sábado, 17 de janeiro de 2015

Desmatamento impede recuperação de represa

Sem vegetação, margem do Rio Jaguari sofre erosão e leito é assoreado; processo barra chegada de água ao Cantareira, em SP.
A destruição da mata ciliar do Rio Jaguari ao longo de seu trajeto sinuoso por dentro da Serra da Mantiqueira, no sul de Minas, é hoje a maior vilã da recuperação das represas do Sistema Cantareira.
Sem a vegetação nas suas margens, que deram lugar a imensas plantações de arroz, eucaliptos e a pastagens de gado, o Jaguari sofre um grave processo de erosão que causa o assoreamento do leito do rio e impede que as chuvas na região serrana cheguem aos reservatórios.
O resultado da destruição da mata ciliar do rio ao longo do tempo, segundo especialistas, é justamente a diminuição do volume de água que chega ao Cantareira. Segundo monitoramento da Fundação SOS Mata Atlântica, a região tem apenas 21,5% da cobertura vegetal nativa.
“Sem matas ciliares nas encostas dos rios, a própria chuva acaba sendo prejudicial para o manancial. Em vez de infiltrar no solo, a água corre pela área desmatada, levando sedimentos e assoreando o leito do rio”, explica Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica.
A vegetação das margens funciona como um filtro, retendo a chuva para os lençóis freáticos, que estocam água e aos poucos alimentam o rio. Mas, até próximo de suas nascentes, o Rio Jaguari já perdeu sua mata nativa para plantações de pinos e eucaliptos, culturas consideradas nocivas em áreas de proteção ambiental, justamente por consumirem muita água do solo.
“Os eucaliptos são chamados de secadores de lagos, eles competem com a gente porque consomem muita água e por isso crescem rápido. Pior do que eles, só as áreas de pasto, que impermeabilizam completamente o solo”, afirma Paulo Henrique Pereira, secretário de Meio Ambiente de Extrema.
Desde 2005, o município mantém o projeto Conservador das Águas, que já cercou mais de 6 mil hectares de áreas de preservação permanente que margeiam córregos pagando donos de terra pelo serviço ambiental prestado. Ainda assim, Extrema tem apenas 15% de mata nativa preservada.
Nascentes ressurgem em Minas
A 1,6 mil metros de altitude, quase no topo da Serra da Mantiqueira, parte das nascentes que formam o Rio Jaguari em Camanducaia, no sul de Minas, renasceu com as chuvas dos últimos 30 dias.
A água que voltou a brotar na montanha anima os moradores das regiões, mas ainda não tem volume nem força para percorrer 100 quilômetros e encher os reservatórios do Sistema Cantareira em Bragança Paulista e Joanópolis, em São Paulo.
A água que voltou a brotar na montanha anima os moradores da região, mas ainda não tem volume nem força para percorrer 100 quilômetros e encher os reservatórios do Sistema Cantareira em Bragança Paulista e Joanópolis, em São Paulo.
As represas que representam 82% do manancial recebem 60% menos água do que antes da crise e agonizam no volume morto.
As represas que representam 82% do manancial recebem 60% menos água do que antes da crise e agonizam no volume morto.
Principal afluente do Cantareira que abastece hoje cerca de 12 milhões de pessoas na Grande São Paulo e na região de Campinas, o Rio Jaguari virou um pequeno córrego com menos de 50 centímetros de profundidade durante a estiagem do ano passado.
Principal afluente do Cantareira, que abastece hoje cerca de 12 milhões de pessoas na Grande São Paulo e na região de Campinas, o Rio Jaguari virou um pequeno córrego com menos de 50 centímetros de profundidade durante a estiagem do ano passado.
Muitas nascentes que forma o rio nos municípios de Extrema, Camanducaia e São Bento do Sapucaí, desapareceram no início de 2014, quando o Estadão teve na região. Aos poucos, esses cursos d’água estão renascendo, o que já elevou para 1,5 metros o rio Jaguari no início de janeiro/15, o que não acontecia desde dezembro/13.
Muitas nascentes que formam o rio nos municípios mineiros de Extrema, Camanducaia e São Bento do Sapucaí desapareceram no início de 2014, quando o Estado esteve na região. Aos poucos, esses cursos d’água estão renascendo, o que já elevou para 1,5 metro o Jaguari na semana passada, o que não acontecia desde dezembro de 2013.
  
