Estudo
revela que o Brasil é o 4º país do mundo que mais gera lixo plástico e o que
menos recicla.
Estudo
do WWF baseado em dados do Banco Mundial aponta que entre os 15 países que mais
geram lixo plástico no Mundo, Brasil é o que menos recicla
Brasil produz 11.355.220
toneladas de lixo plástico por ano. Desse total, apenas 1,2% é reciclado, ou
seja, 145.043 toneladas. Bem abaixo da média global de reciclagem de lixo
plástico, que é de 9%.
Brasileiro produz, em média, 1
kg de lixo plástico por semana, uma das maiores médias do mundo.
Os maiores produtores de lixo
plástico no mundo são; EUA (70,7 milhões de toneladas), China (54,7 milhões de
toneladas), Índia (19,3 milhões de toneladas), Brasil (11,3 milhões de
toneladas) e Indonésia (9,8 milhões de toneladas).
Aproximadamente 10 milhões de
toneladas de plásticos chegam aos oceanos a cada ano – o que equivale à 23.000
Boeing 747 pousando nos oceanos todos os anos.
75% de todo o plástico
produzido já foi descartado.
Até
2030, a poluição por plásticos nos oceanos deve chegar a 300 milhões de
toneladas – o que corresponde a 26.000 garrafas de 500ml de água a cada km² de
oceano.
Abordagens descoordenadas e
fragmentadas para resolver esta crise não serão suficientes. Por isso é crucial
que os líderes globais se comprometam a reduzir a poluição por plásticos.
A votação de um acordo global
sobre o tema acontecerá em março, durante a UNEA-4, em Nairóbi, Quênia.
A crise mundial da poluição por
plásticos só vai piorar a menos que todos os atores da cadeia de valor dos
plásticos se responsabilizem pelo custo real do material para a natureza e para
as pessoas, alerta um relatório do WWF (Fundo Mundial para a Natureza)
publicado hoje. O novo estudo, “Solucionar a Poluição
Plástica – Transparência e Responsabilização“, reforça a urgência de um acordo global para conter a poluição
por plásticos.
A proposta desse acordo
global será votada na Assembleia das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-4), que será realizada em Nairóbi, no Quênia, de 11 a 15 de março.
Segundo o estudo do WWF, mais de 104 milhões de toneladas de plástico irão
poluir nossos ecossistemas até 2030 se nenhuma mudança acontecer na nossa
relação com o material.
Em fevereiro, o WWF lançou uma petição para
pressionar os líderes globais a defenderem esse acordo legalmente vinculativo
sobre a poluição dos plásticos marinhos na UNEA-4, que até agora atraiu 200.000
assinaturas em todo o mundo. Para participar da petição, acesse: http://bit.ly/OceanoSemPlastico
Segundo o estudo lançado pelo
WWF hoje, o volume de plástico que vaza para os oceanos todos os anos é de
aproximadamente 10 milhões de toneladas, o que equivale a 23 mil aviões Boeing
747 pousando nos mares e oceanos todos os anos – são mais de 60 por dia. Nesse
ritmo, até 2030, encontraremos o
equivalente a 26 mil garrafas de plástico no mar a cada km2, revela
o estudo conduzido pelo WWF.
“Nosso
método atual de produzir, usar e descartar o plástico está fundamentalmente
falido. É um sistema sem responsabilidade, e atualmente opera de uma maneira
que praticamente garante que volumes cada vez maiores de plástico vazem para a
natureza”, afirma Marco Lambertini, Diretor-Geral
do WWF-Internacional.
Plástico: descarte irregular
ameaça oceanos e ecossistemas.
De acordo com o estudo:
“O plástico não é inerentemente
nocivo. É uma invenção criada pelo homem que gerou benefícios significativos
para a sociedade. Infelizmente, a maneira com a qual indústrias e governos
lidaram com o plástico e a maneira com a qual a sociedade o converteu em uma
conveniência descartável de uso único transformou esta inovação em um desastre
ambiental mundial. Aproximadamente metade de todos os produtos plásticos que
poluem o mundo hoje foram criados após 2000. Este problema tem apenas algumas
décadas e, ainda assim, 75% de todo o plástico já produzido já foi descartado.”
No Brasil
O Brasil é o 4º maior produtor
de lixo plástico no mundo, com 11,3 milhões de toneladas, ficando atrás apenas
dos Estados Unidos, China e Índia. O Brasil recicla apenas 1,28% do total
produzido, um dos menores índices da pesquisa e bem abaixo da média global de
reciclagem plástica que é de 9%. O levantamento foi realizado pelo WWF com
números do Banco do Mundial e analisou a relação com o plástico em mais de 200
países, e apontou que o brasileiro produz, em média, aproximadamente 1 quilo de
lixo plástico a cada semana.
