No
pantanal, maior área inundável do planeta, o desafio é criar alternativas para
o uso sustentável.
02/02
é o Dia Mundial das Áreas Úmidas e o Pantanal é considerada a maior delas. Com
170.500,92 mil km² de extensão e uma biodiversidade ainda não completamente
mapeada – foram registradas pelo menos 4.700 espécies -, ele ocupa parte dos
estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul estendendo-se pela Bolívia e
Paraguai.
A
data comemorada todo ano, desde 1997, em homenagem ao dia da adoção da
Convenção de Ramsar sobre áreas úmidas – 2 de fevereiro de 1971, na cidade
iraniana de Ramsar – tem a finalidade de chamar atenção sobre a relevância de
promover a conservação da biodiversidade e o uso sustentável dos recursos
naturais neste importante ecossistema. Não somente por acolher diversificadas
espécies de plantas e animais aquáticos, como pela manutenção da subsistência
de milhões de pessoas que vivem e dependem de regiões como o Pantanal para sua
sobrevivência.
O
bioma foi decretado Patrimônio Nacional, pela Constituição de 1988, e
Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera, pelas Nações Unidas, em 2000.
Embora seja um local importante na manutenção da biodiversidade, servindo de
abrigo para milhares de espécies, e fundamental para a regulação do clima e no
ciclo das águas, pois ajuda a manter limpos os estoques hídricos, o Pantanal e
as demais áreas úmidas já sofrem ameaças que colocam seu destino em risco.
Os elevados
índices de desmatamento, as erosões e a sedimentação por manejo inadequado de
terras para agropecuária, o rápido crescimento urbano e populacional associado
as obras de infraestrutura, como rodovias, barragens, portos e hidrovias e
barramentos hidrelétricos são exemplos de atividades que vem alterando o frágil
equilíbrio ambiental das áreas úmidas ao redor do mundo.
São
consideradas áreas úmidas os pântanos, charcos, turfas ou locais de acúmulo de
água, permanente ou temporário. Seu conceito não se restringe a locais onde
ocorre a água doce. Mesmo a água salobra ou salgada – incluindo área de água
marítima em regiões com menos de seis metros de profundidade na maré baixa –
entram nesse critério internacional de classificação.
Estudiosos
ligados à Convenção advertem que esses reservatórios de água e biodiversidade
estão em declínio em todo o planeta. Cerca de 64% dessas áreas já despareceram
desde 1900. Por esse motivo é primordial cuidar das áreas úmidas, tal como o
WWF-Brasil tem feito desde 1999, no Pantanal.
“Nossa
visão de conservação para o Pantanal é a de tentar ao máximo manter a
biodiversidade biológica e os processos ecológicos e, ao mesmo tempo, promover
oportunidades de desenvolvimento sustentável por meio da adoção de boas
práticas produtivas, como ações para a proteção de água e solo, o manejo e a
recuperação de pastagens e a remuneração pelos serviços ambientais, o
planejamento sistemático do território e o estímulo a hábitos responsáveis de
consumo”, afirma Júlio César Sampaio, coordenador do Programa Cerrado Pantanal,
do WWF-Brasil.
Segundo
ele, é preciso aumentar as áreas protegidas públicas e privadas no bioma para
tornar a região um exemplo de uso racional de áreas úmidas para o mundo. Hoje,
apenas 3,19% do Pantanal brasileiro está protegido por Unidades de Conservação.
“No Pantanal são 46 Reservas Privadas do Patrimônio Natural (RPPNs) e, em muitas, nós apoiamos na gestão. Também realizamos estudos de impacto sobre o uso do solo, além do cálculo da pegada ecológica e o monitoramento da cobertura vegetal”, destaca.
“No Pantanal são 46 Reservas Privadas do Patrimônio Natural (RPPNs) e, em muitas, nós apoiamos na gestão. Também realizamos estudos de impacto sobre o uso do solo, além do cálculo da pegada ecológica e o monitoramento da cobertura vegetal”, destaca.
Sampaio
explica que a organização também apoia a certificação de 120 mil hectares com
pecuária orgânica no Mato Grosso do Sul, produzida com critérios de
responsabilidade socioambiental e remunerando a produção sustentável no
Pantanal. Além do Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal, aliança de
setores público e privado de 25 municípios na recuperação de 747 quilômetros de
rios, pelo menos 70 nascentes e a restauração da mata ciliar de 23 mil hectares
com 11 milhões de mudas, o que gerará mais de mil empregos.
O
Pacto foi idealizado pelo WWF-Brasil em 2012, quando um estudo mostrou que a
área das Cabeceiras estava em alto risco ecológico. Cada instituição que adere
à aliança se compromete em implementar em seu município pelo menos três ações
que preservem as nascentes e os rios, como por exemplo, a recuperação de áreas
degradadas, recuperação de nascentes, recuperação de matas ciliares, melhoria
da qualidade da água dos rios, adequação ambiental de estradas rurais e estaduais,
melhoria do saneamento básico ou até mesmo a troca de experiências de educação
ambiental existentes na região.
Atualmente participam o governo do estado de Mato Grosso, 25 prefeituras do estado e mais de 30 entidades do setor privado e da sociedade civil. “É preciso dar escala a essas experiências”, afirma.
Atualmente participam o governo do estado de Mato Grosso, 25 prefeituras do estado e mais de 30 entidades do setor privado e da sociedade civil. “É preciso dar escala a essas experiências”, afirma.
O
coordenador do Programa Cerrado Pantanal também defende o estudo e implantação
de mais sítios Ramsar a bacia do Pantanal e no Brasil. É que ao serem
conservados esses sítios também ajudam a manter todas as nascentes localizadas
à montante do curso hídrico, além de representarem áreas importantes que
contribuem para um compromisso global de conservação. (ecodebate)
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