IPCC defende ‘mudanças sem
precedentes’ para limitar aquecimento global a 1,5°C.
Limitar o aquecimento global
a 1,5 °C exigirá “mudanças de longo alcance e sem precedentes” no comportamento
humano, segundo um painel científico das Nações Unidas, que lançou em 08/10/18
um relatório especial segundo o qual algumas das ações necessárias já estão em
andamento, mas precisam ser dramaticamente ampliadas.
Solo ressecado próximo ao rio
Nilo Branco, em Cartum, Sudão.
O IPCC, ou Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgou o relatório em Incheon, na Coreia do Sul, onde, na
semana passada, centenas de cientistas e representantes governamentais
analisaram milhares de informações para demostrar o que pode acontecer com o
planeta e a população global diante do aquecimento global de 1,5°C.
“Uma das principais mensagens
enfatizadas fortemente neste relatório é que já estamos vendo as consequências
do aquecimento global de 1°C, como eventos climáticos mais extremos, elevação
do nível dos oceanos e degelo no Ártico, entre outras mudanças”, disse Panmao
Zhai, copresidente de um dos grupos de trabalho do IPCC.
O Acordo de Paris para o
clima, adotado em dezembro de 2015 por 195 nações na 21ª Conferência das Partes
da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), incluiu
o objetivo de fortalecer a resposta global à ameaça da mudança climática
“segurando o aumento da temperatura média global para bem abaixo de 2°C acima
dos níveis pré-industriais, e buscando esforços para limitar o aumento da
temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais”.
Em publicação no Twitter logo
após o lançamento do relatório, o secretário-geral da ONU, António Guterres,
afirmou que não é impossível limitar o aquecimento global a 1,5°C, de acordo
com o documento. “Mas isso exigirá uma ação climática coletiva e sem
precedentes em todas as áreas. Não há tempo a perder”.
Petteri Taalas,
secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), disse em 08/10/18
em Genebra que havia “extrema urgência” por parte dos signatários do Acordo de
Paris, e que “até agora o progresso não tem sido bom o suficiente” para manter
a elevação da temperatura abaixo de 2°C.
“A mudança climática já é visível e está tendo
um impacto sobre os seres humanos e ecossistemas em todo o mundo. Com aumento
de 2°C teremos verão sem gelo na Antártida todo ano, mas com aumento de 1,5°C veríamos
isso apenas a cada 100 anos”, disse ele, dando um exemplo de como o clima do
mundo muda drasticamente por um aumento de apenas meio grau.
Superar o limite de 1,5°C
resultaria num maior aumento do calor extremo, de chuvas torrenciais e da
probabilidade de secas, diz IPCC.
“Haverá 420 milhões de
pessoas sofrendo menos por causa da mudança climática se pudermos limitar o
aquecimento a 1,5°C, e temos certas áreas no mundo que são extremamente
sensíveis”, disse Taalas. “Pequenos Estados insulares, a região do Mediterrâneo
e também a África subsaariana já estão sofrendo e sofrerão mais no futuro”.
Ainda é possível limitar o
aquecimento global a 1,5°C, continuou o oficial da OMM, “mas devemos mudar
muitas coisas, a forma como administramos nossos negócios diários hoje”.
Também em Genebra, um
especialista em direitos humanos da ONU alertou que não fazer mais para lidar
com a mudança climática pode provocar décadas de graves violações.
“A mudança climática está
tendo — e terá — efeitos devastadores em uma ampla gama de direitos humanos,
incluindo direitos a vida, saúde, alimentação, moradia e água, bem como o
direito a um ambiente saudável”, disse David Boyd, relator especial da ONU para
direitos humanos e meio ambiente.
“O mundo já está testemunhando
os impactos da mudança climática — de furacões na América, ondas de calor na
Europa, secas na África e enchentes na Ásia.”
Meio grau é importante
O relatório destaca vários
impactos da mudança climática que poderiam ser evitados limitando o aquecimento
global a 1,5°C em comparação com 2°C ou mais.
Por exemplo, até 2100, a
elevação global do nível do mar seria 10 cm mais baixa com o aquecimento global
de 1,5°C em comparação com 2°C.
Além disso, os recifes de
corais, já ameaçados, cairiam 70-90% com o aquecimento global de 1,5°C,
enquanto praticamente todos seriam perdidos com aumento de 2°C, segundo o
relatório.
“Cada aquecimento extra,
especialmente a partir de 1,5 °C ou mais, amplia o risco associado a mudanças
duradouras ou irreversíveis, como a perda de alguns ecossistemas”, disse
Hans-Otto Pörtner, copresidente do grupo de trabalho 2 do IPCC.
“Limitar o aquecimento a
1,5°C é possível dentro das leis da química e da física, mas isso exigiria
mudanças sem precedentes”, disse Jim Skea, copresidente do grupo de trabalho 3
do IPCC.
Com isso em mente, o
relatório pede grandes mudanças no uso de terra e energia, na indústria, no
setor de construção, de transporte e em todas as cidades em todos os lugares.
