COP21
reconhece o poder da natureza para enfrentar mudanças climáticas
Importância
das florestas para mitigar as mudanças climáticas é incluída no texto final.
Acordo deixa espaço para o compromisso de manter o aquecimento atual em 1,5ºC.
O
novo Acordo Global do Clima firmado em 12/12/15 na COP21, em Paris, servirá de
base para que todas as nações controlem o aumento da temperatura global em, no
máximo, 2°C, com a possibilidade de limitá-lo a 1,5° C. Embora ainda reste
muito trabalho pela frente, o acordo representa a única e mais importante ação
coletiva já tomada com o objetivo de enfrentar e prevenir os impactos causados
pela a mudança climática. É o que acredita a Conservação Internacional,
organização ambiental com projetos no Brasil e em mais de 30 países.
Segundo
Rodrigo Medeiros, vice-presidente da Conservação Internacional no Brasil,
embora o novo acordo firmado ainda não seja perfeito, ele supera o ceticismo e
a incredulidade que pairava sobre Paris no início da COP21. “Todos os países
que aderiram estão agora oficialmente convidados a assinar um novo texto a
partir de 22/04/16, em cerimônia que deve ser realizada na sede das Nações
Unidas, em Nova York. O Brasil, cuja contribuição na redução das emissões foi
bem recebida internacionalmente, agora tem a grande oportunidade de se
beneficiar com as medidas, principalmente, com a implementação de projetos de
REDD+ e com o desenvolvimento e transferências de tecnologias.”
Para
a CI-Brasil, os pontos mais importantes do acordo incluem:
- O
novo acordo reconhece explicitamente que o REDD + (Redução das Emissões por
Desmatamento e Degradação Florestal) é parte fundamental da solução para a
mudança climática. As florestas tropicais por si só representam, pelo menos,
30% da solução para limitar as emissões.
- Os
países reconheceram a fundamental importância da natureza para assegurar o
desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza, consagrando
definitivamente o papel dela no duplo desafio de adaptação e mitigação. Isso
irá incentivar os países a manter ecossistemas saudáveis devido à preocupação
com a questão climática.
- O
novo acordo define uma meta global para aumentar a resistência e melhorar a
capacidade de adaptação às mudanças climáticas. Ele auxiliará na cooperação e
troca de conhecimento entre os países, facilitando o planejamento do futuro a
fim de apoiar o desenvolvimento da resistência ao clima, especialmente pelo
reconhecimento da importância dos ecossistemas e dos sistemas ecológicos.
Compromissos
assumidos
Durante
os primeiros dias de negociações, Alemanha, Noruega e Reino Unido anunciaram um
compromisso para fornecer até US$ 5 bilhões para reduzir o desmatamento das
florestas até 2020.
Duas
importantes características desse acordo são o compromisso de todos os países
em reduzir as emissões e que estas promessas serão revistas e melhoradas em um
ciclo de cinco anos. O acordo deixa uma série de detalhes a serem trabalhados
até 2020, mas há claros sinais de que a natureza, incluindo a proteção e
restauração das florestas, será parte da solução para muitos países na questão
climática.
O
novo acordo inclui também uma meta global sobre a adaptação, indicando que,
agora, os países concordam que a adaptação aos impactos climáticos é tão
importante quanto a desaceleração das emissões. Para países como o Kiribati e
outras nações insulares, a adaptação não é apenas uma questão de criação de
resistência, mas de sobrevivência. Para eles, o acordo precisa garantir ações
concretas não só em longo prazo, mas também imediatas.
Os
países desenvolvidos concordaram em continuar a prestar apoio financeiro para
ações climáticas nos países em desenvolvimento. A fim de cumprir os objetivos
deste acordo histórico, um próximo passo importante é a construção de
estruturas políticas e a criação de incentivos a um maior investimento no
combate às alterações climáticas.
Muitos
países também indicaram que pretendem cumprir, pelo menos, parte de seus
compromissos nacionais para reduzir as emissões através da cooperação com
outros territórios através do investimento em atividades de mitigação no
exterior. O acordo apoia plenamente essas transferências, que podem ajudar a
limitar mais rapidamente os efeitos do aquecimento global e a estabelecer
regras básicas para garantir que elas sejam realizadas de forma aberta e justa.
(ecodebate)
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