A mudança climática está impactando a zona costeira da
Tunísia, afetando os humanos e também a biodiversidade marinha.
Na
medida em que a temperatura global continua aumentando, a ação climática é
lenta e a janela de oportunidade para se agir está fechando, segundo as Nações
Unidas.
Domingo marca o começo da
Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas, COP24, que acontece na
Polônia até 14/12/18. Serão duas semanas de negociações críticas sobre
como lidar com o problema coletivo e urgente.
Milhares de representantes
incluindo líderes mundiais, especialistas, ativistas, pensadores criativos, do
setor privado e de comunidades locais se reunirão para trabalhar num plano
coletivo para colocar em ação os compromissos assumidos por todos os países do
mundo em Paris em 2015.
A ONU News preparou um guia
para a COP 24 para responder algumas das principais dúvidas sobre o tema.
1.
O fundamental: Unfccc, ONU Meio Ambiente, OMM, IPCC, COP24, Protocolo de
Quioto, Acordo de Paris, o que é que tudo isso representa?
Crianças no Chade plantam uma
árvore de acácia.
Todas estas siglas e nomes de
lugares representam ferramentas internacionais e termos, que, sob a liderança
da ONU, foram criadas para ajudar o avanço da ação climática global. Com uma
função específica e papel diferente, todos pretendem ajudar o mundo a alcançar
a sustentabilidade ambiental.
As siglas também estão
relacionadas.
Em 1992, a ONU organizou no
Rio de Janeiro a que ficou conhecida como a Cimeira da Terra, ECO-92. Na
ocasião, foi adotada a Convenção
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática, Unfccc.
Neste tratado, os países
concordaram em “estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na
atmosfera” para prevenir a interferência perigosa da atividade humana no
sistema do clima. Hoje, o tratado tem 197 signatários.
Todos os anos, desde que o
tratado entrou em vigor em 1994, a Conferência das Partes, a COP, acontece para
discutir os próximos passos. Até o momento já aconteceram 23 COPs e este ano
será a 24ª, a COP24.
Como a Unfccc não tinha
limites vinculativos em relação às emissões de gases de efeito estufa para os
países e não havendo um mecanismo de execução, várias “extensões” deste tratado
foram negociadas durantes as COPs. Estas incluem o Protocolo de Quioto em 1997, que
definiu os limites das emissões para países desenvolvidos a serem atingidos até
2012, e o Acordo de
Paris, adotado em 2015. Neste acordo, todos os países concordaram em
aumentar os esforços para limitar o aquecimento global em 1,5 °C acima das
temperaturas nos tempos pré-industriais e impulsionar o financiamento da ação
climática.
Duas agências apoiam o
trabalho científico da ONU em relação à mudança climática, a ONU Meio
Ambiente e a Organização Internacional de
Meteorologia, OMM. Juntas, elas criaram o
Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas, Ipcc, em 1998.
Nele, centenas de especialistas avaliam dados e fornecerem provas científicas
para as negociações sobre a ação do clima, incluindo as que irão acontecer em
Katowice a partir de domingo.
2.
A ONU realiza várias conferências e cimeiras sobre este tema, será que elas
realmente ajudam?
Estes encontros têm sido
vitais para encontrar um consenso mundial sobre um assunto que exige uma
solução global. Apesar do progresso ter sido muito mais lento do que se
precisa, o processo, o qual tem sido tão desafiador como ambicioso, tem
trabalhado para aproximar todos os países, os quais têm circunstâncias muito
diferentes. Progressos têm sido feitos em cada passo do caminho. Algumas das
ações concretas tomadas até o momento provaram um ponto, que a ação climática
tem um impacto positivo real e podem realmente ajudar a prevenir o pior.
Conheça
abaixo algumas das conquistas notáveis obtidas até o momento:
Pelo menos 57 países conseguiram
baixar as emissões de gases de efeito estufa para os níveis necessários para
conter o aquecimento global.
Existem pelo menos 51 iniciativas de “preços de carbono” sendo
colocadas em prática; cobrando aqueles que lançam dióxido de carbono por
tonelada emitida.
Em 2015, 18 nações de
alta renda se comprometeram em doar US$ 100 bilhões por ano
para ação climática em países em desenvolvimento. Até o momento, U$70 bilhões
foram mobilizados.
3. Porque estão todos falando
sobre o Acordo de Paris?
O Acordo de Paris, que
oferece ao mundo a única opção viável para lidar com a mudança climática, foi
ratificado por 184 países e
entrou em vigor em novembro de 2016.
Os
compromissos do acordo
Limitar o aumento da
temperatura média global para bem abaixo de 2ºC e prosseguir esforços para
limitar o aumento da temperatura em até 1,5°C;
Assegurar financiamento para
a ação climática, incluindo a meta anual de US$ 100 bilhões de Estados doadores
para países de baixa renda;
Desenvolver planos nacionais
de clima até 2020, incluindo objetivos e metas determinadas pelos países;
Proteger ecossistemas benéficos
que absorvem gases de efeito estufa, incluindo florestas;
Fortalecer a resiliência e
reduzir a vulnerabilidade em relação à mudança climática;
Finalizar um programa de
trabalho para implementar o acordo em 2018.
