Transportes estão comprometidos em reduzir emissão de gases, diz Viegas
Os
transportes são considerados um dos vilões, mas avanços significativos em todas
as frentes visam reduzir as emissões de gases de efeito estufa do setor, disse
o secretário-geral do Fórum Internacional do Transporte, José Viegas, em Paris,
durante a 21ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (COP21).
José
Viegas ressaltou que se os transportes têm sido os vilões é porque são o único
setor que tem que carregar a fonte de energia com ele. Mas, segundo o
secretário, há, neste momento, a consciência de que, para além da inovação na
tecnologia de tração dos veículos, há muitas outras coisas que podem ser feitas
para reduzir as emissões de carbono, como os aumentos de eficiência na ocupação
dos veículos e na organização do transporte.
"Há
razões objetivas para que nos transportes o arranque da luta contra as emissões
tenha sido mais tardio, mais difícil. Mas há neste momento um consenso muito
forte de que é preciso fazer qualquer coisa, e várias iniciativas estão em
andamento, em paralelo, em diferentes lugares do mundo. Há vários progressos
significativos em todas as frentes", afirmou o representante do Fórum, que
integra a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
Viegas
esteve ontem na COP21, em um painel sobre transporte sustentável, no qual foram
anunciadas algumas medidas para reduzir as emissões no setor, como a Iniciativa
Global para a Economia de Combustível.
"O
conjunto da indústria – pressionado pelos cidadãos, pelas organizações
não-governamentais, e também por nós, que fazemos parte dessa iniciativa –
aceita que é possível ter, no ano 2050, toda a frota rodoviária consumindo 50%
do que consumia em 2010. Há uma curva provável de redução de consumo de energia
e de emissões nos motores de combustível", afirmou.
Outro
projeto apresentado foi o MobiliseYourCity que pretende desenvolver planos de
mobilidade urbana sustentável em 100 cidades e 20 países em desenvolvimento até
2020.
Por
sua vez, o Fórum Internacional do Transporte também trouxe à COP21 algumas
contribuições para ajudar a definir políticas de transportes que reduzam as
emissões de carbono, nomeadamente no domínio da mobilidade urbana, com soluções
partilhadas, ainda que haja impedimentos legais para o avanço das medidas.
“Temos
trabalhado muito no Fórum uma coisa que, para simplificar, se pode chamar de
táxis partilhados: acaba o congestionamento, reduz 30% das
emissões e pagando, cada passageiro, cerca de um terço do que paga hoje pela
mesma distância num táxi. Há soluções. Só tem um pequeno inconveniente: hoje em
dia, em todos os países europeus, o táxi partilhado é ilegal", destacou.
Do
lado do transporte de cargas, José Viegas defende "a responsabilidade
solidária das emissões ao longo de toda a cadeia de valor" e "não só
para a parte marítima ou ferroviária", criticando as ferrovias na Europa
que "tem deixado de lado o transporte de mercadorias".
"O
que é que as ferrovias estão fazendo nos últimos anos na Europa? Orientando-se
cada vez mais para o que eles chamam de transporte de comboio completo. Se a
ferrovia diz: eu só aceito encomendas de pelo menos 40 contêineres, porque é
isso que me faz um comboio completo, eu mando o meu conteiner de
caminhão", continuou, explicando que isso "empurra muitos motoristas
a fazerem mais quilômetros em caminhões", concluiu. (agenciabrasil)
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