Produção e reciclagem de
plástico no mundo
Números em toneladas
Fonte:
WWF / Banco Mundial (What a Waste 2.0: A Global Snapshot of Solid Waste
Management to 2050)
*Valor total de lixo plástico
descartado em resíduos sólidos urbanos, resíduos industriais, resíduos de
construção, lixo eletrônico e resíduos agrícolas, na fabricação de produtos
durante um ano.
No Brasil, segundo dados do
Banco Mundial, mais de 2,4 milhões de toneladas de plástico são descartadas de
forma irregular, sem qualquer tipo de tratamento, em lixões a céu aberto.
Outros 7,7 milhões de toneladas são destinadas a aterros sanitários. E mais de
1 milhão de toneladas sequer são recolhidas pelos sistemas de coleta.
“É hora de mudar a maneira
como enxergamos o problema: há um vazamento enorme de plástico que polui a natureza e ameaça a vida. O
próximo passo para que haja soluções concretas é trabalharmos juntos por meio
de marcos legais que convoquem à ação os responsáveis pelo lixo gerado. Só
assim haverá mudanças urgentes na cadeia de produção de tudo o que consumimos”,
afirma Mauricio Voivodic, Diretor Executivo do
WWF-Brasil.
Impacto
socioambiental
A poluição do plástico afeta a
qualidade do ar, do solo e sistemas de fornecimento de água. Os impactos
diretos estão relacionados a não regulamentação global do tratamento de
resíduos de plástico, ingestão de micro e nanoplásticos (invisível aos olhos) e
contaminação do solo com resíduos.
A queima ou incineração do
plástico pode liberar na atmosfera gases tóxicos, alógenos e dióxido de
nitrogênio e dióxido de enxofre, extremamente prejudiciais à saúde humana. O
descarte ao ar livre também polui aquíferos, corpos d’água e reservatórios,
provocando aumento de problemas respiratórios, doenças cardíacas e danos ao
sistema nervoso de pessoas expostas.
Na poluição do solo, um dos
vilões é o microplástico oriundo das lavagens de roupa doméstica e o
nanoplástico da indústria de cosméticos, que acabam sendo filtrados no sistema
de tratamento de água das cidades e acidentalmente usados como fertilizante, em
meio ao lodo de esgoto residual. Quando não são filtradas, essas partículas
acabam sendo lançadas no ambiente, ampliando a contaminação.
Micro e nanoplásticos vêm
sendo ainda consumidos por humanos via ingestão de sal, pescados,
principalmente mariscos, mexilhões e ostras. Estudos indicam que 241 em cada 259 garrafas de água também estão contaminadas com
microplásticos. Apesar de alarmante, ainda
são pouco conhecidos os impactos desta exposição humana, em longo prazo.
Apesar
de ainda haver poucos estudos sobre o impacto da ingestão de plástico por seres
humanos e outras espécies de animais, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
declarou, em 2018, que entender os efeitos do microplástico na água potável é
um passo importante para dimensionar o impacto da poluição de plásticos em
humanos.
No caminho das
soluções
O estudo do WWF também aponta
as possíveis soluções e caminhos capazes de estimular a criação de uma cadeia
circular de valor ao plástico. Pensados para cada elo do sistema, que envolve a
produção, consumo, descarte, tratamento e reuso do plástico, os cuidados
necessários propostos oferecem uma orientação para os setores público e
privado, indústria de reciclagem e consumidor final, de modo que todos consumam
menos plástico virgem (o plástico novo) e estabeleçam uma cadeia circular
completa.
Os principais pontos da
proposta são:
Cada produtor ser responsável
pela sua produção de plástico – O valor de mercado do plástico virgem não é real pois não
quantifica os prejuízos causados ao meio ambiente e também não considera os
investimentos em reuso ou reciclagem. É necessário haver mecanismos para garantir
que o preço do plástico virgem reflita seu impacto negativo na natureza e para
a sociedade, o que incentivaria o emprego de materiais alternativos e
reutilizados.
Zero vazamento de
plástico nos oceanos – O
custo da reciclagem é afetado pela falta de coleta e por fatores como lixo não
confiável, ou seja, misturado ou contaminado. As taxas de coleta serão maiores
se a responsabilidade pelo descarte correto for colocada em empresas produtoras
dos produtos de plástico e não apenas no consumidor final, uma vez que serão
encorajadas a buscar materiais mais limpos desde seu design até o descarte.