As emissões líquidas globais de dióxido de carbono precisariam cair 45% em
relação aos níveis de 2010 até 2030, e atingir o equilíbrio entre emissões e
compensações por volta de 2050.
Permitir que a temperatura
global aumente temporariamente acima de 1,5°C significaria uma dependência
maior das técnicas que removem CO2 do ar para retornar as
temperaturas globais para abaixo de 1,5°C até 2100.
Mas o relatório adverte que
“a eficácia de tais técnicas não é comprovada em larga escala e algumas podem
acarretar riscos significativos para o desenvSuperar o limite de 1,5°C
resultaria num maior aumento do calor extremo, de chuvas torrenciais e da
probabilidade de secas, diz IPCC.
“Haverá 420 milhões de
pessoas sofrendo menos por causa da mudança climática se pudermos limitar o
aquecimento a 1,5°C, e temos certas áreas no mundo que são extremamente
sensíveis”, disse Taalas. “Pequenos Estados insulares, a região do Mediterrâneo
e também a África subsaariana já estão sofrendo e sofrerão mais no futuro”.
Ainda é possível limitar o
aquecimento global a 1,5°C, continuou o oficial da OMM, “mas devemos mudar
muitas coisas, a forma como administramos nossos negócios diários hoje”.
Também em Genebra, um
especialista em direitos humanos da ONU alertou que não fazer mais para lidar
com a mudança climática pode provocar décadas de graves violações.
“A mudança climática está
tendo — e terá — efeitos devastadores em uma ampla gama de direitos humanos,
incluindo direitos a vida, saúde, alimentação, moradia e água, bem como o
direito a um ambiente saudável”, disse David Boyd, relator especial da ONU para
direitos humanos e meio ambiente.
“O mundo já está testemunhando
os impactos da mudança climática — de furacões na América, ondas de calor na
Europa, secas na África e enchentes na Ásia.”
Meio grau é importante
O relatório destaca vários
impactos da mudança climática que poderiam ser evitados limitando o aquecimento
global a 1,5°C em comparação com 2°C ou mais.
Por exemplo, até 2100, a
elevação global do nível do mar seria 10 cm mais baixa com o aquecimento global
de 1,5°C em comparação com 2°C.
Além disso, os recifes de
corais, já ameaçados, cairiam 70-90% com o aquecimento global de 1,5°C,
enquanto praticamente todos seriam perdidos com aumento de 2°C, segundo o
relatório.
“Cada aquecimento extra,
especialmente a partir de 1,5 °C ou mais, amplia o risco associado a mudanças
duradouras ou irreversíveis, como a perda de alguns ecossistemas”, disse
Hans-Otto Pörtner, copresidente do grupo de trabalho 2 do IPCC.
“Limitar o aquecimento a
1,5°C é possível dentro das leis da química e da física, mas isso exigiria
mudanças sem precedentes”, disse Jim Skea, copresidente do grupo de trabalho 3
do IPCC.
Com isso em mente, o
relatório pede grandes mudanças no uso de terra e energia, na indústria, no
setor de construção, de transporte e em todas as cidades em todos os lugares.
As emissões líquidas globais de dióxido de carbono precisariam cair 45% em
relação aos níveis de 2010 até 2030, e atingir o equilíbrio entre emissões e
compensações por volta de 2050.
Permitir que a temperatura
global aumente temporariamente acima de 1,5°C significaria uma dependência
maior das técnicas que removem CO2 do ar para retornar as
temperaturas globais para abaixo de 1,5°C até 2100.
Mas o relatório adverte que
“a eficácia de tais técnicas não é comprovada em larga escala e algumas podem
acarretar riscos significativos para o desenvolvimento sustentável”.
“Limitar o aquecimento global a 1,5°C em
comparação com 2°C reduziria os impactos desafiadores nos ecossistemas, saúde
humana e bem-estar, tornando mais fácil alcançar os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas”, disse Priyardarshi
Shukla, copresidente do grupo de trabalho 3 do IPCC, referindo-se aos 17
objetivos adotados pelos Estados-membros da ONU há três anos para proteger o
planeta e assegurar que todas as pessoas desfrutem de paz e prosperidade até
2030.olvimento sustentável”.
“Limitar o aquecimento global a 1,5°C em
comparação com 2°C reduziria os impactos desafiadores nos ecossistemas, saúde
humana e bem-estar, tornando mais fácil alcançar os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas”, disse Priyardarshi
Shukla, copresidente do grupo de trabalho 3 do IPCC, referindo-se aos 17
objetivos adotados pelos Estados-membros da ONU há três anos para proteger o
planeta e assegurar que todas as pessoas desfrutem de paz e prosperidade até
2030.
As emissões de poluentes de
origem humana já elevaram a temperatura média do planeta em torno de 1°C.
O novo relatório vai
alimentar um processo chamado “Diálogo de Talanoa”, no qual as partes do Acordo
de Paris para o clima vão avaliar o que foi realizado nos últimos três anos. O
diálogo fará parte da próxima conferência da UNFCCC dos Estados-partes,
conhecida como COP 24, que ocorrerá em Katowice, na Polônia, em dezembro.
(ecodebate)
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