Temperatura e umidade do ar
elevadas fazem com que a sensação de calor seja ainda mais intensa.
Movimentação no Parque do
Ibirapuera, em São Paulo, com forte sol e calor.
O verão de 2018-2019 no
Brasil tem previsão
de temperaturas acima da média e a ocorrência do fenômeno El
Niño, o que deve impactar no regime de calor e chuvas na estação, segundo
Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Centro de Previsão de Tempo e
Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec-Inpe).
Quando a temperatura e a
umidade do ar estão muito altas, a soma destes fatores leva a um conceito muito
comum no verão: a sensação térmica, que geralmente é muito maior do que o calor
registrado nos termômetros.
Como ela é calculada?
No últimos 70 anos, mais de
160 diferentes índices de sensação térmica (que pode levar ao estresse térmico)
foram desenvolvidos e cada um adota critérios específicos para isso, explica
Beatriz Oliveira, pesquisadora da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças
Climáticas Globais, a Rede Clima.
Nos Estados Unidos, por
exemplo, é usado o Heat Index. No Canadá, o Humidex.
Recentemente, uma cidade no
Brasil chamou a atenção pelo calor intenso registrado. Antonina,
no litoral do Paraná, que atingiu 81ºC de sensação térmica em
18/12/18, segundo os meteorologistas paranaenses.
Aplicando a temperatura de
44,3ºC e 75% de umidade registrada na cidade ao Heat Index, a sensação térmica
seria de 100ºC. Já pelo Humidex, seria de 77ºC.
O G1 entrou
em contato com o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) para saber os
critérios adotados, mas até a publicação desta reportagem ainda não havia
conseguido contato.
“O Brasil não possui um
índice oficial, mas já há regulamentação sobre quanto um trabalhador poderia
estar exposto a uma temperatura e quanto ele deve descansar”, diz Oliveira.
Em geral, os índices levam em
conta variáveis como a incidência de ondas curtas (raios de Sol) no corpo
humano, de ondas longas (calor emitido após o raio de Sol bater em uma
superfície), o fluxo do calor latente (quantidade de calor que a água usa para
mudar de líquida para vapor, por exemplo), e o metabolismo do indivíduo (que em
geral varia conforme a idade), diz Diogo Arsego, meteorologista do CPTEC-Inpe.
Efeitos do calor no corpo
O médico e coordenador de
meio ambiente na Organização Mundial de Médicos da Família (Wonca, na sigla em
inglês) Enrique Barros reforça que quando a temperatura medida na axila está
acima de 40ºC, a vida humana está sob risco.
O corpo tende a se estressar
tentando baixar a temperatura:
# os vasos sanguíneos se
dilatam (abrem) para tentar trocar o calor interno com o ambiente externo
# com mais sangue perto da
pele, ela fica mais vermelha
# há maior transpiração para
tentar perder calor com a evaporação do suor
# com o aumento do suor, há
perda de minerais e o corpo pode sentir câimbras
# pode haver desidratação; o
feito é a diminuição do raciocínio e o tempo de reação
# com a vasodilatação, é
possível sentir fraqueza: o sangue chega com pouca pressão no cérebro
# com pouco sangue, o cérebro
tem baixa troca de oxigênio
# o quadro pode levar ao
desmaio ou convulsão
O termo sensação térmica se
popularizou mais após a Segunda Guerra Mundial, quando tropas alemãs
fracassaram na tentativa de invasão à Rússia, durante seu inverno rigoroso. Foi
a partir daí que o exército americano criou um índice de avalição da sensação
térmica relacionado à velocidade do vento. Esse índice se popularizou e passou
a ser divulgado relacionado às temperaturas diárias.
Além dos registros diários de
altas temperaturas, Barros faz um alerta para a mudança climática e os riscos
do aquecimento global. "As temperaturas estão aumentando, ano a ano, na
última década e isso tem piorado com a forma como organizamos as cidades. As
pessoas não se dão conta de que está ficando mais quente. Isso coloca em risco
crianças, idosos, pacientes com problemas crônicos e até os trabalhadores que
estão na rua", diz. (g1)
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