COP21: Brasil subscreve acordo para diminuir emissões em Paris e
internamente continua a investir em fósseis
Enquanto
pessoas do mundo todo exigem dos líderes mundiais que diminuam os investimentos
em combustíveis fósseis e forçam um acordo que limite o aumento da temperatura
a 1,5ºC até 2100, o Brasil, signatário do texto final da COP21, continua a dar
sinais que não mudará sua matriz energética.
Sob
protesto de integrantes da Coalizão Não Fracking Brasil, a Agência Nacional de
Petróleo e Gás Natural (ANP) realizou no Rio de Janeiro a segunda etapa
da 13ª Rodada de Licitações – Acumulações Marginais –
para exploração de hidrocarbonetos.
Pela
terceira vez em menos de dois anos, o governo brasileiro vem estimulando
investimentos em combustíveis fósseis ao leiloar campos para a exploração não
convencional de petróleo e gás de xisto, muitas vezes travestida de gás
convencional.
Representantes
da organização climática 350.org Brasil, Fundação Arayara Cooperlivre
e COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil – estiveram na sede da agência e protestaram contra
mais uma tentativa do governo brasileiro em abrir as portas para o fraturamento
hidráulico, ou fracking.
Tecnologia
minerária altamente poluente e contaminante para exploração não convencional de
gás de xisto, o fracking coloca em risco as reservas de água de superfície e
dos aquíferos, a produção agrícola e a saúde dos brasileiros. Mais uma vez a
ANP agiu sem transparência e sem consultar a sociedade civil, setor produtivo e
os próprios administradores públicos municipais.
“Enquanto
a Conferência pelo Clima organizada pela ONU fecha um acordo entre 195 países
em Paris, com o Brasil atuando na mediação de grupos de trabalho para acelerar
um acordo vinculante para diminuir as emissões, internamente sinaliza a
continuação de investimentos em combustíveis fósseis”, lamentou a diretora da
350. org Brasil , Nicole Figueiredo de Oliveira, parceira da COESUS na
campanha contra o fraturamento hidráulico.
“A
presidente da ANP (Magda Chambriand) disse em discurso que quer que as pequenas
empresas experimentem e gostem do petróleo. Não dá para confiar numa palavra de
quem fala uma coisa e faz outra”, afirmou Nicole.
Para
a diretora, se o Brasil utilizar o fraturamento hidráulico saltará da posição
de 5º maior emissor, ficando na lista de um dos maiores contribuintes paras
mudanças climáticas, podendo dobrar sua contribuição individual. “O Fracking
emite metano, gás altamente mais potente para o efeito estufa que o CO2.
Não é possível falar em diminuir a temperatura do planeta com fracking: Não
sobreviveremos!”
Fracking
e seus impactos
Já
para o coordenador nacional da COESUS, Dr. Eng. Juliano Bueno de Araujo, não há
garantias de que as empresas vencedoras deste certame não farão fracking ao
encontrarem condições para exploração de gás não convencional, que somente pode
ser extraído do subsolo pelo método fracking. “Portanto, essa concessão oferece
riscos reais de termos a exploração não convencional no país já que é óbvio que
as empresas maximizarão e ampliar a produção”, alertou Juliano.
Inúmeros estudos internacionais realizados pelas mais conceituadas universidades e centros de pesquisa como MIT, Cornell, Harvard e outras comprovam os impactos ambientais, econômicos e sociais provocados pelo fraturamento hidráulico, todos irreversíveis e nocivos a todas as formas de vida.
Inúmeros estudos internacionais realizados pelas mais conceituadas universidades e centros de pesquisa como MIT, Cornell, Harvard e outras comprovam os impactos ambientais, econômicos e sociais provocados pelo fraturamento hidráulico, todos irreversíveis e nocivos a todas as formas de vida.
Riscos
em números
Segundo
informou a ANP, a segunda etapa da 13ª Rodada de Licitações – Acumulações
Marginais, arrecadou R$ 4.248.201,00 em bônus de assinatura, com um ágio médio
de 623,88%. Além do bônus, estão previstos investimentos de R$ 7.910.000,00 nas
áreas arrematadas.
A
licitação ofereceu dez áreas inativas com acumulações marginais, das quais nove
foram adquiridas pelas empresas. No total, foi arrematada uma área de 52,41
km². Quatorze empresas fizeram ofertas, sendo nove vencedoras.
O
maior bônus de assinatura foi de R$ 2.577.700,00, oferecido pela empresa EPG Brasil para a área Barra Bonita, na bacia do
Paraná. O maior ágio, da mesma área, foi de 3.002,07%.
Copel
sofre derrota
No
caso do Paraná, a Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel) foi a
empresa habilitada pela ANP a participar desta segunda etapa de leilões. Área
mais disputada com cinco ofertas, a Copel acabou derrotada em sua proposta de
adquirir o campo de Barra Bonita, na região Central, que é vizinho de uma
das áreas nas quais ela já tem participação.
Segundo
o jornal Gazeta do Povo, o campo de Barra Bonita foi descoberto em
1996, mas nunca produziu. Ele pertencia à Petrobras, que não enxergou
viabilidade em sua exploração e devolveu a concessão à União em 2013, com dois
poços prontos para serem operados.
Mesmo
reconhecendo a necessidade de uma transição para energias renováveis e
assim conter as mudanças climáticas, o diretor para negócios da Copel,
Jonel Nazareno Iurk, admitiu a membros da Coalizão Não Fracking Brasil que
a empresa não tem um plano de transição. Seguimos pressionando e esperando que
a Copel apresente um cronograma de negócio para termos no Estado do Paraná
100% renovável até 2025.
Em
2013, a Copel, associada a outras empresas, arrematou quatro blocos para
exploração não convencional de gás de xisto (fracking). Por força de uma
liminar, provocada pela COESUS e obtida pelo Ministério Público Federal, foram
suspensos os efeitos do leilão devido aos riscos que a tecnologia minerária oferece
ao ambiente. Desde Junho de 2014, a companhia e suas parceiras não podem
fraturar numa das regiões mais produtivas do Estado, especialmente na cidade de
Toledo, 1º PIB agropecuário do Paraná. (ecodebate)
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