Gastamos hoje o dobro de uma fonte que está com sua capacidade reduzida
à metade!
Todos nós aprendemos na escola que o Brasil tem água em abundância __
10% de toda a água doce disponível do mundo. Como consequência, nos acostumamos
a utilizar esse recurso barato de forma livre e despreocupada e nos tornamos
grandes esbanjadores. No entanto, a verdade é que paramos no tempo e não
percebemos que mudanças globais (ambientais, climáticas e geopolíticas) estavam
ocorrendo ao nosso redor e que elas também nos afetaria.
A escassez de água potável, que já é uma realidade para 30% da população
mundial, vem sendo acentuada nos últimos 40 anos pela poluição dos rios,
desmatamento das florestas, degradação do solo, má gestão dos recursos hídricos
e pelo grande desperdício na agricultura, na indústria e no nosso dia a dia.
Fora isso, nos últimos 100 anos, o consumo de água aumentou oito vezes,
enquanto a população mundial cresceu quatro vezes. Ou seja, o consumo médio
individual dobrou. Porém, nesse mesmo período, poluímos 50% da água doce
disponível para o nosso uso. Significa dizer que hoje estamos gastando o dobro
de uma fonte que está com sua capacidade reduzida à metade. Não é por outra
razão que em 2020, 60% da população mundial sofrerão carência de água de boa
qualidade para o consumo. Quer mais uma triste estatística? Segundo a ONU, no
mundo atual, 80% das internações hospitalares são motivadas pela simples falta
de acesso à água potável.
Não é de hoje que se discute se o aquecimento global é motivado pelo
cíclico e natural aquecimento do Planeta ou pelos séculos de emissões de gases
poluentes na atmosfera. Mas enquanto não se chega a uma conclusão, se é que
vai-se chegar, sofremos com as mudanças climáticas que esmurram nossas portas:
a falta de água em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro já é uma dura
realidade a ser enfrentada, hoje e pelos próximos anos.
Será que podemos fazer algo? Na gestão dos recursos hídricos, somente os
governantes, mas no bom uso da água pode-se contribuir bastante. O consumo
responsável no nosso cotidiano é capaz de proporcionar considerável redução no
desperdício de água. E exemplos não faltam. Tomar banho fechando a torneira ao
ensaboar o corpo e os cabelos pode representar uma economia de até 90 litros de
água por banho. Da mesma forma que barbear-se fechando a torneira, quando a
água não estiver sendo utilizada, pode produzir uma economia de até 10 litros.
Sem falar na habitual e dispensável “vassoura hidráulica” utilizada pelos
faxineiros dos prédios para varrer e lavar as calçadas, onde o uso de uma
vassoura normal economizaria até 250 litros de água por dia.
Ainda assim, infelizmente, nessa questão da boa utilização da água pela
sociedade, ter ou não educação e boa vontade para adotar seu consumo consciente
não são por si só relevantes. Para grande parte da população, o uso responsável
só virá com mecanismos de controle e punição, como uma conta salgada no final
do mês. Diferente da energia e do gás, cujos consumos individuais vêm
quantificados na conta mensal da concessionária, permitindo que o cidadão sinta
no bolso o uso exagerado e o desperdício, a água, na maioria dos prédios
residenciais, é cobrada do condomínio numa única conta coletiva. Assim, o uso
correto desse recurso só será possível quando todas as residências tiverem seu
consumo de água medido por hidrômetros individuais e cobrado em contas
separadas.
Um grande exemplo vem da Alemanha, onde o custo da água é bem alto e a
cobrança individual. Lá, só se costuma puxar a descarga do vaso no banheiro
após quatro ou cinco xixis. Substâncias para eliminar o cheiro desagradável da
ureia são utilizadas, sem dúvida, e é claro que está se falando de uma atitude
extrema, que espero não tenhamos que copiar, mas esse comportamento nos dá a
exata dimensão do quão sensível pode ser o bolso do consumidor e o quanto esse
mecanismo de punição financeira é eficiente na redução do consumo e do
desperdício de água.
Reflita sobre esse assunto. Seja consciente e responsável no consumo de
água, na sua residência ou no seu trabalho, para que não falte no futuro.
(ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário