Estado
fecha convênio para recuperar 20 mil hectares em área de mananciais
Parceria com a ONG TNC
foca em quem desmata áreas prioritárias para ajudar na produção de água nas
margens da Represa Ponte Nova, do Alto Tietê, e dos Rios Jaguari, Cachoeira e
Atibainha, no Cantareira; captação de valores seria de até R$ 300 mi.
Um
convênio de cooperação entre o governo paulista e uma ONG internacional prevê
captar até R$ 300 milhões de compensações ambientais devidas por empresas e
produtores rurais para recuperar até 20 mil hectares de áreas degradadas nas
regiões onde ficam as represas dos Sistemas Cantareira e Alto Tietê. Os dois
maiores mananciais que abastecem a Grande São Paulo atravessam grave crise de
escassez hídrica, provocada, entre outros motivos, pelo desmatamento de matas
ciliares.
A
parceria assinada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Estado com a ONG
The Nature Conservancy (TNC) vai concentrar a recuperação ambiental obrigatória
para quem desmata em áreas consideradas prioritárias para ajudar na produção de
água dos mananciais, como nas margens da Represa Ponte Nova, em Salesópolis, do
Alto Tietê, e dos Rios Jaguari, Cachoeira e Atibainha, que abastecem os
reservatórios do Cantareira. As áreas a serem recuperadas foram mapeadas pelo
governo e por comitês das bacias hidrográficas.
No
terceiro ano da maior estiagem já registrada no interior paulista desde 1890, o
mais importante rio da Bacia do Piracicaba, que tem profundidade média no verão
de 3,2 metros, está agora em 24 centímetros perto de sua foz, em Cosmópolis.
Em 26/02
o nível do sistema que ainda abastece 6,5 milhões de pessoas só na Grande São
Paulo subiu para 11,1% da capacidade, com as chuvas de quarta, considerando
duas cotas da reserva profunda das represas. Já o nível do Alto Tietê ficou
estável em 18,3%. Ambos são os índices mais baixos da história para esta época,
perto do fim do período chuvoso.
Para
o especialista em recursos hídricos da TNC, Samuel Barrêto, a parceria “é uma
das mais importantes iniciativas de restauração de mananciais já realizadas no
Brasil” pelo tamanho da área que será recuperada, equivalente a 20 mil campos
de futebol. “Vamos canalizar as medidas de compensação ambiental nas áreas
prioritárias. Vamos ajudar o governo a identificar produtores rurais
interessados em aderir ao projeto, de forma a criar um banco de propriedades
disponíveis para receber a compensação ambiental”, afirma. Segundo ele, seria
necessário plantar cerca de 40 milhões de árvores.
Apesar
da dimensão do projeto, a área mapeada representa apenas 5% dos cerca de 400
mil hectares de mata nativa suprimida nas regiões do Cantareira e do Alto
Tietê, cerca de 79% do total, segundo a ONG SOS Mata Atlântica. Barrêto ressalta,
porém, que em todo o País o total de áreas restauradas não ultrapassa 150 mil
hectares.
Segundo
ele, a recuperação de apenas 3% das áreas desmatadas em pontos críticos -
aproximadamente 14 mil hectares - seria suficiente para reduzir o assoreamento
de rios e nascentes em até 50%. “Essa recuperação de mananciais vai aumentar a
vida útil deles.”
Cadastro.
O diretor do Centro de Restauração Ecológica da Secretaria do Meio Ambiente,
Rafael Chaves, destaca que, além da recuperação de áreas essenciais nos
mananciais usados para abastecimento público, o programa pretende reduzir o
passivo de compensação ambiental no Estado. “Para isso é muito importante que
os proprietários rurais façam a adesão ao Cadastro Ambiental Rural (CAR)
obrigatório, cujo prazo termina em maio. Com todos os produtores cadastrados
teremos um diagnóstico mais preciso de quais ações teremos de fazer e quantas
mudas plantar.” (OESP)
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