Mudanças climáticas vão
afetar produção da cevada e devem deixar sua cerveja mais cara.
O apocalipse climático quer
tirar de nós tudo o que é sagrado neste mundo. Há preocupações sobre o
chocolate (embora ele não esteja em extinção), o futuro do vinho e até a perda potencial do nosso querido molho Tabasco!
Um estudo publicado
na Nature está
lançando notícias mais deprimentes em cima de nós: a cerveja é a próxima. Sim,
a cerveja. Sua melhor amiga das noites de sexta-feira. Seu motivo principal
para gostar do calor.
O estudo prevê que a produção
futura de cevada, ingrediente-chave da cerveja, caia entre 3% a 17% em todo o
mundo devido a eventos de calor e seca extremos até 2099. Dependendo
de onde você mora, os preços da cerveja podem aumentar nesses anos de 52% a
mais de 600%. Isso significa que uma cerveja de R$ 4 pode custar algo como R$ 6
ou, em um mundo distópico, R$ 24.
Os autores do estudo, vindos
da China, do México, do Reino Unido e da Califórnia, nos EUA, não levaram em
consideração os efeitos do aumento gradual da temperatura causado pela mudança
climática, presumindo, “talvez heroicamente”, como disse o coautor Steven
Davis, que os agricultores de cevada consigam acompanhar as mudanças. Em vez
disso, a equipe usou dados históricos dos anos de 1981 a 2010 para se
concentrar em ondas de calor e secas globais extremas entre 2010 e 2099.
“Quanto mais aquecimento
climático temos, mais frequentes são esses anos extremos”, disse Davis,
professor associado da Universidade da Califórnia em Irvine, em entrevista
ao Earther.
Ele e o resto de sua
equipe concluíram isso depois de observar quatro modelos climáticos diferentes,
incluindo um em que a humanidade evita o aquecimento de dois graus e um cenário
pior, em que superamos essa previsão de longe e nosso futuro é dominado por
calor extremo. A cevada sofreu
em todos esses modelos em 34 regiões do mundo que produzem a colheita,
incluindo Irlanda, Brasil e Rússia. A situação só piora à medida que os modelos
veem mais aquecimento.
Cervejas para a Oktoberfest
de Las Palmas, na Grande Canária.
“Mesmo em anos extremos, algumas
partes do mundo terão uma produção normal ou acima da média de cevada, então
não é em todos os lugares do mundo ou o tempo todo.”
Todos os país deverão sentir
esses impactos diferentemente. Bélgica e Japão, que produzem muita cerveja,
terão mais dificuldade de importar cevada. E a cerveja se tornará um luxo que
nem todos poderão bancar. A Argentina, por exemplo, pode ver o consumo cair em
32% nos cenários mais drásticos.
Mas não vamos nos desesperar
ainda. Lembre-se: estamos falando de cerveja, um produto supérfluo. Ninguém vai
morrer de fome ou de sede sem cerveja (assim esperamos!). O estudo até aponta
que consumir menos cerveja pode ter benefícios à saúde. Ao mesmo tempo, as pessoas amam cerveja, e
ela desempenha um papel importante em situações sociais. É por isso que Davis e
seus colegas buscaram essa pesquisa em primeiro lugar.
Também vale apontar
que esse estudo observou as regiões em que a cevada atualmente é cultivada. É
importante ter isso em mente porque a mudança climática pode alterar os locais
em que a cevada cresce melhor. Enquanto
partes do Brasil possam começar a produzir menos cevada, talvez ainda exista
esperança para outros países. E, em algumas regiões, certas áreas mostram, sim,
maiores rendimentos futuros de cevada nos modelos dos autores.
“Mesmo em anos extremos,
algumas partes do mundo terão uma produção normal ou acima da média de cevada,
então não é em todos os lugares do mundo ou o tempo todo”, disse Davis.
No pior dos cenários, o preço
da cerveja deve dobrar, deixando milhões de pessoas sem acesso à bebida.
Mas também temos más
notícias. Esse estudo não leva em consideração outros possíveis
riscos para a cevada além de ondas de calor — coisas como pragas ou outros
desastres naturais (como inundações). Portanto, as coisas podem ser diferentes
do que esses modelos preveem. (uol)
Nenhum comentário:
Postar um comentário