As pessoas em geral
estão determinando novas alternativas de vida, otimizando formas de desfrutar
do seu tempo livre e eficientizando suas maneiras de determinar rotinas,
organizar e equilibrarem suas vidas. Está terminando a carreira inquestionada e
desabalada a uma concepção de sucesso que se confunde com capacidade econômica
ou capacidade financeira de acumular bens. Isto ocorre lentamente, mas é um
movimento sólido, seguro e inexorável que atinge cada vez mais um número maior
e mais relevante de indivíduos que em vez de se preocuparem com produto interno
bruto ou relação de renda ou bens, coloca em primeiro plano a capacidade de ser
feliz, de buscar determinações satisfatórias e momentos prazerosos de forma
permanente e cotidiana, exercendo e vivenciando contínuas celebrações de vida.
Evidentemente que este
posicionamento de vida ainda não é hegemônico, mas é suficientemente relevante
para determinar alterações no mercado de trabalho e para explicar como
estatísticas como a do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
anteriormente citada e que pela cossaca dos números não parece
correr o risco de materializar um engodo, determina que cerca de 40% da força
ativa do país não se encontra engajada em colocações no mercado de trabalho.
Porque esta parcela significativa precisa a definição de outras determinantes
para sua motivação e certamente não é só um ou dois fatores que explicam esta
realidade.
O fator sempre citado
decorrente de mão de obra mais barata no sudeste asiático ou na Índia,
certamente não é capaz de explicar todas as interpretações e tampouco os
avanços de produtividade que permitem maior realização de trabalho por menos
indivíduos. Assim como programas sociais assistencialistas ou o emprego de
ferramentas de proteção social como aposentadorias ou pensões. Existe também
grande quantidade de indivíduos que por necessidade ou opção preferem optar por
prestação de trabalho de forma autônoma. Não se esclarece como estas pessoas
estão identificadas na maioria dos levantamentos ou determinações. Mas que elas
representam quantidades significativas de indivíduos, quanto a isto não há a
menor dúvida ou questionamento. Especialistas asseveram que modelos de
exploração como atualmente se diagnostica em alguns sítios mundiais onde se
estabeleceram relações capitalistas em tempo tardio não se mostram sustentáveis
em prazos maiores ou mais longos, como os exemplos dos países citados.
Como se ressaltou, ocorre
hoje uma precarização do emprego, principalmente de profissões clássicas e mais
bem qualificadas e ao mesmo tempo ocorre uma revalorização de trabalhos simples
que envolvem força e habilidade. Tudo isto vem junto com drásticas modificações
nas concepções de vida, que priorizam descentralização, preservação e
manutenção de recursos, principalmente de origem natural, vida mais equilibrada
e harmônica e padrões de vida que priorizem felicidade existencial sobre
capacidade econômica ou disponibilidade financeira de acumulação de bens ou
mecanismos de aquisição.
Esta realidade que torna
vínculos empregatícios tradicionais em relações instáveis, inseguras ou não
permanentes, ocorre por vários motivos. De um lado o capital não necessita da
colaboração permanente dos indivíduos e por outro lado ocorrem as determinações
individuais que privilegiam outros fatores como satisfação pessoal ou que preferem
correr riscos e buscar otimizar e maximizar a valoração pessoal que as funções
desempenhadas ou a prestação de serviços que se realizam, permite obter dentro
do emaranhado de relações sociais.
Na sociedade cognitiva que se
denomina a sociedade do futuro que se espera ou que se tem expectativa, seja em
grupos atuando em organizações,
ou seja, na
atuação autônoma, as pessoas tendem a realizar suas funções a partir da
compreensão que fazem das situações e não mais por acatação de ordens ou
submissão a valores hierárquicos. Estas modificações são lentas e ocorrem
concomitantemente. Satisfação e sustentabilidade estão muito mais vinculados do
que originalmente se imaginava.
Festas e compartilhamentos
vivenciais, ou momentos de celebração de vida coletivos, quer sejam
celebrativos de datas convencionadas, quer tenham outras motivações de qualquer
natureza, públicos ou privados significam os momentos de maior culminância e
satisfação que se concretizam durante nossa existência. Evidentemente não são a
única razão de viver, mas indiscutivelmente constituem uma das únicas razões de
viver, ou que ao menos trazem maior satisfação e maior sensação prazerosa
permanente.
Todos os eventos e as
efemérides da vida podem e devem ser vivenciadas até a exaustão. O calor de um
dia, o frio de outro, o sol que brilha, a chuva que parece brotar como se fosse
um orgasmo da natureza, as atividades laborais ou as funções exercidas para
sobrevivência, os cheiros que se espalham ao sabor dos ventos, enfim quase tudo
se a gente se encontra disponibilizado para a vida. As pessoas que nos cercam,
ou que convivem conosco ou compartilham outras vivências, os amigos, os
parentes, os vizinhos, nossos mais cândidos afetos que se concretizam ou se
insinuam fortemente.
Seria uma lista gigantesca e
interminável de fatos ou pessoas ou situações a serem citados. (ecodebate)
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