Não se pode deixar
influenciar por estados de espírito ou humores passageiros ou situações
circunstanciais. Não se pode desperdiçar a menor oportunidade de celebrar tudo
de bom, belo ou essencial que se passa no cotidiano da vida, quer sejam
situações com a magia das bênçãos da natureza, quer sejam encantamentos
essenciais, quer sejam situações do cotidiano. São estas vivências todas e
estas sensações que vão desfilar eternamente em nossas lembranças. Se pode
resumir, são estas as condições essenciais que materializam a vida e são
permanentemente intangíveis.
Por isto felicidades geradas
por atos ou procedimentos aquisicionais mesmo quando se dirigem a presentear
pessoas de nossas relações só tem sentido quando ganham significados
intransferíveis em contextos específicos e determinados da vida das pessoas, em
geral com as quais se compartilha a vida e se deseja construir momentos de
satisfação, regozijo e prazer desmesurado e intangível.
Sempre é necessário
equilibrar desconfortos gerados durante a vida com permanentes celebrações de
todas as possibilidades que se consegue concretizar ou perenizar, e envolvendo
mais a sensações compartilhadas com indivíduos do que simples acumulações ou
atos equivalentes. Por isso é a gravitação do mundo em torno da
sustentabilidade é quem vai determinar mudanças de paradigma que vão alterar
profundamente a forma de vida.
Assim são atos de
instantaneidade. Necessitam ser maturados e assimilados corretamente para que
sejam compatibilizados com a natureza humana que esta visceralmente vinculada
com o planeta terra, cuja existência remonta uma evolução de quase 5 bilhões de
anos. Interpretar ou associar situações de instantaneidade a contextos de vida
gerados por relações com outros indivíduos ou grupos, exige muito mais do que o
tempo de responder a uma mensagem compartilhada em rede social ou a uma
impressão determinada por um torpedo num celular.
A felicidade efervescente ou
compulsória tem que deixar de ser a mistificação de uma autopoiese determinada
por um sistema que depende de sua continuidade para geração do que considera
círculos de virtuosidade que se fazem necessários para manutenção do “status
quo” de forma mais ou menos automática. Sempre é bom lembrar que nenhum estágio
ou situação é definitiva. Se argumenta exaustivamente que o mundo girando ao
redor da sustentabilidade exigirá nova autopoiese do sistema que determinará
outra situação de equilíbrio. E não vai determinar uma situação tautológica,
isto nunca ocorreu nas autopoieses anteriores decorrentes da evolução da
civilização humana, dentro do sentido e das concepções propostos por Niklas
Luhmann.
Se tem que valorizar
adequadamente a vida tão generosa e todas as pequenas mágicas e bênçãos do
cotidiano, sem qualquer vacilação. Não tem que ser necessária qualquer
efeméride ou sofrimento especifico para determinar qualquer mudança que se faça
valorizar igualmente os grandes e os pequenos eventos satisfatórios e
prazerosos que se adicionam durante a materialização da vida.
Não se acredita que qualquer
forma de sugestionamento possa ser tão relevante para determinar trajetórias de
destinos, mas certamente mobilizar energias para atos de amizade,
compartilhamento, amor ou gratidão, resulta na atração de estados de espírito
compatíveis com estas frequências. Certamente energias que mobilizam ódios, temor,
tristezas, amarguras ou cansaços, acabam atraindo novos estágios desta natureza
ou similares.
É preciso acordar e comemorar
o sol de cada dia como uma celebração. Sentir o sol ou estender a palma da mão
para recolher a água da chuva, sabendo que é assim que a vida está acontecendo.
Todos os sentidos nos
permitem celebrar permanentemente as sensações que o mundo nos proporciona e o
coração, a alma, ou a enteléquia, não importa como a denominamos, nos traz as
sensações que podem ser permanentes de satisfação e prazer ou de ansiedade,
angústia e frustração por situações vivenciadas.
Tantas coisas nos esperam a
cada dia, não é possível se abater ou se prostrar com provações colocadas no
caminho pelo destino, que não é bom nem mau, é apenas destino. Sempre que se
busca obter ou criar situações ou contextos prazerosos, indivíduos fatalistas
de alguma origem que professam a crença que o destino está escrito (maktub) e
não pode ser influenciado pelas ações que se desencadeia tentam induzir ou
influenciar pela não-ação. Passado o primeiro impacto da cultura ocidental que
determina o oposto, que se criam e se determinam contextos ou situações, se
compreende que as trajetórias de vida muitas vezes são determinadas por outras
forças que não somente vontades individuais, por mais férreas que sejam.
O espírito chamado de alma ou
de qualquer denominação que seja, tem que tocar a vida e determinar ao coração
que tudo está disponível. Por mais celulares, tablets ou aparatos tecnológicos
extremamente úteis que nos auxiliem logisticamente a viver a vida, ainda é
certo que o indivíduo humano além de ser sociável e conviver numa trajetória de
civilização, depende de tempo para assimilar os fatos de vida em seus
contextos, e desde sua origem, nos vários estágios autopoiéticos do sistema que
rege a civilização, sempre procurou a felicidade que percebe como máximo
compartilhamento, satisfação e continuidade de sensação prazerosa. Nada mudou
desde o início.
O ser humano em geral, e o
funcionamento dos mercados de todo tipo está aí para comprovar vive muito em
função de expectativas, se diria até que depende mais deste vetor indicativo de
tendência do que propriamente de situações existentes ou consolidadas. Sempre
que algo se solidifica e fica estável, então nada é mais certo do que esta
situação se aperfeiçoar e mudar. Tanto na mesma direção que se insinua como até
mesmo em direções opostas se novos fatores estão se esboçando mas ainda não se
consolidaram completamente. Antever e ver novas realidades antes ou
conjuntamente com outros indivíduos ou grupos é uma característica que
diferencia completamente a atividade do ser humano e, por conseguinte, da
sociedade civilizatória que se desenvolve.
Tanto ou mais do que a
situação que existe, as pessoas tem grande prazer, satisfação felicidade na
possibilidade de se apropriarem de sua capacidade para determinar situações
onde obtenham maior realização existencial. Isto parece ser a celebração máxima
de vida que se pode obter no decorrer da vida.
Por isto é sempre uma
expectativa viver cada dia, se expandir indefinidamente para luminosidades que
só uma pessoa pode sintetizar em sua expansiva capacidade. Sempre que a gente
se sente maximizado, tem aquela indescritível sensação de poder infinito que é
também uma grande celebração de vida. É preciso ter este tempo para destinar a
si próprio e a todos.
Por isto é preciso se ouvir,
determinar as próprias necessidades, sentir a harmonia indescritível de campos
floridos balançando ao vento como se fossem coreografias de sincronização de
vida, e celebrar com mansidão e paciência todas as magias e bênçãos da vida
materializada que é a trajetória de cada um. (ecodebate)
* Leiam, ainda, os artigos
anteriores desta série: Sustentabilidade
e celebração da vida I; Sustentabilidade
e celebração da vida II; Sustentabilidade
e celebração da vida III
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