Pesquisa Coppe-UFRJ revela que emissões de gases de efeito
estufa no estado do Rio cresceram 40% em dez anos.
As emissões de gases de efeito estufa,
ou gás carbônico (CO2) equivalente, no estado do Rio de Janeiro
cresceram 40% entre 2005 e 2015, segundo pesquisa feita pelo Centro Clima do
Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ). O aumento foi superior ao
do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no estado) e ao
crescimento da população no Rio no mesmo período.
Os resultados do Terceiro Inventário
de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) do Estado do Rio de Janeiro e a
Análise da Evolução das Emissões, no período 2005-2015, foram apresentados em
08/06/17. Os dados permitem comparar os números obtidos às metas estabelecidas
pela política estadual de mudanças climáticas.
As emissões totais de gases de efeito
estufa no estado, em 2005, atingiram 66 milhões de toneladas de CO2
equivalente. Esse número evoluiu para 75 milhões, em 2010, passando para 93
milhões de toneladas de CO2 equivalente em 2015, mostra o estudo,
divulgado também pela Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) e pelo Instituto
Estadual do Ambiente (Inea). “A gente vê uma evolução, em dez anos, de 40%”,
disse o coordenador do Centro Clima, Emílio La Rovere.
No mesmo período, o PIB do estado do
Rio de Janeiro aumentou 25%, o que significa que as emissões de CO2
equivalente cresceram acima do PIB e também da população fluminense, que
aumentou 7,5% na década . “A gente tem 2por real de PIB. Ela
aumentou, em vez de diminuir”. Em 2005 se emitia 0,13 tonelada por R$ 1 mil de
PIB e, em 2015, esse número subiu para 0,15 tonelada por R$ 1 mil de PIB.
Setores
La Rovere disse que alguns setores
diminuíram as emissões de CO2 equivalente. É o caso da agricultura,
florestas e uso do solo, onde se conseguiu conter o desmatamento no estado. No
uso do solo, os dados já tinham sido negativos no último levantamento, em 2010,
e em 2015 a queda foi acentuada.
Outro setor com diminuição de emissões
foi o de resíduos sólidos urbanos, com a captura do biogás (principalmente do
metano) em aterros sanitários. “Aumentou o número de aterros com controle de
emissões, a captura do biogás e sua queima e, com isso, a gente teve uma boa
diminuição de 40% de 2005 a 2015 das emissões dos resíduos sólidos urbanos”.
No caso de resíduos sólidos, a meta é
diminuir em 65%, até 2030, os quilos de emissões por habitante em comparação a
2005, quando foram calculados a produção de 322 quilos de CO2 por
pessoa. Em 2015, o número caiu para 187 quilos por habitante. A queda de 42%
foi comemorada pelo coordenador do Centro Clima. “É um bom caminho para atingir
a meta em 2030”.
O mesmo sucesso não foi registrado,
entretanto, quanto aos efluentes líquidos (esgoto), cujas emissões de CO2
equivalente aumentaram. “Precisamos melhorar e capturar o biogás das estações
de tratamento de esgoto e melhorar também a coleta e tratamento final dos
esgotos sanitários”.
No setor de esgoto sanitário, cuja meta é também
cair para 65% as emissões em quilos por habitante, mas os números cresceram de
68 quilos de C2 por pessoa, em 2005, para 79 quilos, em 2015, um
incremento de 16,5%.
Indústria
O inventário mostra aumento das
emissões no setor industrial fluminense, explicado em grande parte pela entrada
em operação da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). La Rovere sugeriu que
sejam retomadas negociações com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de
Janeiro (Firjan) para serem adotadas medidas para reduzir as emissões das
empresas do setor. Medidas de eficiência energética, por exemplo, são
consideradas técnica e economicamente viáveis, sinalizando potencial de redução
de emissões de cerca de 30%, além da adoção de fontes de energia renováveis.
As emissões de consumo de energia da
indústria tiveram aumento de 12% no quinquênio 2005-2010 e de 45,5% entre 2010
e 2015. Foram emitidos 5,4 milhões de toneladas de CO2 equivalente
em 2005, número que subiu para 8,8 milhões em 2015. A isso se somam os
processos industriais, que não resultam da queima de energia, disse La Rovere.
Esses processos industriais emitiram 9 milhões de toneladas de dióxido de
carbono equivalente, em 2005, e 11,5 milhões, em 2015.
La Rovere disse que o terceiro inventário é um
diagnóstico das causas e tendências das emissões. Com ele será possível
atualizar o plano estadual de mudanças climáticas que estabeleceu as metas que
agora podem ser, eventualmente, revistas e ajustadas. “E, principalmente, criar
os instrumentos para implantar as medidas de contenção e redução das emissões
em cada setor”. (ecodebate)
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