INSA publica dados sobre monitoramento dos reservatórios do
semiárido
Dados do boletim mensal relatam decréscimo no volume de água nos
principais reservatórios. Probabilidade de chuvas é 45% menor.
Os volumes de água armazenados nos reservatórios do Semiárido Brasileiro
vem decrescendo mensalmente e 45% de probabilidade das previsões meteorológicas
apontam menos chuvas para o primeiro trimestre de 2015 na região O boletim
mensal compõe o Sistema de Gestão da Informação e do Conhecimento do Semiárido
brasileiro (SigSab), um projeto do Instituto Nacional do Semiárido (Insa),
Unidade de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Publicado mensalmente o informativo disponibiliza a situação das
reservas de água nos principais reservatórios da região Semiárida. Nesta quinta
edição do boletim, com dados de coleta entre 22 de outubro de 2014 e 15 de
janeiro de 2015, foram monitorados 347 reservatórios da região semiárida cuja
capacidade máxima de armazenamento de água totalizou 36,86 mil de hm³.
Atualmente, na região semiárida o volume armazenado é de apenas 29%,
atingindo 10,45 mil de hm³. Nas microrregiões dos semiáridos pernambucano,
mineiro e paraibano o percentual de acumulação de água nos reservatórios são os
três menores, respectivamente de 10%, 20% e 20%.
A situação hídrica do Ceará também se demonstra preocupante, por ser o
estado com mais reservatórios monitorados pelos pesquisadores, com informações
disponíveis de 109 represas e açudes, foi constatado que o percentual de acumulação
de água é de apenas 22%. Dos 347 reservatórios monitorados até o dia 15 de
janeiro 44% já tinham entrado em colapso, com volume armazenado menor do que
10% da sua capacidade total e apenas 1% deles encontravam-se cheios. Outro dado
relevante diz respeito à probabilidade de chuvas no primeiro trimestre de 2015,
existe uma chance de 20% de se chover mais do que o habitual, 35 % de se chover
dentro da média climatológica da região semiárida e 45% de chover menos.
O levantamento tem como base os dados divulgados pelas: Agência Nacional
de Águas (ANA), Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba
(AESA), Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), Companhia de Gestão dos
Recursos Hídricos (COGERH), Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos
Hídricos (FUCEME), Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) e da
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Rio Grande do
Norte (SEMARH-RN).
Consumo consciente de água
O Brasil possui aproximadamente cerca de 13% da água doce líquida do
mundo, apesar disso por conta da distribuição geográfica dos mananciais nem
todas as pessoas tem acesso a mesma quantidade de água per capita. Para
agravamento da situação a cultura ecológica do brasileiro ainda precisa
incorporar a necessidade de economizar água e as empresas distribuidoras
necessitam diminuir o desperdício. Estima-se nada menos do que 40 % da água
tratada no Brasil seja perdida antes de chegar às torneiras do consumidor.
É um dos índices mais altos de desperdício no mundo. Essa ineficiência
na gestão dos recursos hídricos faz com aconteça desabastecimento em várias
regiões no país. E serve de alerta para a necessidade de maiores investimentos
na infraestrutura dos reservatórios e sistemas de distribuição de água. Outro
problema grave é a poluição dos mananciais localizados perto das cidades,
geralmente rios, mas também lagos, represas e aquíferos. Essas fontes de água
poderiam ser usadas para o abastecimento humano, irrigação e uso industrial se
estivessem limpas, ou fossem tratadas. A despoluição de águas contaminadas,
apesar de possível, é ainda um processo muito caro, portanto seria mais barato
e eficaz os governos promoverem a educação ambiental para conscientizar a
população da necessidade de manter as águas limpas.
Existem várias práticas de reuso, captação e armazenamento que podem ser
utilizadas tanto no meio urbano quanto no rural para maximizar a capacidade
hídrica de determinado local.
Experiência em Santana do Sérido (RN)
A maior parte das cidades brasileiras encontra dificuldade para destinar
corretamente a água oriunda dos esgotos domésticos e industriais. O Semiárido
brasileiro contabiliza hoje 1.135 municípios, com igual número de redes de
esgoto, que se fossem tratadas forneceriam água potável para a prática
agrícola. Segundo Salomão Medeiros, pesquisador do Instituto Nacional do
Semiárido (Insa/MCTI) da área de recursos hídricos, “a produção diária de
esgotos funcionaria como verdadeiros rios perenes, atualmente desperdiçados em
uma região que sofre com a estiagem”.
No município de Santana do Seridó (RN), um projeto inovador está
reutilizando o esgoto tratado para produzir alimento para o gado. A ideia do
projeto “Palmas para Santana” é transformar os 258 mil litros de esgoto gerado
por uma população de 2.526 habitantes em água limpa para a irrigação de um
banco de forragem, composto por espécies como a palma forrageira, feijão guandu
e sorgo. (ecodebate)

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