OMS revela tamanho do impacto
que a mudança climática poderá provocar na saúde dos brasileiros
Em
parceria com o Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança
Climática (UNFCCC) e vários parceiros, a agência da ONU trabalhou com o
Ministério da Saúde do Brasil para elaborar o perfil do país, que apresenta
evidências na correlação entre aquecimento global e saúde.
Brasileiros
se protegem do sol forte e altas temperaturas em Brasília.
Há
agora um vasto conjunto de evidências de que as ações humanas, principalmente a
queima de combustíveis fósseis, causaram mudanças significativas no sistema
climático. “Nosso planeta está perdendo sua capacidade de sustentar a vida
humana com boa saúde”, disse a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS),
Margaret Chan. “A melhor defesa é a mesma que nos protegerá de surtos de
doenças infecciosas e da crescente carga de doenças não transmissíveis:
sistemas de saúde fortes, flexíveis e resilientes.”
Segundo
o Perfil de País Climático e de Saúde 2015 da OMS, divulgado nesta
segunda-feira (30) a menos que consideráveis medidas protetoras sejam tomadas,
inundações causadas pelo aumento do nível do mar poderão afetar mais de 618 mil
brasileiros todos os anos durante o período de 2070 a 2100. Estima-se que
mortes associadas ao aumento da temperatura em idosos (acima de 65 anos)
crescerão para quase 72 mortes por 100 mil habitantes em 2080, comparado com 1
por 100 mil ao ano, de 1961 a 1990.
A
OMS, em parceria com o Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança Climática (UNFCCC) e vários parceiros, trabalhou com o Ministério da
Saúde do Brasil para elaborar o perfil do país, que apresenta evidências na
correlação entre mudança climática e saúde, assim como as oportunidades que o
Brasil poderia aproveitar para melhorar a saúde enquanto reduz as emissões de
gás de efeito estufa.
“O
perfil é importante para ajudar o país a proteger a saúde de suas populações
frente às mudanças climáticas, pois apresenta orientações para conter as
ameaças e seus potenciais riscos à saúde”, afirmou o representante da
Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no
Brasil, Joaquín Molina.
Ações-chave
para o Brasil
Enquanto
o governo do Brasil já está tomando iniciativas substanciais para implementar
programas de adaptação à saúde e desenvolver capacidade técnica para atuar em
mudanças climáticas e saúde, o perfil do país identifica oportunidades
adicionais para ações.
A
OMS recomenda que o país amplie atividades para aumentar a resiliência
climática da infraestrutura de saúde e desenvolva uma estratégia nacional para
a mitigação das mudanças climáticas que considere suas implicações para a
saúde.
Isto
deve orientar as medidas protetoras. Por exemplo, se o país fortalecesse as
medidas contra o aumento do nível do mar e a inundação costeira, o número de
pessoas afetadas poderia se limitar a 3.200 pessoas por ano. A melhoria da
vigilância e resposta a doenças poderia fornecer proteção eficaz contra o risco
de doenças, como malária, mesmo com o aquecimento climático.
No
Brasil, 5% das 336 mil mortes por doença isquêmica do coração, acidente
vascular cerebral, câncer de pulmão, doença pulmonar obstrutiva crônica (em
pessoas de 18 anos ou mais) e baixas infecções respiratórias agudas (em menores
de 5 anos) são atribuíveis à poluição do ar doméstico.
Esses
riscos podem ser evitados por domicílios que usam combustíveis mais limpos ou
tecnologias mais eficazes para cozinhar, aquecer e iluminar – o que também
reduz suas contribuições para as mudanças climáticas. Outros benefícios são a
redução de custos para os sistemas de saúde e a melhoria da produtividade
econômica com uma força de trabalho mais saudável e produtiva.
Entre
as medidas-chave que o Brasil já tomou estão: assinatura da UNFCCC em 1992 e
ratificação do Protocolo de Kyoto em 2002, além da instituição da Política
Nacional sobre Mudança do Clima em 2009 e do Fundo Nacional sobre Mudança do
Clima em 2010. (ecodebate)
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