Método da Sabesp de tratar
água durante a crise não atinge meta.
Previsão é de que produção do
Sistema Rio Grande chegasse a 5,5 mil l/s com membranas ultrafiltrantes, mas
alcançou 5,1 mil l/s.
Contratada de forma emergencial por R$ 26,5 milhões há um
ano, a instalação de membranas ultrafiltrantes para ampliar a produção de água
potável durante a crise hídrica não atingiu 40% da capacidade de tratamento
anunciada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp)
no Sistema Rio Grande, braço da Represa Billings.
Em setembro de 2014, a Sabesp anunciou que as membranas
aumentariam a produção da Estação de Tratamento de Água (ETA) Rio Grande, em
São Bernardo do Campo, de 5 mil para 5,5 mil litros por segundo, o que seria
suficiente para abastecer ao menos 150 mil pessoas que eram atendidas pelos
Sistemas Cantareira e Alto Tietê, que já se encontravam em situação crítica.
Em 08/06 o governador Geraldo Alckmin (PSDB) visitou as obras de
ampliação da Estação de Tratamento de Água do Alto da Boa Vista, do Sistema
Guarapiranga
Os boletins diários divulgados pela Sabesp sobre a operação
dos mananciais que abastecem a Grande São Paulo mostram, contudo, que, mesmo
após a instalação das membranas, a produção média do Rio Grande não passou de
5.160 l/s entre janeiro e junho deste ano, quando a crise se agravou, embora o
nível da represa tenha chegado próximo de 100% da capacidade em março.
Segundo a Sabesp, os equipamentos contam com reatores
biológicos capazes de remover partículas sólidas com diâmetro mil vezes menor
que um fio de cabelo, um processo de tratamento mais rápido que o método
convencional. A instalação foi feita pela empresa Xylem Brasil Soluções para
Água Ltda., em três meses, em uma área de 400 metros quadrados no pátio de
manobra da ETA.
O contrato foi assinado em junho de 2014 sem licitação, e
contestado por um relatório de fiscalização do Tribunal de Contas do Estado
(TCE). Para fiscais do órgão, a emergência alegada pela Sabesp “deu-se por
inércia da administração, que não demonstrou planejamento e celeridade
convenientes para instaurar, em tempo hábil, o certame licitatório”.
Em nota, a Sabesp informou que “as membranas estão em pleno
funcionamento, produzindo 500 l/s e não há problemas na instalação”. Segundo a
empresa, “as variações de produção se devem a decisões de gerenciamento do
sistema integrado” e a “ampliação da produção garante ainda o abastecimento
para o futuro, conforme o aumento da demanda na região”. Procurada, a Xylem não
se manifestou.
Guarapiranga
Em 08/09 o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou a
instalação de novas membranas ultrafiltrantes na ETA Alto da Boa Vista, do
Sistema Guarapiranga. O objetivo é ampliar em 1 mil litros por segundo a
produção de água no local até o mês que vem, para diminuir ainda mais a
dependência do Cantareira. O investimento é de R$ 41,5 milhões, também sem
licitação.
No fim de 2014, a Sabesp já havia concluído a instalação das primeiras
membranas na Guarapiranga, o que possibilitou o aumento da produção de 14 mil
para próximo de 15 mil l/s e o socorro a bairros atendidos pelo Cantareira. Nos
dois casos, a instalação foi feita pela empresa Centroprojekt. “É um processo
de filtração rigorosíssimo. A água já sai limpa e diminui o tratamento
químico”, disse Alckmin. (OESP)
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