Mudas destinadas ao reflorestamento
das bacias que compõem o Cantareira aguardam volta das chuvas para serem
plantadas.
Cerca de 1 milhão de mudas de
espécies nativas destinadas ao reflorestamento das bacias que compõem o Sistema
Cantareira estão há três meses aguardando a volta das chuvas na região para
serem plantadas. Segundo Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da
Fundação SOS Mata Atlântica, responsável pelo projeto, as condições climáticas
ainda não estão favoráveis, apesar do ressurgimento de algumas nascentes no sul
de Minas.
“Desde novembro, estamos com as
mudas de 86 tipos de árvores nativas esperando o tempo melhorar para fazermos o
replantio, priorizando a região de cabeceira do manancial e seguindo até
Bragança Paulista. Mesmo com essa chuva que está caindo lá na serra, o solo
ainda não está adequado para plantar”, disse Malu. As mudas ajudariam a
recuperar cerca de 400 hectares, área equivalente a 400 campos de futebol.
Ela conta que as chuvas comemoradas
em dezembro por moradores da Serra da Mantiqueira normalmente começam em
setembro na região. “Eu entendo o otimismo deles, porque a seca já dura muito
tempo, mas essas chuvas na região serrana já deveriam ter começado há quatro
meses. Agora, precisa chover todos os dias em fevereiro e março para que o Rio
Jaguari volte ao normal.”
Nascentes ressurgem em Minas
A 1,6 mil metros de altitude, quase
no topo da Serra da Mantiqueira, parte das nascentes que formam o Rio Jaguari
em Camanducaia, no sul de Minas, renasceu com as chuvas dos últimos 30 dias.
A água que voltou a brotar na montanha anima os moradores
das regiões, mas ainda não tem volume nem força para percorrer 100 quilômetros
e encher os reservatórios do Sistema Cantareira em Bragança Paulista e
Joanópolis, em São Paulo.
As represas que representam 82% do manancial recebem 60%
menos água do que antes da crise e agonizam no volume morto.
Principal afluente do Cantareira que abastece hoje cerca de
12 milhões de pessoas na Grande São Paulo e na região de Campinas, o Rio
Jaguari virou um pequeno córrego com menos de 50 centímetros de profundidade
durante a estiagem do ano passado.
Muitas nascentes que forma o rio nos municípios de Extrema,
Camanducaia e São Bento do Sapucaí, desapareceram no início de 2014, quando o
Estadão teve na região. Aos poucos, esses cursos d’água estão renascendo, o que
já elevou para 1,5 metros o rio Jaguari no início de janeiro/15, o que não
acontecia desde dezembro/13.
Em Extrema, na divisa entre Minas e São Paulo, cachoeiras
que tinham virado pedra voltaram a ter quedas e piscinas naturais. “O rio sobe
bem quando chove aqui no alto da serra, mas logo baixa. A terra está muito
seca, ela chupa toda a água”, relata Clemilson Aparecido Fernandes, de 32 anos,
que trabalha na Fazenda Campo Verde, onde estão algumas nascentes do Jaguari,
limite do município com São Bento do Sapucaí.
Agricultores, meteorologistas, pescadores e donos de
pousadas na região do sul de Minas estão animados com a volta dos riachos e das
nascentes do Jaguari. Mas todos são unânimes na avaliação de que a chuva deste
ano ainda não seria suficiente para recuperar o rio.
A destruição da mata ciliar do Rio Jaguari ao longo de seu
trajeto sinuoso por dentro da Serra da Mantiqueira, no sul de Minas, é hoje a
maior vilã da recuperação das represas do Sistema Cantareira.
Fazendas de eucaliptos e pinus tomaram toda a região no alto
da serra, onde estão as nascentes do manancial.
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