Diante das mudanças climáticas, país terá um desafio
que também é uma oportunidade: adaptar seu modelo de agropecuária e, de quebra,
cuidar do meio ambiente.
A
produção de alimentos no Brasil
Pastos
ocupam mais da metade da área voltada para a produção de alimentos no Brasil.
Brasil, temos uma excelente oportunidade de negócios pela frente.
Poderemos multiplicar a produtividade de nossa principal fonte de renda e ainda
proteger a natureza.
É
a chance de lucrar mais enquanto regeneramos florestas, cuidamos da água,
melhoramos a fertilidade do solo e, de quebra, ajudamos a salvar milhares de
vidas. E acredite: tal perspectiva não é um mero golpe de publicidade. Porém,
para entender essa oferta imperdível é preciso voltar um pouco no tempo.
Muito
antes de a Floresta Amazônica ter esse nome, ela não era um bioma intocado.
Havia muita gente na região, milhões de pessoas que viviam em comunidades
permeadas pela mata. Para não precisar caminhar quilômetros em busca de
alimento, elas começaram a plantar perto das aldeias. Terminaram cercadas por
florestas cheias de cacau, batata-doce, abacaxi, mandioca, açaí, cupuaçu,
castanha. Bateu a fome, era só dar um pulo ao supermercado orgânico
pré-histórico mais próximo.
Por
meio de tentativa e erro, os indígenas que habitavam o que seria o Brasil
desenvolveram a agricultura utilizando as plantas e o ambiente ao redor.
Sustentabilidade
e Agronegócio precisam caminhar juntos.
Com
os portugueses veio outra agricultura, de outra região, com outros vegetais.
Quando boa parte do pau-brasil tinha virado tinta para tecido na Europa, foi a
vez de a cana-de-açúcar dominar a paisagem da Mata Atlântica, com gigantescos
monocultivos movidos a mãos escravizadas para adoçar os países mais
desenvolvidos. Café, algodão, milho e muita soja depois, esse modelo tornou-se
convencional em todo canto.
Trocar
floresta por plantas exóticas tem suas consequências. O solo perde fertilidade,
as plantas ficam doentes, as pragas são cada vez mais frequentes e a produção
cai. Por séculos, o problema foi resolvido com a abertura de novas áreas. Até
que, no final da década de 1960, a ciência pôs fim à questão com o pacote de
fertilizantes químicos, pesticidas e maquinários pesados.
Com
a chamada Revolução Verde, a produtividade explodiu. E o Brasil se deu bem
nesse processo. Com terra e clima bons, o país virou uma potência mundial do
agronegócio, com a pecuária também entrando em cena.
Da
América do Sul para o mundo, o Brasil é um dos maiores exportadores de
commodities agrícolas — vendas que representaram 23,5% do PIB nacional em
2017. Temos 158 milhões de hectares de pastos, segundo o mais recente
Censo Agropecuário do IBGE.
São
três territórios que compreendem a Espanha dedicados para os bois. Outros 63
milhões de hectares para plantações, pouco menos de uma França, sendo mais da
metade (36 milhões de hectares) para grãos. Uma Suíça de milho e soja. Um
processo que levou 20% da Amazônia brasileira e 50% do Cerrado, trocados por
capim e grãos de outros cantos do mundo.
Saldo negativo
Cedo
ou tarde, a conta chega. A vegetação retém água no solo, auxilia o líquido a infiltrar-se
no lençol freático para o abastecimento de nascentes e rios. As plantas ainda
bombeiam a água de volta para a atmosfera, ciclo essencial para que o ambiente
fique fresco e úmido. “Uma parte bastante desmatada no setor sul do Cerrado
mostrou redução de 10% nas chuvas. A vegetação nativa é importante para manter
o clima mais estável, aumentar as chuvas e reduzir as temperaturas”, afirma
Carlos Nobre, meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE) e especialista em mudanças climáticas.
A
influência, porém, vai além dos limites de cada bioma. “A chuva que cai no
inverno ao sul da Bacia do Prata tem muita relação com o fluxo de vapor d’água
que sai da Amazônia e abastece o sistema de chuvas na região.” É a floresta que
envia chuva ao Sul do Brasil e a boa parte do Sudeste, da Argentina e do
Uruguai. (globo)
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