As
ações cotidianas para economizar água envolvem, geralmente, hábitos como
diminuir o tempo no banho, fechar a torneira na hora de escovar os dentes ou
usar um balde em vez da mangueira para lavar o carro ou a calçada. No entanto,
grande parte da população desconhece a chamada água invisível, usada em
processos como a produção de alimentos e até de celulares, e que pode reduzir
ainda mais as reservas hídricas em tempos de crise de abastecimento.
Cada
pessoa consome diariamente de 2 mil a 5 mil litros de água invisível contida
nos alimentos, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU),
divulgados esta semana pelo Instituto Akatu, para marcar o Dia Mundial da Água.
Para chegar a esse volume, os pesquisadores analisaram toda a cadeia de
produção de bens de consumo.
Uma
única maçã, por exemplo, consome 125 litros de água para ser produzida, segundo
a Waterfootprint, rede multidisciplinar de pesquisadores e empresas que estudam
o consumo de água nos processos produtivos.
A
pecuária também é responsável por um alto consumo de água. “Para cada quilo de
carne bovina, são gastos mais de 15 mil litros de água. Essa quantidade se
refere à água e alimentação utilizadas para o gado até que ele atinja a
maturidade e também a tudo que é gasto no processo do frigorífico, como limpeza
e resfriamento do ambiente”, informa o Instituto Akatu, organização não
governamental que trabalha pela conscientização e mobilização da sociedade para
o consumo consciente.
Essa
água invisível não está somente na produção de alimentos. De acordo com
pesquisa da Mind your Step, feita a pedido da Friends of the Earth, entidade de
proteção do meio ambiente, a produção de um smartphone consome em torno de
12.760 litros de água – o equivalente ao volume transportado por um
caminhão-pipa médio.
Para
fazer uma calça jeans, são consumidos 10.850 litros de água durante toda a
cadeia produtiva. O volume é suficiente para suprir o consumo de uma residência
média no Brasil por mais de três meses, segundo a instituto. “Essa quantidade
contabiliza desde a água gasta na irrigação do algodoeiro, material usado para
fabricar o tecido, até a água da confecção da peça.”
Segundo
a ONG, as empresas precisam melhorar os processos de produção para conseguir
usar a água de forma mais eficiente. “Do ponto de vista empresarial, é
preocupante ser dependente desse recurso que é cada dia mais escasso. E essa
preocupação não deve ser só das empresas. As políticas públicas devem
contribuir para evitar desperdício hídrico e garantir a preservação dos
mananciais. E, além disso, cada pessoa e cada família pode fazer a sua parte
buscando consumir apenas o necessário, evitando o desperdício desse recurso tão
essencial”, destaca o presidente do Instituto Akatu, Helio Mattar.
Dicas de economia
Dicas de economia
O
Instituto Akatu elaborou algumas dicas que podem evitar o gasto excessivo da
água invisível:
– Dê
preferência aos itens duráveis em vez dos descartáveis;
–
Faça o uso compartilhado de bens e serviços. Se possível, alugue-os
temporariamente ou combine o uso comunitário, entre várias pessoas;
–
Produtos concentrados, como de higiene ou limpeza, utilizam menos água em sua
produção e transporte; por isso, devem ter preferência em relação aos produtos
diluídos;
– Dê
preferência aos alimentos produzidos próximos ao local onde você mora e compre
aqueles que são da estação, pois isso fará com que durem mais e não haja
desperdício;
–
Aproveite cascas, sementes, talos e folhas de legumes, verduras e frutas. Essas
partes, que muitas vezes são jogadas fora, têm nutrientes e podem ser
aproveitadas em muitas receitas;
–
Diminua o consumo de carne bovina, que exige muita água em sua produção. Você
não precisa eliminá-la de sua dieta, mas pode consumi-la com menos frequência,
substituindo-a por outras fontes de proteína – e assim diminuir o impacto
negativo de sua produção no meio ambiente e, consequentemente, na vida das
pessoas;
–
Antes de fazer qualquer compra, reflita sobre a necessidade de adquirir um novo
item. Pense se você não pode pegar o item emprestado, comprar o produto usado,
ou fazer uma troca com outra pessoa;
–
Promova uma feira de trocas com os amigos e parentes. Artigos como roupas,
acessórios, bijuterias, livros, entre outros, podem ser reaproveitados e ganhar
uma nova vida nas mãos de outra pessoa. (ecodebate)
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