domingo, 7 de abril de 2019

Consumo de água deve crescer 24% em 11 anos

Puxado pela agropecuária, consumo de água deve crescer 24% em 11 anos.
Projeção da Agência Nacional de Águas (ANA) é de que o consumo total no país ultrapasse 2,5 milhões de litros por segundo até 2030.
Somente a agricultura irrigada utilizou mais de 1 milhão de litros por segundo em 2017, ou seja, 52% do total retirado.
O consumo consuntivo de recursos hídricos (que inclui o consumo de água para irrigação, uso na indústria e o abastecimento humano) no Brasil deve aumentar 24% até 2030, e a maior contribuição proporcional é da agropecuária. A projeção consta do Manual de Usos Consuntivos da Água no Brasil, divulgado esta semana pela Agência Nacional de Águas (ANA), e tem como base o período evolutivo de utilização da água desde 1931, passando pelo atual momento, até 2030.
Projeção de demandas de uso da água no Brasil, por setor (%) e total sem considerar a evaporação dos reservatórios.
Segundo o documento, em 2017, último ano em que os dados foram coletados, a agricultura irrigada e o abastecimento animal representaram 60% do consumo dos recursos hídricos nacionais disponíveis.

Isso significa que em 2017 foram utilizados 2 milhões e 83 mil litros de água por segundo no Brasil. Somente a agricultura irrigada utilizou mais de 1 milhão de litros por segundo naquele ano, ou seja, 52% do total retirado. Já o abastecimento animal foi 8% do total e diz respeito à água usada nas estruturas de bebedouros, lagos, ribeirões, açudes, criação e ambiência. Para 2030, a projeção é que o consumo total no país ultrapasse 2,5 milhões de litros por segundo.
O rebanho bovino, no que tange o abastecimento animal, é o que utiliza mais água: 88% daquilo que é retirado anualmente.

Em 1931, foi registrado o uso de apenas 131 mil litros de água por segundo no país. O aumento progressivo da utilização dos recursos hídricos nos últimos 88 anos demonstra que o potencial de expansão desses índices é elevado. Somado a isso, está o fato de a Agência projetar a incorporação de em média três milhões de hectares produtivos adicionais até 2030.
Para o diretor da Agência Nacional de Águas, Marcelo Cruz, os dados levantados são fundamentais para nortear não só ações de gestão, planejamento e investimentos necessários para evitar a escassez dos recursos hídricos, mas também para assegurar os ganhos do setor produtivo. “Esse estudo é para antecipar, do ponto vista da gestão dos recursos hídricos, a compatibilização dos usos consuntivos, propiciar equilíbrio entre a oferta e a demanda nas bacias hidrográficas e, é claro, gerar a garantia hídrica para o desenvolvimento econômico do país”, completa.
Cruz ainda destaca a importância do monitoramento constante das áreas irrigadas. A ANA, em parceria com a Conab e a Embrapa, mantém atualizado o Atlas Irrigação, levantamento que, além de elencar as áreas irrigadas brasileiras, também aborda o potencial de expansão  no uso da água.
Foco no consumo
A cana-de-açúcar é a cultura de maior área irrigada do Brasil. O arroz cultivado sob inundação apresenta a segunda maior área irrigada e responde pelo maior consumo de água.
São Paulo representa 37% do uso consuntivo da água para o cultivo na cana, seguido de Goiás, demais unidades da federação, Minas Gerais e Alagoas.
O estado de São Paulo representa 37% do uso consuntivo da água para o cultivo na cana, seguido de Goiás (19%), demais unidades da federação (19%), Minas Gerais (17%) e Alagoas (8%). Já o Rio Grande do Sul tem a maior utilização devido ao tradicional cultivo de arroz sob inundação: 78% do total retirado. Em seguida aparece Santa Catarina, com 10% de uso, sendo que os demais estados representam 7% e, por fim, o Tocantins com 5%.
O rebanho bovino, no que tange o abastecimento animal, é o que utiliza mais água: 88% daquilo que é retirado anualmente. Os suínos exigem 5% do total, enquanto aves, equinos, bubalinos, caprinos e ovinos usam 2% cada.
Segundo o levantamento da ANA, entre 2017 e 2030, com a perspectiva de expansão dos rebanhos, o uso da água em direção à Amazônia Legal também deve aumentar. Por outro lado, a tendência é que diminua em municípios do Centro-Sul. As cidades que registraram maior uso para abastecimento animal em 2017, foram: São Félix do Xingu (PA), Corumbá (MS) e Cáceres (MT).
Medidas de hoje

O aumento de 24% no uso consuntivo da água previsto até 2030, segundo o superintendente de Planejamento da ANA, Sérgio Ayrimoraes, enseja atenção e medidas imediatas. Na prática, explica, é preciso focar esforços para equilibrar o uso por meio de gestão, investimentos em infraestrutura e aprimoramento de instrumentos regulatórios – tais como as outorgas de direito de uso de recursos hídricos e licenciamentos ambientais.
Rio Grande do Sul tem a maior utilização devido ao tradicional cultivo de arroz sob inundação: 78% do total retirado.

Segundo ele, a reservação de água se apresenta como uma medida estruturante que contribui para equacionar potencial problema de falta de água para as atividades agropecuárias. “Os grandes irrigantes usam tecnologia de ponta, mas o Brasil tem uma diversidade e quantidade significativa de pequenos e médios irrigantes e isso exige esforços para capacitar, orientar, a utilização de métodos e práticas mais eficientes na irrigação”, conclui.

Além da agricultura e pecuária, os principais usos consuntivos da água no Brasil são o abastecimento humano (urbano e rural), a indústria de transformação, a mineração, a termoeletricidade e a evaporação líquida de reservatórios artificiais. (revistagloborural)

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