Dia 22 de março é comemorado
o Dia Mundial da Água. Do leste ao oeste do Brasil, da caatinga à Amazônia. A
água é fundamental para o homem, a natureza e a vida. O país detém cerca de 12%
de toda água superficial do planeta e talvez seja este
fato que torna o Brasil uma potência capaz de integrar conservação da
biodiversidade e desenvolvimento sócio econômico.
No Dia Mundial da Água, três
especialistas, com trabalhos focados em três biomas distintos, destacam a
importância deste recurso nas diferentes realidades brasileiras.
Por Mariana Pupo
A Caatinga, único bioma
exclusivamente brasileiro e um dos mais ameaçados do país, é uma região com um
índice pluviométrico menor do que outras regiões do país. De todas as regiões
semiáridas do mundo é a mais populosa, com cerca de 27 milhões de pessoas,
necessitando de água diariamente e somado a isso, os efeitos do aquecimento
global tem acentuado cada vez mais a escassez hídrica na região. A Associação
Caatinga, ONG focada em promover a conservação e a valorização do bioma, atua
desde 1998, no Ceará, e empregamos esse objetivo em variadas ações de projetos.
Para Daniel Fernandes, coordenador geral da Associação Caatinga, a proteção das
florestas deve ser o princípio básico para conservação dos biomas brasileiros,
assegurando a disponibilidade hídrica e diminuição dos efeitos do aquecimento
global. “É o caminho que precisamos seguir para termos uma ambiente
ecologicamente equilibrado e segurança hídrica para as presentes e futuras
gerações”, destacou.
Em seus 20 anos de atuação, a instituição
construiu aproximadamente 180 cisternas de placas em 24 comunidades, nove
sistemas Bioágua, que consiste no reaproveitamento da água para irrigação
destinada à produção de alimentos, em oito comunidades e deverá produzir mais
cinco ainda em 2019. Com eles, as famílias poderão aumentar a produção de
alimentos e oferta de água, já que aproximadamente 300 litros serão reusados
diariamente. Todas estas ações têm forte aderência com os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) e com a Década de Recuperação dos
Ecossistemas (2021/2030) estabelecidos pela ONU. Para Fernandes, são essas
iniciativas que permitem a transformação da comunidade com desenvolvimento local
sustentável. “É de suma importância a implementação, de forma célere, de ações
que busquem mitigar os efeitos do aquecimento global e promovam condições de
adaptação à semiaridez, como, por exemplo, tecnologias sociais de saneamento,
armazenamento e reuso de água,” ressalta.
A Amazônia, tão conhecida
pela sua floresta, tem um outro lado. A bacia do Amazonas drena em torno de 40%
do território da América do Sul e no Brasil esse percentual ultrapassa os 60%
do território nacional. Se considerado o fluxo de água que circula pela
atmosfera em forma de vapor e ainda abastece outras bacias ao Sul, temos por aí
uma dimensão do quanto é importante é a conservação da região, não só para o
Brasil. Em termos de vazão total do Amazonas, há uma estimativa que gira em
torno de 230.000 m3/segundo, é o maior fluxo hidrográfico de
água doce do planeta. Atuando desde 2013 na Amazônia, a WCS Brasil promove a
Iniciativa Águas Amazônicas (IAA), que tem a proposta de mostrar o “lado b” da
floresta. A IAA, até o momento, gerou uma base de informações sobre águas,
paisagens aquáticas, biodiversidade e pesca na Amazônia e propôs uma nova
classificação da Bacia amazônica levando em consideração não só as calhas de
rios, mas também suas planícies de inundação. Atualmente, está buscando
construir propostas voltadas ao manejo integrado de bacias hidrográficas e
gerando subsídios para ações de manejo e conservação que levem em consideração
o aumento da proteção das águas e paisagens aquáticas na Amazônia.
Para Carlos Durigan, diretor executivo da WCS
Brasil, a importância da água na Amazônia ultrapassa as fronteiras
territoriais. “Além da importância da disponibilidade do recurso em si para as
mais de 25 milhões de pessoas que vivem na região, é preciso considerar também
a manutenção para os serviços ecossistêmicos associados a esse enorme volume de
água em escala regional e global. É a manutenção da maior biodiversidade do
planeta!”, reforça.
Na região Sudeste, a Fundação
Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) busca entender a
importância da água, considerando sua disponibilidade, qualidade e
variabilidade, bem como aspectos relacionados ao uso e gestão deste recurso nas
diferentes regiões do país. “É ponto crítico para assegurar o desenvolvimento
sustentável no país. Para isso, buscamos integrar diversas ferramentas para
entender de que maneira a água contribuirá para o crescimento social, econômico
e ambiental do Brasil, mantendo as atividades produtivas nos diferentes biomas,
assegurando seu uso sustentável e garantindo a conservação deste recurso chave
para o país”, afirma Walfredo Schindler, Diretor superintendente da FBDS.
(ecodebate)
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