubro de 2014 do
que choveu em outubro de 2013."
"Qual era nosso planejamento?
Que a partir de outubro, na primavera, ocorresse pelo menos as vazões mínimas
das mínimas históricas. Acontece que o ano hidrológico 2014/2015 está sendo
mais crítico do que foi 2013/2014. Está chovendo muito menos em outubro de 2014
do que choveu em outubro de 2013. Então sucessivamente estamos batendo novos
recordes de baixas precipitações."
Governador divulga obras
Durante a visita a Suzano, Alckmin
informou que a oferta de água para parte da Grande São Paulo foi aumentada em
500 litros por segundo com a ampliação da transferência de água do córrego
Guaratuba para o Sistema Alto Tietê.
O Sistema Alto Tietê está com 10,4%
do seu volume. Ele abastece 4,5 milhões de pessoas em parte da zona leste de São
Paulo e em Arujá, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Poá, Suzano, além de
parte de Mauá, de Mogi das Cruzes e de Santo André.
O Alto Tietê deve ser beneficiado,
ainda sem prazo definido, pela transferência de vazão da Represa Billings, como
o governador anunciou na semana passada. Nesta manhã, ele detalhou que o Alto
Tietê tem capacidade para tratar e distribuir o volume extra.
"Aqui (no Alto Tietê) nós
temos capacidade de tratar mais cinco metros cúbicos por segundo e produzir e
distribuir mais cinco m3 por segundo. Não adianta você colocar água
em um local que não tem capacidade para tratar mais. Aqui você tem ambas as
condições. É onde precisa, porque é onde menos está chovendo e é onde pode
ajudar o Cantareira", disse.
A ajuda ao Sistema Cantareira é
indireta. Desde o começo da crise, o Alto Tietê passou a atender mais um milhão
de clientes da Sabesp, que eram atendidos pelo Cantareira. Por causa dessa
migração e do fraco regime de chuvas, o Alto Tietê apresentou aceleração na
queda de suas reservas. (g1)
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