Um bilhão de litros de chorume são despejados todo
ano na Baía de Guanabara.
No
Dia Mundial da Água é comemorado este ano, no Rio de Janeiro, com a constatação
de que um bilhão de litros de chorume são despejados na Baía de Guanabara todo
ano, de acordo com denúncia do Movimento Baía Viva. Chorume é o líquido
poluente de cor escura e mau cheiro, originado de processos biológicos,
químicos e físicos da decomposição de resíduos orgânicos.
O
vazamento de chorume proveniente do lixão de Gramacho, em Duque de Caxias,
Baixada Fluminense, foi objeto de reunião esta semana no Ministério Público
Federal de São João de Meriti com pescadores artesanais da região, acompanhados
do coordenador do Baía Viva, o ambientalista Sérgio Ricardo. As empresas que
respondem pelas estações de tratamento desse resíduo não foram convidadas para
o encontro, o mesmo ocorrendo em relação ao Instituto Estadual do Ambiente
(Inea).
De
acordo com o procurador do MPF, Julio José Araujo Júnior, foi uma audiência
informativa sobre os caminhos que vêm sendo conduzidos pelo órgão desde o ano
passado, incluindo o ajuizamento de uma ação judicial este ano, pedindo a
nulidade de um acordo firmado entre o estado do Rio de Janeiro, por meio do Inea,
e a empresa Gás Verde, vencedora da licitação para reparação dos danos
ambientais do lixão de Gramacho e tratamento do chorume. A ação defende a
necessidade de os pescadores participarem do processo. “Por isso, sustenta que
o acordo é nulo”, disse o procurador.
Cronograma
O
objetivo foi aprofundar o diálogo com os pescadores e garantir o
estabelecimento de um cronograma de cobrança em relação ao estado e ao Inea de
várias reparações que vão ser definidas posteriormente quanto aos pescadores.
Araujo Júnior admitiu que durante os próximos encontros poderá ser analisada a
criação de uma compensação ambiental emergencial pelos danos causados aos
pescadores artesanais. Os pescadores das comunidades da Chacrinha e Saracuruna,
em Duque de Caxias, não estão conseguindo sobreviver da pesca de caranguejos no
manguezal e no Rio Sarapuí, devido à elevada poluição.
“Com
o chorume que está sendo despejado, as pessoas não têm mais condições de se
sustentar da pesca. Estão catando garrafas PET e latinhas no manguezal. Mas até
isso acabou. E agora? Não há sobrevivência mais. Só encontramos lixo, como
pneu, madeira”, disse o presidente da Colônia de Pesca de Duque de Caxias, que
conta com 120 associados, Gilciney Lopes Gomes. Segundo o pescador, as famílias
estão desesperadas, sem saber o que fazer.
O
ecologista Sérgio Ricardo, coordenador do Movimento Baía Viva, destacou que as
principais fontes do vazamento de chorume na Baía de Guanabara são os lixões de
Gramacho, em Duque de Caxias, e o de Itaóca, em São Gonçalo.
O
procurador da República disse que há uma decisão judicial para que se implante
mais estações de tratamento nessas áreas. Uma série de novos encontros deve
ocorrer em abril próximo.
Estações de tratamento
O
ambientalista Sérgio Ricardo afirmou que desde 2012, o Inea não exigiu a
implantação de estações de tratamento de chorume de todos os aterros sanitários
e lixões que foram desativados. “O Inea licenciou novos aterros sanitários da
região metropolitana e não exigiu a estação de tratamento de chorume. Então,
está todo mundo produzindo chorume e lançando no meio ambiente. Vai tudo para a
Baía”, afirmou o coordenador do Baía Viva.
Outro
problema, segundo ele, é que a quantidade estimada de chorume estocado em
lagoas de estabilização ou tanques de acumulação nos aterros sanitários e
lixões licenciados ou controlados, alcança 500 mil metros cúbicos, ou o
equivalente a 500 milhões de litros de chorume altamente poluente. “A cada
momento que chove, isso transborda, invade os manguezais e o pescador se
lasca”, comentou Ricardo.
O
Inea informou que fiscaliza os aterros sanitários licenciados pelo órgão, que
estão instalados no entorno da Baía de Guanabara, e não constatou vazamento de
chorume recente. O Inea afirmou que “realiza rotineiramente operações para
reprimir e interditar lixões clandestinos situados às margens da Baía de
Guanabara. As ações de fiscalização são deflagradas a partir de um trabalho de
inteligência, que o Inea vem realizando na região, e também por meio de
denúncias. A população pode denunciar por meio da Ouvidoria do Inea pelo
telefone 2332-4604”, disse o instituto, em nota.
Nota de esclarecimento,
Sobre
a reportagem publicada pela Agência Brasil “Um bilhão de litros de chorume são
despejados na Baía de Guanabara”, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea)
esclarece que:
•
Não há base técnica alguma para tais afirmações. Aterros sanitários possuem
licenciamento ambiental e são estruturas executadas e operadas dentro de normas
de engenharia e pelas legislações vigentes. Quando ocorre um vazamento em local
licenciado, o mesmo é imediatamente identificado e iniciados os processos
administrativos e operacionais necessários para garantir a segurança ambiental.
•
Atualmente, os aterros sanitários possuem cerca de 310 mil metros cúbicos, ou
seja, 310 milhões de litros de chorume acumulados nas lagoas para TRATAMENTO.
•
O Inea fiscaliza os aterros sanitários licenciados por esse instituto, que
estão instalados no entorno da Baía de Guanabara, e não constatou vazamento de
chorume recente.
• O órgão ambiental estadual realiza
rotineiramente operações para reprimir e interditar lixões clandestinos
situados às margens da Baía de Guanabara. As ações de fiscalização são
deflagradas a partir de um trabalho de inteligência, que o Inea vem realizando
na região, e também por meio de denúncias. A população pode denunciar por meio
da Ouvidoria do Inea pelo telefone 2332-4604.
•
Em Jardim Gramacho, o Inea já multou a empresa Gás Verde por vazamento de
chorume. A licença ambiental da mesma encontra-se suspensa até que ela cumpra
todas as condicionantes impostas no Termo de Ajustamento de Conduta, (TAC),
celebrado entre a empresa e o Inea. Pelo TAC, a empresa se comprometeu a
investir R$ 9 milhões, em ações divididas em emergenciais, estudos ambientais
de investigação da qualidade do solo e da água subterrânea, estudos geotécnicos
e intervenções operacionais, dentre elas, a execução de melhorias na Estação de
Tratamento de Chorume. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário