terça-feira, 17 de março de 2015

Sustentabilidade e celebração da vida III

As pessoas em geral estão determinando novas alternativas de vida, otimizando formas de desfrutar do seu tempo livre e eficientizando suas maneiras de determinar rotinas, organizar e equilibrarem suas vidas. Está terminando a carreira inquestionada e desabalada a uma concepção de sucesso que se confunde com capacidade econômica ou capacidade financeira de acumular bens. Isto ocorre lentamente, mas é um movimento sólido, seguro e inexorável que atinge cada vez mais um número maior e mais relevante de indivíduos que em vez de se preocuparem com produto interno bruto ou relação de renda ou bens, coloca em primeiro plano a capacidade de ser feliz, de buscar determinações satisfatórias e momentos prazerosos de forma permanente e cotidiana, exercendo e vivenciando contínuas celebrações de vida.
Evidentemente que este posicionamento de vida ainda não é hegemônico, mas é suficientemente relevante para determinar alterações no mercado de trabalho e para explicar como estatísticas como a do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, anteriormente citada e que pela cossaca dos números não parece correr o risco de materializar um engodo, determina que cerca de 40% da força ativa do país não se encontra engajada em colocações no mercado de trabalho. Porque esta parcela significativa precisa a definição de outras determinantes para sua motivação e certamente não é só um ou dois fatores que explicam esta realidade.
O fator sempre citado decorrente de mão de obra mais barata no sudeste asiático ou na Índia, certamente não é capaz de explicar todas as interpretações e tampouco os avanços de produtividade que permitem maior realização de trabalho por menos indivíduos. Assim como programas sociais assistencialistas ou o emprego de ferramentas de proteção social como aposentadorias ou pensões. Existe também grande quantidade de indivíduos que por necessidade ou opção preferem optar por prestação de trabalho de forma autônoma. Não se esclarece como estas pessoas estão identificadas na maioria dos levantamentos ou determinações. Mas que elas representam quantidades significativas de indivíduos, quanto a isto não há a menor dúvida ou questionamento. Especialistas asseveram que modelos de exploração como atualmente se diagnostica em alguns sítios mundiais onde se estabeleceram relações capitalistas em tempo tardio não se mostram sustentáveis em prazos maiores ou mais longos, como os exemplos dos países citados.
Como se ressaltou, ocorre hoje uma precarização do emprego, principalmente de profissões clássicas e mais bem qualificadas e ao mesmo tempo ocorre uma revalorização de trabalhos simples que envolvem força e habilidade. Tudo isto vem junto com drásticas modificações nas concepções de vida, que priorizam descentralização, preservação e manutenção de recursos, principalmente de origem natural, vida mais equilibrada e harmônica e padrões de vida que priorizem felicidade existencial sobre capacidade econômica ou disponibilidade financeira de acumulação de bens ou mecanismos de aquisição.
Esta realidade que torna vínculos empregatícios tradicionais em relações instáveis, inseguras ou não permanentes, ocorre por vários motivos. De um lado o capital não necessita da colaboração permanente dos indivíduos e por outro lado ocorrem as determinações individuais que privilegiam outros fatores como satisfação pessoal ou que preferem correr riscos e buscar otimizar e maximizar a valoração pessoal que as funções desempenhadas ou a prestação de serviços que se realizam, permite obter dentro do emaranhado de relações sociais.
Na sociedade cognitiva que se denomina a sociedade do futuro que se espera ou que se tem expectativa, seja em grupos atuando em organizações, ou seja, na atuação autônoma, as pessoas tendem a realizar suas funções a partir da compreensão que fazem das situações e não mais por acatação de ordens ou submissão a valores hierárquicos. Estas modificações são lentas e ocorrem concomitantemente. Satisfação e sustentabilidade estão muito mais vinculados do que originalmente se imaginava.
Festas e compartilhamentos vivenciais, ou momentos de celebração de vida coletivos, quer sejam celebrativos de datas convencionadas, quer tenham outras motivações de qualquer natureza, públicos ou privados significam os momentos de maior culminância e satisfação que se concretizam durante nossa existência. Evidentemente não são a única razão de viver, mas indiscutivelmente constituem uma das únicas razões de viver, ou que ao menos trazem maior satisfação e maior sensação prazerosa permanente.
Todos os eventos e as efemérides da vida podem e devem ser vivenciadas até a exaustão. O calor de um dia, o frio de outro, o sol que brilha, a chuva que parece brotar como se fosse um orgasmo da natureza, as atividades laborais ou as funções exercidas para sobrevivência, os cheiros que se espalham ao sabor dos ventos, enfim quase tudo se a gente se encontra disponibilizado para a vida. As pessoas que nos cercam, ou que convivem conosco ou compartilham outras vivências, os amigos, os parentes, os vizinhos, nossos mais cândidos afetos que se concretizam ou se insinuam fortemente.
Seria uma lista gigantesca e interminável de fatos ou pessoas ou situações a serem citados. (ecodebate)

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