Efeitos das mudanças climáticas já prejudicam vida dos
brasileiros, diz o Greenpeace.
Dez
anos depois da publicação do último relatório do Greenpeace sobre os prejuízos
decorrentes das mudanças climáticas, novo documento da entidade mostra que
pouca coisa mudou. “O que tem de mais emblemático é que, dez anos depois, ainda
não conseguimos arrumar uma solução para evitar as mudanças climáticas.
Continua uma discussão muito grande, as coisas não saem do papel e os efeitos
já estão acontecendo”, avalia o coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace
Brasil, Márcio Astrini.
“Uma
década depois ainda tem acordos sendo discutidos, de quem é a responsabilidade,
que tem que ajudar mais com dinheiro. Enquanto isso o clima, na vida real, vai
alterando e já prejudicando a vida das pessoas”, completa. Um efeito concreto
na rotina das pessoas, segundo Astrini, é a chamada bandeira tarifária, que
traz uma variação na cobrança da energia elétrica aos consumidores.
Redução da vazão dos rios
é uma das consequências das mudanças do clima, segundo Greenpeace.
Pelo
modelo de bandeiras tarifárias, quando a energia vem das usinas hidrelétricas,
a tarifa tem um valor, mas se o governo precisa utilizar as termelétricas – que
são mais poluentes e mais caras – o consumidor paga um valor adicional pela
eletricidade que chega à sua casa.
“O
Brasil produz muita energia de hidrelétrica, que depende do rio corrente para
gerar energia. Tem chovido de forma desregular, quer dizer, tem horas que
aquele rio está muito cheio e tem horas que está muito seco”, disse Astrini
sobre uma das previsões ligadas ao aquecimento global apontadas no relatório,
que é a tendência de redução da vazão dos rios. Como 64% da eletricidade do
país vêm das hidrelétricas, menos água nos rios significa menos produtividade e
risco de energia mais cara.
“Isso
impacta diretamente na conta de luz das pessoas. Muita gente está sentindo isso
na conta”, acrescenta.
Soluções
Astrini
aponta duas soluções que podem evitar o agravamento de prejuízos causados pelas
mudanças climáticas: implementar energias renováveis – como solar, eólica e
biomassa – e acabar com o desmatamento. As medidas, segundo o ambientalista,
não só contribuem para o combate ao aquecimento global, como tornam o Brasil
mais resistente a essas mudanças.
Combate ao desmatamento
deve ser prioritário no enfrentamento à mudança do clima no Brasil.
“Precisamos
bolar outras formas de gerar energia no país e eletricidade para a casa das
pessoas. Temos muito sol, temos muito vento, temos uma capacidade de produção
de agricultura muito grande, e essas três coisas podem dar pra gente energia
solar, eólica e biomassa. O Brasil investe muito pouco nisso”, pondera. Segundo
o coordenador do Greenpeace, variar a matriz energética pode dar ao país maior
segurança no setor, sem precisar recorrer a opções poluentes como as
termelétricas a carvão e a gás.
A
segunda ação seria sobre as florestas. “Se o Brasil eliminar o desmatamento –
que é a nossa maior fonte de emissões de gás de efeito estufa –, além de
diminuir as emissões globais, ele também preserva uma floresta como a Amazônia
e o Cerrado”, disse.
Além
do benefício direto para a conservação do bioma, Astrini destacou a importância
da Amazônia como regulador climático. “Alguns estudos dizem que, devido à
existência da Amazônia, é que tem a regularidade da quantidade de chuvas no
sul, no sudeste e no centro-oeste do país, que são exatamente os lugares que
mais produzem agricultura. Então, se a gente desmata essa floresta, temos um
efeito contrário duplo: vamos emitir muito carbono e retirar do país esse
regulador climático.” (ecodebate)
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