Mesmo com negativas do governo,
racionamento afeta boa parte da população paulistana.
Leia o depoimento de quem vive o problema.
Falta d'água já faz com que moradores de SP
cogitem volta às cidades natais.
Com seus 461 anos completados em 25/01, São Paulo começa a
assumir um papel diferente do que o Brasil se acostumou a ver. Se por anos a
fio a cidade abrigou gente de todo o país, agora, enfrentando uma crise hídrica
jamais vista, ela faz com que esses migrantes pensem em abandonar a metrópole
por falta de estrutura.
Tanto na periferia quanto em área mais nobres, a falta de
água é latente e sentida por toda a população. Em relato de seu cotidiano como
morador da rua Augusta, na região central da cidade, Tales Longo Araújo, 24,
estudante de Direito e vindo de Fartura, no interior de São Paulo, conta como
ficar sem água em casa pode fazer com que ele tenha de abandonar não só a
capital, mas também seus estudos e o estágio que tem na cidade.
"Poucos dias antes do Natal, entre 20 e 22 de dezembro,
a água foi cortada por 12 horas em cada dia. Como na república todos saíram de
férias logo depois, não sentimos os problemas. Isso até voltarmos no dia 5 de
janeiro. Um dia depois começaram a cortar a água no período da noite e durante
a manhã também.
Isso durou três ou quatro dias, até que no mesmo final de
semana já começaram a cortar a água durante todo o dia. Tivemos que sair de
casa e ficar com amigos ou parentes que nos ofereceram hospedagem durante o
final de semana.
Como todos trabalham — eu, inclusive, moro a 15 minutos a pé
do meu estágio —, fica difícil largar as coisas na sua casa e mudar pra outro
lugar. Tivemos que comprar galões de 20 litros pra dar descarga, tomar banho de
caneca, beber, lavar louça, chão e etc., até que houvesse uma solução por parte
do dono do prédio. Como o edifício é antigo, não temos cisterna como nos
prédios mais novos, nem bomba para empurrar a água até a caixa.
Na Augusta há duas semanas que todo dia vejo caminhões pipa
parados em frente aos hotéis e prédios residenciais maiores do que o meu. É
paliativa, claro, mas não há outra medida, não está chegando água nos prédios!
Coisas básicas do dia-a-dia, fica difícil de fazer. Lavar as
mãos só de vez em quando, usar a descarga (de balde com água mineral) depois de
urinar é proibido!
Eu não vejo uma solução em curto prazo para São Paulo, não
está chovendo suficiente, a água vai acabar em poucos meses e já estou pensando
em voltar pra minha cidade, pelo menos por um período de tempo até as coisas se
estabilizarem. Nunca passou pela minha cabeça uma coisa dessas. Não quero sair
daqui, tenho vínculos com a cidade, tenho mais um ano e meio até me formar, um
ótimo estágio, projetos etc.
O que estou passando agora já acontece há meses na
periferia. Agora, depois de faltar água em bairros nobres de são Paulo, começa
a ter uma visibilidade. A tendência, pelo o que estou vendo, é piorar. Se
piorar — e olhe que já está feio pra mim —, não me resta outra opção senão ir
embora da capital. Uma pena. Espero que encontrem uma solução em curto prazo,
mas que não reflita muito no bolso da população, o que é difícil.
Enfim, depois de muita conversa com o proprietário, ficou
acordado que seriam instaladas mais três caixas d’agua de mil litros (para
comportar toda carga do caminhão, que é de 10 mil litros) e toda semana
chamariam um caminhão pipa pra enchê-las.
Foi feito semana passada, porém durou de 3 a 4 dias apenas.
Desde domingo estamos sem água. Amanhã, fiquei sabendo, o caminhão pipa chega
com mais. Vão ser necessários dois por semana." (yahoo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário