As mudanças climáticas estão
acontecendo agora e não precisamos esperar o futuro para ver os efeitos.
“Diálogos na USP” discute as
mudanças climáticas e possíveis soluções – Especialistas garantem que a solução
passaria por medidas de Estado.
Assista
ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=OX_yPn58Zzw.
A Organização das Nações
Unidas vem alertando que a meta do Acordo de Paris, assinado em 2015, de
limitar o aumento da temperatura média global “abaixo de 2°C em relação aos
níveis pré-industriais”, corre o sério risco de não ser alcançada. Isso porque
as principais economias, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia, estão
aquém de suas promessas.
Impactos das mudanças
climáticas pelo mundo, pela poluição, são inevitáveis.
O planeta está agora quase um
grau mais quente do que estava antes do processo de industrialização, de acordo
com a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Os 20 anos mais quentes da
história foram registrados nos últimos 22 anos, sendo que os anos de 2015 a
2018 ocupam os quatro primeiros lugares do ranking, diz a OMM. O ano passado,
por exemplo, bateu todos os recordes. Se essa tendência continuar, as
temperaturas poderão subir de 3 a 5 graus até 2100.
Mas, afinal, o quão quente o
planeta ficou e o que podemos fazer em relação a isso?
Para falar sobre mudanças
climáticas e as possíveis soluções, o Diálogos na USP recebeu os professores
Emerson Galvani, do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas da USP, presidente da Associação Brasileira de Climatologia
entre 2008 e 2010, e Marcelo Marini Pereira de Souza, titular da Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e
presidente da Associação Brasileira de Avaliação de Impacto.
Marcelo Marini alerta para o
fato de que as mudanças climáticas já estão ocorrendo, não é algo que ocorrerá
no futuro. “Não é um clique para daqui a pouco, esse clique já aconteceu”,
comenta. Segundo o professor, os problemas não têm apenas viés econômico, mas
também um grande impacto ambiental, sendo que “o grande problema ambiental hoje
é a perda de biodiversidade”, causada principalmente pela ação humana e por
essas mudanças no clima. “O ser humano insiste em contribuir com esse processo
e não atender às questões globais, atendendo apenas aos interesses econômicos”,
afirma.
Emerson Galvani destaca que
não há mais dúvidas de que o planeta está esquentando: “Hoje já é consenso que
a temperatura está aumentando, tanto em áreas urbanizadas quanto não
urbanizadas”. De acordo com o professor, a causa seria “uma força natural,
associada aos ciclos geológicos, e uma força humana”. Ele cita como exemplo de
força humana os veículos que utilizamos no dia a dia e que liberam gases
estufa.
A solução passaria por
medidas de Estado, não apenas de um governo, comenta Galvani. “Uma política
pública, continuada, independentemente do partido que esteja no poder”,
complementa. O professor destaca mudanças ocorridas no Brasil nos últimos
governos, apontando para a mudança no Ministério do Meio Ambiente, “que perdeu
grande parte das suas funções e está atrelado aos grandes latifúndios”. Isso
tudo pode ser prejudicial para ambos os lados, “gerando uma desorganização das
atividades do agronegócio e das atividades de preservação e conservação
ambiental”.
Já Marini atenta para o fato de a sustentabilidade só ter entrado em pauta por ter se tornado algo importante para a economia mundial: “O mercado internacional passou a considerar o meio ambiente, porque senão o investidor perde reputação”. Porém, o professor acredita que “a questão ambiental não pode estar a reboque das questões econômicas, ela tem a sua roupagem”. Essa sobreposição dos interesses financeiros estaria contribuindo para a perda das questões da área ambiental.
Já Marini atenta para o fato de a sustentabilidade só ter entrado em pauta por ter se tornado algo importante para a economia mundial: “O mercado internacional passou a considerar o meio ambiente, porque senão o investidor perde reputação”. Porém, o professor acredita que “a questão ambiental não pode estar a reboque das questões econômicas, ela tem a sua roupagem”. Essa sobreposição dos interesses financeiros estaria contribuindo para a perda das questões da área ambiental.
Assista
ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=l5GCXIvjXjo.
(ecodebate)
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