Reuso e reciclagem
serem base para o uso de plástico – A reciclagem é mais rentável quando o produto pode ser
reaproveitado no mercado secundário. Ou seja, o sucesso desse processo depende
de que valor esse plástico é negociado e seu volume (que permita atender
demandas industriais). Preço, em grande parte, depende de qualidade do
material, e essa qualidade pode ser garantida quando há poucas impurezas no
plástico, e quando ele é uniforme – em geral, oriundo de uma mesma fonte. Um sistema de
separação que envolva as empresas produtoras do plástico ajuda a viabilizar
esta uniformidade e volume, ampliando a chance de reuso.
Substituir o uso de
plástico virgem por materiais reciclados. Produtos de plástico oriundo de uma única fonte e com poucos
aditivos reduzem os custos de gerenciamento desses rejeitos e melhoram a
qualidade do plástico para uso secundário. Por isso o design e o material de um
produto são essenciais para diminuir esse impacto, e cabe às empresas a
responsabilidade por soluções.
Reduzir
o consumo de plástico resulta em mais opções de materiais que sirvam como opção
ao plástico virgem, garantindo que seu preço reflita plenamente seu custo na
natureza e, assim, desencorajando o modelo de uso único. “Criar uma cadeia
circular de valor para o plástico requer melhorar os processos de separação e
aumentar os custos por descarte, incentivando o desenvolvimento de estruturas
para o tratamento de lixo”, afirma Gabriela Yamaguchi,
diretora de Engajamento do WWF-Brasil.
Biodiversidade
Estima-se que os resíduos plásticos existentes
nos solos e rios seja ainda maior do que nos oceanos, impactando a vida de
muitos animais e contaminando diversos ecossistemas, abrangendo agora os quatro
cantos do mundo – inclusive a Antártida.
“No Brasil, a maior parte do
lixo marinho encontrado no litoral é plástico. Nas últimas décadas, o aumento
de consumo de pescados aumentou em quase 200%. As pesquisas realizadas no país
comprovaram que os frutos do mar têm alto índice de toxinas pesadas geradas a
partir do plástico em seu organismo, portanto, há impacto direto dos plásticos na saúde humana. Até as colônias de corais – que são as ‘florestas submarinas’ –
estão morrendo. É preciso lembrar que os oceanos são responsáveis por 54,7% de
todo o oxigênio da Terra”, afirma Anna
Carolina Lobo, gerente do Programa Mata Atlântica e Marinho do WWF-Brasil.
Criado como uma solução
prática para a vida cotidiana e difundido na sociedade a partir da segunda
metade do século 20, o plástico há muito vem chamando atenção pela poluição que
gera, uma vez que o material, feito principalmente a partir de petróleo e gás,
com aditivos químicos, demora
aproximadamente 400 anos para se decompor plenamente na natureza.
Estimativas indicam
que, desde 1950, mais de
160 milhões de toneladas de plástico já foram depositadas nos oceanos de todo o
mundo. Ainda assim, estudos indicam
que a poluição de plástico nos ecossistemas terrestres pode ser pelo menos
quatro vezes maior do que nos oceanos.
Os principais danos do
plástico à natureza podem ser listados como estrangulamento, ingestão e danos
ao habitat.
O estrangulamento de
animais por pedaços de plástico já foi registrado em mais de 270 espécies
animais, incluindo mamíferos, répteis,
pássaros e peixes, ocasionando desde lesões agudas e até crônicas, ou mesmo a
morte. Esse estrangulamento é hoje uma das maiores ameaças à vida selvagem e
conservação da biodiversidade.
A ingestão de plástico já foi registrada em mais de
240 espécies. A maior parte dos animais desenvolve úlceras e bloqueios digestivos
que resultam em morte, uma vez que o plástico muitas vezes não consegue passar
por seu sistema digestivo.
Cada brasileiro
produz um quilo de lixo plástico por semana.
Peso na economia
A poluição por plástico gera mais de US$ 8 bilhões de prejuízo à economia global. Levantamento do PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente –, aponta que os principais setores diretamente afetados são o
pesqueiro, comércio marítimo e turismo. Enquanto o lixo plástico nos oceanos
prejudica barcos e navios utilizados na pesca e no comércio marítimo, o
plástico nas águas vem reduzindo o número de turistas em áreas mais expostas,
como Havaí, Ilhas Maldivas e Coréia do Sul. (ecodebate)
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