Os Estados Unidos, que
aderiram o Tratado em 2016, anunciaram a intenção de se retirar dele em julho
de 2017. Porém, o país continua a fazer parte do Tratado pelo menos até
novembro de 2020. Antes disso, não pode solicitar legalmente a saída do
Tratado.
4.
Porque é que mais de 1,5°C é considerado um nível crítico?
De acordo com a pesquisa científica avaliada pelo
IPCC, mantendo o aquecimento global a não mais do que 1,5°C acima da
média global dos níveis pré-industriais ajudará a afastar os danos devastadores
permanentes para o planeta e as pessoas.
Estes incluem a perda de
habitat para os animais no Ártico e na
Antártida, casos muito mais frequentes de calor extremo mortal,
escassez de água que poderia afetar mais de 300 milhões de pessoas, o desaparecimento dos recifes de corais
que são essenciais para comunidades inteiras e vida marinha, aumento do nível
do mar que está ameaçando o futuro e a economia de pequenas nações insulares,
etc.
Ao todo, a ONU estima que 420
milhões de pessoas a menos poderiam ser afetadas pela mudança climática se o
aumento de temperatura não ultrapassar 1,5°C, ao invés de 2°C.
O mundo ainda está longe de
alcançar um futuro neutro em carbono, e a necessidade de seguir adiante é maior
do que nunca. As estatísticas mostram que ainda é possível limitar a mudança
climática em 1,5°C, mas a janela de oportunidade está fechando e irá exigirá
mudanças sem precedentes em todos os aspectos da sociedade.
5. Por que a COP24 é importante?
A COP deste ano em Katowice,
na Polônia, é particularmente crucial porque 2018 é o prazo concordado pelos
signatários do Acordo de Paris para adotar um programa de trabalho para a
implementação dos compromissos assumidos em Paris. Isso requer o ingrediente
mais importante, que é a confiança entre todos os países.
Entre os muitos elementos que
precisam ser resolvidos estão o financiamento da ação climática no mundo. Como
o relógio está correndo em relação à mudança climática, o mundo não pode
desperdiçar mais tempo. É preciso que todos concordem coletivamente num caminho
a seguir ousado, decisivo, ambicioso e responsável.
6.
Que provas serão usadas nas negociações da COP24?
As discussões serão baseadas
em provas científicas recolhidas durantes anos e avaliadas por especialistas.
Estes são os principais estudos:
Pesquisa publicada em outubro
pelo Ipcc sobre as diferenças
entre limitar o aquecimento global a 1,5°C ou 2°C acima dos
níveis pré-industriais
Relatório de Emissões de 2018 apresentado
pela ONU Meio Ambiente
Boletim de Gases de Efeito Estufa de
2018 publicado pela OMM
Relatório da OMM e da ONU
Meio Ambiente sobre a camada de
ozônio
7. Como é possível seguir as discussões da COP24?
Acompanhe a cobertura
completa em português da COP24 nesta
página especialcriada para o evento no website da ONU News.
Se inscreva no newsletter
sobre o tema da Mudança Climática para receber atualizações
diárias da ONU News sobre os destaques que acontecerem na Polônia.
8. Como participar das discussões e fazer a sua parte
na ação climática?
Você pode seguir a ferramenta ActNow.bot na
página do Facebook das Nações Unidas, a qual irá recomendar ações diárias para
salvar o planeta e acompanhará o número de ações realizadas para medir o
impacto que ações coletivas podem ter.
Ao compartilhar os esforços
da ação climática nas mídias sociais é possível incentivar mais pessoas a
agirem também.
Além disso, a
iniciativa Cadeira do
Povo garante que todos possam dar a sua contribuição
diretamente nas discussões da COP24. A ONU incentiva que as pessoas usem a
hashtag #TakeYourSeat e
envie suas mensagens.
9. Quais são os exemplos de iniciativas
que a ONU está apoiando para atacar a mudança climática?
Com o foco da ONU na questão
da sustentabilidade ambiental em todo o trabalho da organização, a ONU News tem
destacado alguns exemplos de projetos apoiados pela ONU Meio Ambiente ou
o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, entre outros. Estes
casos mostram o caminho para a ação climática.
Um exemplo é um projeto que
tenta salvar a onça
pintada, o alerta para o risco que os recifes de corais estão
correndo e uma outra iniciativa que está unindo religiosos e indígenas para
acabar com a deflorestação
da Amazônia na Colômbia.
Acompanhe a página da ONU News em português para conhecer
estas histórias.
10.
Por que a ONU também está planejando uma Cimeira do Clima em 2019?
Para aproveitar os resultados
da COP 24 e fortalecer a ação climática e a ambição em níveis mais altos
possíveis, o secretário-geral
da ONU, António Guterres, está convocando uma Cimeira do
Clima para setembro de 2019.
O evento antecede o prazo de
2020 para que os países finalizem seus planos nacionais e tem o objetivo focar
em iniciativas práticas para limitar as emissões e construir resiliência.
A Cimeira tem o propósito de
incentivar ações em seis áreas: transição para energia renovável, financiamento
para ação climática e tarifação do carbono, redução de emissões pelas
indústrias, uso da natureza como solução, cidades sustentáveis e ações locais e
resiliência à mudança climática. (News.un)
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