Rio
de Janeiro/RJ, 13/01/2011 – Voluntários da Pátria uma das vias principais do
bairro de Botafogo inundada pela chuva, os anos passam e tudo continua igual.
Em
cerca de uma hora de chuva, ruas de Botafogo, na Zona Sul, ano após ano, continuam a ficar
tomadas pelas águas.
As
enchentes e inundações foram os eventos naturais que ocasionaram a maior
incidência de desastres no mundo entre os anos de 1900 e 2012, segundo o The
International Disaster Database , totalizando 4.134 registros. As tempestades
vieram logo em seguida, com 3.559 registros. Ao analisar os eventos hídricos no
Brasil, o Centro Universitário de Estudos e Pesquisa em Desastres (CEPED)
apontou que os alagamentos passaram de uma média de 4,5 eventos por ano, entre
1991 e 2001, para uma média de 42 eventos por ano, entre 2002 a 2012. Como
possíveis causas, estão a urbanização desordenada, aliada à ausência de um bom
planejamento urbano, e os eventos climáticos extremos.
No
Paraná, tem-se constatado de maneira contínua os efeitos desses eventos
hídricos. Entre os anos de 1991 e 2010, as inundações bruscas representaram a
segunda maior causa de desastres no estado (388 casos registrados atingindo 299
municípios), e os registros demonstram que, ano a ano, esses eventos têm
ocorrido com maior intensidade e magnitude. Em 2011, os eventos ocorridos no
Litoral do Paraná, denominados “Águas de Março”, nos quais, em um curto período
e chuvas concentradas, que corresponderam ao dobro da média histórica para o
mês, ocasionaram danos e prejuízos nos municípios de Morretes, Antonina,
Paranaguá e Guaratuba da ordem de R$ 210 milhões. No ano seguinte, os eventos
não foram tão pontuais como os ocorridos no litoral, mas ocorreram em diversos
municípios do estado e superaram em 16 vezes os recursos gastos em 2011 para
reconstrução e recuperação.
Em
junho de 2014, muitas cidades do Paraná passaram concomitantemente por
enchentes, inundações e alagamentos. Em União da Vitória, o rio atingiu 8m de
profundidade, sendo que seu nível normal é próximo de 2,5m. Os prejuízos foram
estimados em R$ 1 bilhão, sendo decretado estado de calamidade pública. Nesse
mesmo período, outros 163 municípios foram atingidos pelas chuvas e, destes,
147 decretaram situação de emergência. Esses históricos têm se repetido e
intensificado a cada ano, seja pela influência das mudanças climáticas ou
outros fenômenos desencadeados pela maneira com que se faz a ocupação do solo,
bem como, pela maneira com que o espaço urbano se produz, com desmatamentos,
sistemas de drenagens ineficientes e grandes áreas impermeabilizadas.
Iniciamos
2016 com problemas conhecidos desses meses mais chuvosos: alagamentos,
inundações, quedas de barreiras, comunidades isoladas, entre outros. Apesar de
não se ter controle sobre as precipitações hídricas, segundo o Sistema
Integrado de Administração Financeira, a cada R$ 1,00 que poderia ser gasto em
prevenções a desastres no Brasil, o Poder Executivo gasta R$ 37,00 para a
recuperação e reconstrução dos mesmos.
A
grande questão é: “Por que, no Brasil, insiste-se em atuar mais na resposta
aos eventos, se o valor de reconstrução e/ou reparação após um desastre acaba
custando muito mais que a prevenção e a mitigação dos danos dos mesmos”?
Não investir na redução de risco de desastres no período de normalidade, bem
como em prevenção e mitigação de danos, faz com que os problemas ocasionados
por eventos de origem natural, como inundações e alagamentos, se tornem
crônicos e aumente a magnitude dos prejuízos econômicos e socioambientais.
(ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário