A
estrutura etária da população brasileira vai virar de ponta-cabeça em 50 anos.
Em 2010, os jovens de 0 a 19 anos eram 67 milhões de pessoas e representavam
34,3% da população brasileira. Os idosos – de 60 anos e mais – eram 20 milhões
de pessoas e representavam apenas 10% da população total brasileira, segundo as
projeções do IBGE (revisão 2013). Em meio século a reviravolta será incrível.
Em
2060, os jovens de 0 a 19 anos serão apenas 39 milhões de pessoas, devendo
representar 17,8% da população brasileira. Os idosos serão 74 milhões de
pessoas e representarão 33,7% da população total brasileira. Em 2010 havia 3,4
jovens para cada idoso. Em 2060, os idosos terão um volume duas vezes maior do
que o montante de jovens.
Evidentemente,
esta mudança demográfica vai ter um grande impacto na previdência social.
Atualmente o gasto previdenciário do setor privado é de 7% do Produto Interno
Bruto (PIB), e o do setor público, de 4,3% do PIB. Há também o benefício não
contributivo para idosos, de 0,7% do PIB. O gasto total somado representa 12%
do PIB. Proporcionalmente, as despesas previdenciárias no Brasil é maior do que
em outros países.
Se o
ritmo atual for mantido, o gasto previdenciário atingirá a proporção de um
terço do PIB brasileiro em 2060. Mas a quantidade de pessoas em idade ativa, de
20 a 59 anos, vai passar de 55,6% da população total em 2010 para 48,4% em
2060. Desta forma, a razão entre adultos de 20-59 anos e idosos de 60 anos e
mais vai cair de 5,5 em 2010, para 1,4 pessoas em idade produtiva para cada
idoso, em 2060.
Sem
uma profunda reforma será impossível manter o atual sistema de repartição
simples que fundamenta o sistema de previdência social no Brasil. No atual
modelo, a previdência é um pacto de solidariedade entre gerações e só funciona
se o número de empregados representar uma proporção adequada ao número de
aposentados e pensionistas. É inviável garantir os direitos previdenciários sem
garantir o direito ao pleno emprego e ao trabalho decente.
Mas
no Brasil há muitas pessoas em idade de trabalhar que não contribuem com a
previdência (pois estão no setor informal, no meio rural, possuem alguma
deficiência, etc.). A idade média de aposentadoria é muito jovem, o que agrava
o desequilíbrio demográfico entre os contribuintes e beneficiários. O Brasil é
um dos poucos lugares do mundo que não possui idade mínima para a
aposentadoria. No caso das mulheres a idade média de saída da força de trabalho
é muito baixa e elas possuem esperança de vida muito superior.
Infelizmente,
os seguidos governos brasileiros têm adiado e procrastinado a solução deste
grave problema social. O rombo das aposentadorias é enorme e inclui os déficits
do INSS (que cobre o custo de aposentadorias e pensões dos trabalhadores do
setor privado), a previdência dos servidores do setor público federal, os
déficits dos servidores estaduais e o custo do saneamento dos fundos de pensão
de estatais, vítimas de erros de gestão e desvios. A conta é gigantesca e é
agravada pela mais longa e mais profunda recessão da história brasileira.
As
pessoas que dizem que não há déficit na previdência argumentam que a
Constituição garante várias receitas de taxas e impostos à seguridade social e
reclamam que estes recursos estão sendo usados em outras despesas
governamentais. Porém, o Brasil tem um grande déficit público global e se
deslocar receitas para a previdência vai simplesmente aumentar o déficit em
outro lugar.
O
fato é que o Brasil já investe muito na previdência, cerca de 12% do PIB. Se
esta conta subir para 20%, 25% ou 33% do PIB vai gerar lacunas em outras
políticas sociais e na formação de capital fixo. Traria também um sério
conflito intergeracional, pois as novas gerações não teriam os mesmos direitos
das gerações idosas (como já não estão tendo atualmente). Seria uma situação
inédita.
Se a questão previdenciária não for equacionada adequadamente antes do completo envelhecimento da população brasileira, o Brasil vai ficar numa situação muito difícil e não terá como manter taxas de investimento suficientes para viabilizar qualquer tipo de desenvolvimento social do país. (ecodebate)
Se a questão previdenciária não for equacionada adequadamente antes do completo envelhecimento da população brasileira, o Brasil vai ficar numa situação muito difícil e não terá como manter taxas de investimento suficientes para viabilizar qualquer tipo de desenvolvimento social do país. (ecodebate)
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