Todo país que passa pela transição
demográfica experimenta uma mudança da estrutura etária. Num primeiro momento a
redução das taxas de mortalidade infantil aumenta a base da pirâmide de idade e
sexo (homens no lado esquerdo e mulheres no lado direito). Nos momentos
seguintes, a queda da taxa de fecundidade reduz a base da pirâmide e aumenta a
parte central, onde estão as pessoas em idade de trabalhar. No longo prazo, a
conjugação da queda da fecundidade com o aumento da esperança de vida faz
crescer a população idosa, localizada no topo da pirâmide.
O Brasil vem passando por uma
transição da estrutura etária. Mas esta transição não ocorre de maneira
uniforme entre as “classes” sociais. Considerando os diferentes níveis de
renda, as mudanças na pirâmide populacional ocorrem de maneira diacrônica.
Como a transição da fecundidade foi liderada
pelas camadas de mais alta renda e maiores níveis educacional, a pirâmide da
“classe” de maior posição de renda começou a mudar há mais de 50 anos. As
classes médias seguiram o mesmo caminho com certo lapso de tempo.
As “classes sociais” mais pobres,
abarcando a população coberta pelo Programa Bolsa Família, iniciaram o processo
de declínio da fecundidade com certo atraso e só apresentaram uma redução da
natalidade na primeira década do século XXI. Ou seja, na última década,
diminuiu o número absoluto de nascimentos de crianças morando em domicílios com
renda per capita menor de R$ 70,00 (valor de 2010).
A redução da base da pirâmide é um
fato positivo, pois com a mesma quantidade de recursos, o Estado brasileiro
pode melhorar as condições de saúde e educação das crianças brasileiras. O
Brasil tem vivido uma janela de oportunidade demográfica que começou
favorecendo as camadas sociais de maior renda e educação. Agora a janela está
aberta também para a população mais pobre.
O Brasil não poderia desperdiçar esta
situação favorável, pois no futuro vai haver um processo de envelhecimento da
população e a razão de dependência demográfica vai voltar a crescer. A crise
econômica atual ameaça o bônus demográfico. Assim, o momento para erradicar a
pobreza e avançar com os direitos de cidadania é agora. As vindouras gerações
ficarão agradecidas se a população brasileira atual souber melhorar as
condições atuais e garantir uma vida cada melhor no futuro. (ecodebate)
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