70% do nosso corpo e água e reflete a condição
do nosso planeta. O oxigênio que respiramos compõe a sua fórmula H 2O.
Líquido da vida. Estar perto dela nos acalma. Um banho nos limpa e fortalece.
Se ela é usada limpa nos alimenta, hidrata e nos cura melhorado o funcionamento
dos nossos órgãos. Se usada impura nos adoece e nos mata. É bela de se ver,
agradável no contato, encanta quando despenca em cascatas e, quando pulsa no
mar, sincroniza nossos corações. Não enfrenta obstáculos. Contorna-os, se
contém guardando energia. Gera vida e riquezas.
Toda atividade humana um dia dependeu dela e a
usou. E como a tratamos? Nossa forma de civilização cresceu em seu entorno nas
margens de rios, lagoa e mares. No deserto a chamamos de oásis, quase paraíso.
Mas nas cidades e na moderna civilização chamamos de tempo ruim o dia que
ameaça chuva e no campo dia bom para chover, pois será garantia de alimento. Na
cidade tomamos especialista em expulsá-la com sistemas eficazes de drenagem
para nos ver livre dela, com impermeabilização da terra e a supressão de toda a
vegetação amiga da água lhe permitindo a sua infiltração.
Nos cursos d’água jogamos dejetos, nossos
dejetos e achamos normal fazer isso e dizemos que a água tem capacidade de
depuração. Até legislamos sobre isso oficializando o absurdo e depois gastamos
milhões para limpá-la para seus múltiplos uso e torná-la potável para matar a
nossa sede. Quando a água fica degradada pela imundície que nela jogamos a
tamponamos privilegiando o espaço para carros de 5 lugares e usados por um e
damos o hipócrita nome de avenida sanitária ao invés de recuperar o curso
d’água. Ação que seria lógica. Aterramos suas margens e nela construímos e
depois clamamos a algum deus piedade com os danos das enchentes. A indústria
juntou-se aos governos e especializaram em socializar os custos ao permitir o
uso da água a favor da produção e privilegiando o lucro e o pouco cuidado com o
bem nele jogando os efluentes seja diretamente ou pelas chaminés que antes de
chegar ao rio nos destrói pelo ar.
Este é o modelo predatório que adotamos para
gerir a natureza. Desvestimos as matas, roupas da terra, exterminamos os seres
nossos parceiros planetários e desconhecemos seus serviços ambientais.
Contaminamos o líquido da vida e o ambiente e falamos que é desenvolvimento,
esquecidos que as ações no nosso pequeno planeta provocam reações em cadeia.
Discutimos metros de margens de rios e nascente drenando os mananciais
desrespeitando o natural e criando o atual colapso hídrico. Colapso hídrico
significa colapso de todo um sistema: a geração de energia, a produção
industrial e de alimentos seguem a crise da água.
Extinções em massa serão inevitáveis, pois a
vida em todas as suas formas dependem da água. Que será dos peixes sem ela. E
eles também são fonte de alimentos e os estamos matando.
Ainda há tempo. A crise pode ser o momento de
mudança de mentalidade civilizatória, da forma de agir em relação à natureza e
à vida. É necessário adoção e priorização de políticas de conservação. E
recuperação ambiental.
Isto é caro, mas mais barato do que retificar
rios e criar piscinões. É necessário valorizar os serviços ambientais e criar
políticas que valoriza a conservação e pagar preços justos de mercado aos
produtores de água. É urgente que as grandes construções tenham captação e
reservação das águas de chuva. Renaturalizar rios, proteger nascentes e
mananciais. Melhorar a qualidade do uso com parcimônia e cuidado. Reprender a
lida com a água e o ambiente. Pensar melhor na hora de autorizar desmatamentos
e parcelamentos do solo. Atendendo apenas a fúria dos lucros imobiliários.
Tirar os cimentos dos quintais, adotar sistemas e hábitos de economia da agua.
Na indústria o reuso deve ser primordial e a devolução da agua em qualidade
usável pela biota. Parar de contaminar o solo e os alimentos e as águas com
agroquímicos em quantidades abusivas. Repensar a produção do lixo e dar
destinação adequada priorizando a recuperação da matéria prima, ou seja,
reciclar. Repensar o transporte priorizando o coletivo. Priorizar a o coletivo
e não o privilégio.
Ter política pela população e não pelo poder.
São muitas as soluções e as conhecemos, é só ter vontade de fazer. (ecodebate)
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