“Se no dia em que o mar
enlouquecer/ O dia em que o sol se esconder / O dia em que a chuva não conter /
O choro que caí, pra te dizer/ Que acabou o mundo e não sobrou mais nada /Sujou
a sua terra / Poluiu a água / E não há uma chance de sobreviver [...]”. Música:
Lixo no lixo – Falamansa.
Em2011 o Brasil
tornou-se o terceiro maior mercado consumidor de computadores do mundo, com
15,4 milhões de máquinas vendidas (dados da Consultoria IDC Brasil), atrás somente
dos Estados Unidos e da China. Essa é só uma das informações que revela o
quanto esses aparelhos eletrônicos estão cada vez mais presentes nas nossas
vidas e corrobora a ideia de que, nos dias de hoje, nosso bem-estar depende
deles. Toda essa tecnologia traz inegáveis benefícios, mas o problema sério do
descarte desses aparelhos, denominado lixo eletrônico, ainda é pouco discutido.
O tema é de relevância
global. Segundo a Organização das Nações Unidas, no mundo são gerados 50
milhões de toneladas de lixo eletrônico por ano, e sua produção cresce numa
taxa três vezes maior que a do lixo convencional. O problema é maior nos países
em desenvolvimento, onde grande parte desses resíduos não tem destinação
adequada.
A ONU informa que o Brasil é
campeão mundial no quesito geração de lixo eletrônico por habitante: meio quilo
por ano. No total, é aproximadamente um milhão de toneladas de resíduos
compostos por celulares, televisores, computadores, geladeiras, pilhas e
baterias, entre outros que, se descartados de forma incorreta, provocam sérios
danos à saúde e ao meio ambiente.
O GREENPEACE alerta que esses
aparelhos possuem uma gama de elementos tóxicos, entre os quais se destacam o
chumbo, o mercúrio e o cádmio. Quando jogados em lixões a céu aberto, podem atingir
o solo e o lençol freático, contaminando a água, os alimentos e os animais que
consumimos. Se queimados, poluem o ar, também nos afetando. No corpo humano,
têm a característica de se acumular com o tempo, podendo causar uma série de
distúrbios, desde danos no cérebro, rins, pulmões e fígado, até envenenamento e
câncer.
A solução para o problema do
lixo eletrônico, segundo a maioria dos especialistas, é a coleta e posterior
reciclagem, em ação envolvendo o poder público, o setor privado e o consumidor.
O setor público deve promover
sua parte com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), com base na Lei
12.305/10. Com expectativa de ser cumprida até 2014, essa lei destaca a ideia
da logística reversa: um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a
viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial,
para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra
destinação final ambientalmente adequada. A responsabilidade é compartilhada
entre os fabricantes, distribuidores, consumidores e os titulares de serviço
público de limpeza urbana para minimizar o volume de resíduos sólidos e
rejeitos gerados.
Às empresas privadas cabe
implantar uma ampla política de gestão de resíduos e, além disso, criar diversos
canais de fácil acesso ao consumidor que desejar informações sobre essa
política. Devem ter o compromisso de desenvolver tecnologia que permita a
reinserção do material recolhido e reciclado na produção de novos equipamentos,
minimizando assim a exploração de matéria-prima virgem.
Cabe lembrar que nenhuma
dessas iniciativas daria certo sem a colaboração dos consumidores. Munidos de
informações, devem praticar o consumo consciente e procurar aumentar ao máximo
a vida útil de seus aparelhos eletrônicos, para só então encaminhá-los ao
processo de reciclagem. Também é necessário cobrar os fabricantes de
eletrônicos sobre quais políticas de recolhimento e gestão de resíduos adota.
Portanto, pode-se dizer que o
descarte inadequado de lixo de eletrônico é um grave problema ambiental e de
saúde e que o melhor modo de atenuar seus efeitos é a coleta dos resíduos e sua
posterior reciclagem. Para isso, é necessária uma ação conjunta entre o setor
público, os fabricantes e, sobretudo, os consumidores. Se cada segmento fizer
seu papel, poderemos cada vez mais usufruir dos benefícios da tecnologia, sem
agredir nosso planeta e a nós mesmos. (paginasustentavel)
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