sábado, 9 de julho de 2016

Estradas ecológicas

Caminhos do bem
Estradas que colocam o conceito da consciência ambiental em primeiro plano, desde o projeto até a manutenção.
Elas foram projetadas para não somente para oferecer segurança e conforto aos seus usuários, mas também para minimizar os impactos de sua construção ao meio ambiente de seu entorno. Hoje, as chamadas estradas ecológicas – conhecidas em países da Europa, como Alemanha e Espanha – já não são tão raras no Brasil. Há muitas delas no país, embora ainda estejam concentradas nas regiões Sul e Sudeste, a grande maioria privatizadas e sob a administração de concessionárias. Mas o que distingue uma rodovia ambientalmente sustentável das demais? Ao contrário do que se pensa, estrada ecológica não necessariamente é aquela que cruza parques e reservas naturais. Exemplos: a Transpantaneira, que cruza o território do Pantanal mato-grossense, e a Transamazônica, que rasga a maior floresta tropical do mundo, de ecológica não têm nada. A Transpantaneira apresenta alto índice de atropelamentos de animais silvestres que vivem no Pantanal. Já a Transamazônica, inaugurada no início da década de 1970 com seus 2.300 quilômetros, foi um dos mais absurdos erros ambientais da história do Brasil, porque liga o nada a lugar nenhum à custa do desmatamento impiedoso e do abandono das populações às suas margens.
Por conta de burradas ambientais como essas, desde 1986 é preciso obter autorização prévia do IBAMA antes de abrir qualquer rodovia em território brasileiro. Antes mesmo de sair do papel, o órgão fiscalizador do governo federal faz uma minuciosa análise dos impactos ambientais que a obra pode causar. Se os danos ao meio ambiente forem considerados pesados demais, o IBAMA impede a sua construção. Para ganhar o status de “estrada ecológica”, entretanto, é necessário ir muito além do cumprimento da lei. O caminho precisa estar de bem com a natureza em todos os sentidos: preservando a flora e a fauna da região, protegendo os mananciais, respeitando as comunidades que vivem ao longo dele e até utilizando matéria-prima reciclada na sua construção.
Rodovias como a BR-290, que interliga a Grande Porto Alegre ao litoral gaúcho, o sistema Anchieta-Imigrantes, que leva da capital paulista à Baixada Santista, ou a Rodovia do Sol, no Espírito Santo, que liga Vitória a Guarapari são bons exemplos de rodovias ecológicas e até conquistaram prêmios pelas ações de conservação do meio ambiente. Há ainda uma dezena de outras estradas brasileiras com iniciativas que vão desde a utilização de asfalto produzido com borracha proveniente da reciclagem de pneus velhos, até a preocupação com a construção de passagens seguras para os animais silvestres, os chamados faunodutos, por onde os bichos podem atravessar de um lado para o outro da pista sem o perigo de serem esmagados pelos veículos.
Quem já viajou pela Rodovia dos Imigrantes a caminho das praias do litoral paulista fica extasiado com a paisagem que vê às suas margens, já no trecho de serra. A estrada corta um dos mais preservados trechos de Mata Atlântica ainda em pé do Brasil, inclusive parte do Parque Estadual da Serra do Mar. Por isso, os 21 quilômetros da segunda pista da rodovia dos Imigrantes – que desce a serra em direção às praias – foi totalmente planejados para serem ambientalmente sustentáveis. “Quando assumimos a construção, em 1997, o projeto original foi alterado para privilegiar o meio ambiente. Optamos por túneis e viadutos com maior espaçamento entre os pilares de sustentação, para evitar ao máximo o corte de parte da floresta. Assim, diminuímos em 40 vezes o desmatamento em relação ao antigo projeto, que previa a derrubada de 1.600 hectares de mata nativa”, garante Artaet Martins, assessor de Meio Ambiente da Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes.
Na época da construção da pista descendente da rodovia dos Imigrantes, áreas que já estavam degradadas foram aproveitadas para sediar o canteiro de obras. Durante a construção da pista foram instaladas cinco estações de tratamento de esgotos. “Toda a água usada pelos funcionários era tratada e devolvida aos rios que nascem no alto da serra e abastecem boa parte da Baixada Santista”. (abril)

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