Em Extrema, na divisa entre Minas e São Paulo, cachoeiras que tinham virado pedra voltaram a ter quedas e piscinas naturais. “O rio sobe bem quando chove aqui no alto da serra, mas logo baixa. A terra está muito seca, ela chupa toda a água”, relata Clemilson Aparecido Fernandes, de 32 anos, que trabalha na Fazenda Campo Verde, onde estão algumas nascentes do Jaguari, limite do município com São Bento do Sapucaí.
Em Extrema, na divisa entre Minas e São Paulo, cachoeiras que tinham virado pedra voltaram a ter quedas e piscinas naturais. “O rio sobe bem quando chove aqui no alto da serra, mas logo baixa. A terra está muito seca, ela chupa toda a água”, relata Clemilson Aparecido Fernandes, de 32 anos, que trabalha na Fazenda Campo Verde, onde estão algumas nascentes do Jaguari, no limite do município com São Bento do Sapucaí.
Agricultores, meteorologistas, pescadores e donos de pousadas na região do sul de Minas estão animados com a volta dos riachos e das nascentes do Jaguari. Mas todos são unânimes na avaliação de que a chuva deste ano ainda não seria suficiente para recuperar o rio.
Agricultores, meteorologistas, pescadores e donos de pousada na região do sul de Minas estão animados com a volta dos riachos e das nascentes do Jaguari. Mas todos são unânimes na avaliação de que a chuva deste ano ainda não será suficiente para recuperar o rio.
A destruição da mata ciliar do Rio Jaguari ao longo de seu trajeto sinuoso por dentro da Serra da Mantiqueira, no sul de Minas, é hoje a maior vilã da recuperação das represas do Sistema Cantareira.
A destruição da mata ciliar do Rio Jaguari ao longo de seu trajeto sinuoso por dentro da Serra da Mantiqueira, no sul de Minas, é hoje a maior vilã da recuperação das represas do Sistema Cantareira.
 
Fazendas de eucaliptos e pinus tomaram toda a região no alto da serra, onde estão as nascentes do manancial.
A 1,6 mil metros de altitude, quase no topo da Serra da Mantiqueira, parte das nascentes que formam o Rio Jaguari em Camanducaia, no sul de Minas, renasceu com as chuvas dos últimos 30 dias. A água que voltou a brotar na montanha anima os moradores da região, mas ainda não tem volume nem força para percorrer 100 quilômetros e encher os reservatórios do Sistema Cantareira em Bragança Paulista e Joanópolis, em São Paulo. Destruição
Fazendas de eucaliptos e pinus tomaram toda a região no alto da serra, onde estão as nascentes do maE a destruição da mata ciliar do Rio Jaguari chega até a Serra da Mantiqueira, em Camanducaia. Fazendas de eucaliptos e pínus tomaram toda a região no alto da serra, onde estão as nascentes do manancial.
“O pínus não é ruim, não. Ele ajuda a manter o solo úmido”, diz Joel Caetano, de 26 anos, administrador de uma fazenda com mais de 120 mil metros quadrados de plantação.
A destruição das matas ciliares é crime ambiental que pode dar 3 anos de cadeia. O Código Florestal estabelece como área de preservação permanente a faixa que, a partir da máxima margem de cada rio, riacho, córrego ou represa, vai de 30 a 100 metros. Nas áreas rurais de Camanducaia as pastagens e fazendas de gado ocupam a margem do Jaguari. “Os bois ficam nessa margem só até o final da tarde, porque o capim está bem verdinho”, diz Ronaldo Baptista, de 39 anos, que cuida de 150 gados em um sítio em Camanducaia. (OESP)

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