sábado, 5 de janeiro de 2019

Sensação térmica no verão: saiba o que é e como é calculada

Temperatura e umidade do ar elevadas fazem com que a sensação de calor seja ainda mais intensa.
Movimentação no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, com forte sol e calor.
O verão de 2018-2019 no Brasil tem previsão de temperaturas acima da média e a ocorrência do fenômeno El Niño, o que deve impactar no regime de calor e chuvas na estação, segundo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec-Inpe).
Quando a temperatura e a umidade do ar estão muito altas, a soma destes fatores leva a um conceito muito comum no verão: a sensação térmica, que geralmente é muito maior do que o calor registrado nos termômetros.
Como ela é calculada?
No últimos 70 anos, mais de 160 diferentes índices de sensação térmica (que pode levar ao estresse térmico) foram desenvolvidos e cada um adota critérios específicos para isso, explica Beatriz Oliveira, pesquisadora da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais, a Rede Clima.
Nos Estados Unidos, por exemplo, é usado o Heat Index. No Canadá, o Humidex.
Recentemente, uma cidade no Brasil chamou a atenção pelo calor intenso registrado.  Antonina, no litoral do Paraná, que atingiu 81ºC de sensação térmica em 18/12/18, segundo os meteorologistas paranaenses.
Aplicando a temperatura de 44,3ºC e 75% de umidade registrada na cidade ao Heat Index, a sensação térmica seria de 100ºC. Já pelo Humidex, seria de 77ºC.
G1 entrou em contato com o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) para saber os critérios adotados, mas até a publicação desta reportagem ainda não havia conseguido contato.
“O Brasil não possui um índice oficial, mas já há regulamentação sobre quanto um trabalhador poderia estar exposto a uma temperatura e quanto ele deve descansar”, diz Oliveira.
Em geral, os índices levam em conta variáveis como a incidência de ondas curtas (raios de Sol) no corpo humano, de ondas longas (calor emitido após o raio de Sol bater em uma superfície), o fluxo do calor latente (quantidade de calor que a água usa para mudar de líquida para vapor, por exemplo), e o metabolismo do indivíduo (que em geral varia conforme a idade), diz Diogo Arsego, meteorologista do CPTEC-Inpe.
Efeitos do calor no corpo
O médico e coordenador de meio ambiente na Organização Mundial de Médicos da Família (Wonca, na sigla em inglês) Enrique Barros reforça que quando a temperatura medida na axila está acima de 40ºC, a vida humana está sob risco.
O corpo tende a se estressar tentando baixar a temperatura:
# os vasos sanguíneos se dilatam (abrem) para tentar trocar o calor interno com o ambiente externo
# com mais sangue perto da pele, ela fica mais vermelha
# há maior transpiração para tentar perder calor com a evaporação do suor
# com o aumento do suor, há perda de minerais e o corpo pode sentir câimbras
# pode haver desidratação; o feito é a diminuição do raciocínio e o tempo de reação
# com a vasodilatação, é possível sentir fraqueza: o sangue chega com pouca pressão no cérebro
# com pouco sangue, o cérebro tem baixa troca de oxigênio
# o quadro pode levar ao desmaio ou convulsão
O termo sensação térmica se popularizou mais após a Segunda Guerra Mundial, quando tropas alemãs fracassaram na tentativa de invasão à Rússia, durante seu inverno rigoroso. Foi a partir daí que o exército americano criou um índice de avalição da sensação térmica relacionado à velocidade do vento. Esse índice se popularizou e passou a ser divulgado relacionado às temperaturas diárias.
Além dos registros diários de altas temperaturas, Barros faz um alerta para a mudança climática e os riscos do aquecimento global. "As temperaturas estão aumentando, ano a ano, na última década e isso tem piorado com a forma como organizamos as cidades. As pessoas não se dão conta de que está ficando mais quente. Isso coloca em risco crianças, idosos, pacientes com problemas crônicos e até os trabalhadores que estão na rua", diz. (g1)

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