Limitar o aquecimento do
planeta a 2ºC ainda é possível, graças aos compromissos apresentados por 146
países para a reunião de cúpula de Paris, mas são necessários esforços
adicionais.
Este veredito da ONU é
lançado a um mês do pontapé inicial da conferência do clima em Paris, onde se
espera a assinatura do primeiro acordo envolvendo todos os países na luta
contra o aquecimento.
O mundo tem apresentado esforços sem precedentes na
luta contra o aquecimento global, mas serão necessárias políticas ainda mais
proativas nos próximos anos para alcançar o objetivo de limitar o aumento dos
termômetros em 2°C, advertiram as Nações Unidas.
"Um
esforço global sem precedentes está em andamento" e permite considerar que
será possível manter o nível de 2°C, afirma um relatório publicado em Berlim,
que analisa os objetivos de redução das emissões de gases do efeito estufa
anunciados por 146 países em 01/10/15 (86% das emissões globais).
Segundo
a ONU, "as reduções das emissões de gases do efeito estufa deverão ser
muito mais importantes" nos próximos anos para ficar sob esse limite.
Este
veredito da ONU é lançado a um mês do pontapé inicial da conferência do clima
em Paris, onde se espera a assinatura do primeiro acordo envolvendo todos os
países na luta contra o aquecimento global.
"Este
relatório mostra que as contribuições nacionais permitem mudar a situação e nos
distanciar do pior, de um aquecimento de 4-5ºC ou mais", comentou o
ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius.
O
ministro, que será o futuro presidente da COP21, lembra que, segundo os
especialistas, os compromissos atuais "nos colocam em uma trajetória entre
2,7º e 3ºC".
Neste
sentido, ecoando uma estimativa recente do grupo Carbon Action Tracker (CAT),
as Nações Unidas estimam que os compromissos nacionais "têm a capacidade
de limitar a 2,7°C o aumento da temperatura".
"Isso
não é de forma alguma suficiente", porque ainda é sinônimo de grandes
mudanças climáticas, "mas muito menos perigoso do que os 4 ou 5º C ou mais
de aquecimento projetados por muitos compromissos anteriores", afirma
Christina Figueres, secretária-geral da Convenção do Clima da ONU, em
comunicado.
"O
caminho não pode ser negligenciado", considerou o pesquisador Jean Jouzel,
ex-vice-presidente do Grupo Intergovernamental sobre a Evolução do Clima
(IPCC).
Desastre
a 3ºC
"Se
os compromissos são um passo na direção certa, eles nos levam a um desastre de
4ºC ou 3°C", ironizou a ONG Oxfam.
Jennifer
Morgan do World Ressources Institute de Washington ressalta que o número de
países determinados a implementar modelos energéticos com reduzida emissão de
CO2 é um sinal de que "o contexto mudou desde Copenhague, em
2009", quando a comunidade internacional falhou em selar um acordo global
para lutar contra o aquecimento global.
A
temperatura média global aumentou 0,8°C desde a era pré-industrial. Este
aquecimento, cuja velocidade é sem precedentes, ameaça muitas espécies e é a
causa de eventos climáticos extremos mais frequentes. Também acelera o processo
de derretimento de geleiras, causando a elevação do nível do mar.
As
emissões de gases do efeito estufa produzidas pelas atividades humanas,
principalmente da queima de combustíveis fósseis, estão causando um aumento
acelerado das temperaturas.
O
IPCC calcula que não o mundo não deve emitir mais de 1.000 gigatoneladas de CO2,
para que tenha uma boa chance de atingir a meta de 2°C.
Este
é o "orçamento de carbono" da humanidade.
Com
os compromissos atuais, 72-75% deste "orçamento" terão sido
consumidos até 2030 porque, segundo projeções da ONU, as emissões cumulativas
atingiriam cerca de 540 gigatoneladas em 2025 e 748 gigatoneladas em 2030.
Os
principais países emissores são a China (25%), os Estados Unidos (15%), além da
União Europeia (10%), Índia (6%) e Rússia (5%).
"Os
países terão de acelerar os seus esforços após a conferência de Paris",
avisou Jennifer Morgan, argumentando em favor de um mecanismo de revisão dos
compromissos.
Esse
mecanismo faz parte das várias opções incluídas no projeto de texto que será
apresentado aos negociadores em Paris-Le Bourget.
"A
reunião pré-COP que ocorrerá entre os dias 8 e 10 de novembro em Paris, reunirá
cerca de 80 ministros para discutir todos os grandes pontos do acordo, e deverá
permitir progressos sobre estas questões centrais", comentou Laurent
Fabius. (yahoo)
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