“All our environmental problems become
easier to solve with fewer people, and
harder – and ultimately impossible – to solve with ever more people” - David Attenborough.
Assim, em 2000, a fecundidade
foi de 2,16 filhos e, em 2002, a taxa era de 1,88 filhos por mulher, valor
inferior ao nível de reposição.
As vantagens da fecundidade
abaixo do nível de reposição
A taxa de fecundidade total
(TFT) mede o número médio de filhos por mulher. Num quadro de baixa
mortalidade, quando esta taxa fica acima de 2,1 filhos por mulher (no longo
prazo), significa que há crescimento da população. Se a TFT é igual a 2,1
filhos por mulher (número considerado nível de reposição) a população se
estabiliza. Em um período de tempo longo, se a TFT fica abaixo do nível de
reposição (2,1 filhos) significa que a população vai diminuir, considerando uma
população fechada ou com baixo nível de migração.
O gráfico abaixo, com dados
da Divisão de População da ONU, mostra que a TFT estava próxima de 5 filhos por
mulher entre 1950 e 1970, sendo 4,92 filhos por mulher na década de 1950 e 4,98
filhos na década de 1960. Portanto, a TFT subiu ligeiramente (0,06 filho) no
período. Mas a partir daí a transição da fecundidade teve início e, diminuindo
0,81 filhos por mulher. Entre a década de 1980 e 1970 o declínio foi de 0,64
filhos por mulher. O mesmo ocorreu na década seguinte. Entre a década 2001-10 e
a década de 1990 o declínio foi de 0,28 filhos. Na atual década, 2011-20 em
relação à década anterior o declínio foi de 0,11 filhos. Nas próximas décadas o
declínio deve ser ainda menor.
A TFT global ficou em 4,16
filhos por mulher na década de 1970, em 3,52 filhos na década de 1980, em 2,88
filhos na década de 1990, em 2,60 filhos na primeira década do século, em 2,50
na atual década e deve continuar caindo ligeiramente até chegar a 2,26 filhos
na década 2041-50. Ou seja, a taxa de fecundidade mundial deve se manter acima
de 2,1 filhos, pelo menos, até 2050, pois o ritmo de queda da TFT tem sido bem
reduzido.
Considerando a transição da
fecundidade nos 10 países mais populosos do mundo, conforme o gráfico abaixo,
observa-se uma heterogeneidade muito grande. Entre os 10 países, os EUA (com
população de 237 milhões de habitantes em 2018) era o país com a menor TFT no
século passado, ficando abaixo do nível de reposição a partir de 1970. Mas a
partir da década de 1990 a China (1,42 bilhão de habitantes em 2018) passou a
apresentar a menor TFT entre os maiores países. O Brasil (210 milhões de hab em
2018) atingiu a TFT abaixo do nível de reposição em 2005, ficando inclusive
abaixo da taxa americana. O outro grande país, a Indonésia (267 milhões de hab
em 2018) também apresentou uma rápida queda da fecundidade, mas que se mantém
pouco acima do nível de reposição. Bangladesh (166 milhões de hab em 2018) saiu
de quase 7 filhos por mulher na década de 1970 para quase o nível de reposição
atualmente. A Índia (1,35 bilhão de hab em 2018), que caminha para ser o país
mais populoso do mundo na próxima década, ainda mantém uma TFT pouco acima do
nível de reposição. Estes 6 países já possuem uma TFT abaixo da média mundial
de 2,47 filhos por mulher, no quinquênio 2015-20. Porém, Paquistão (201
milhões), Nigéria (196 milhões), Etiópia (108 milhões) e República Democrática
do Congo (84 milhões) apresentam TFT bem acima da taxa de reposição e muito
acima da média mundial.
Países como Nigéria,
Paquistão, Etiópia e RD do Congo terão grande dificuldade para lidar com o
rápido crescimento populacional. Artigo de Nicola Davis (The Guardian,
26/12/2018) mostra que a queda da fecundidade abaixo do nível de reposição é
fundamental para o decrescimento futuro da população e contribui para a
sustentabilidade ambiental. Ele apresenta o ponto de vista da demógrafa Sarah
Harper, da Universidade de Oxford, disse que longe de acionar o alarme e
pânico, os países não devem se preocupar com o decrescimento populacional.
A ideia de que uma nação
precisa de muita gente para defender seu território e expandir sua economia é
realmente um pensamento antigo. Harper apontou que a inteligência artificial, a
migração e uma velhice saudável, significavam que os países não precisavam mais
de populações em crescimento para se manterem. Em termos ambientais, um filho a
menos reduz a pegada de carbono dos pais em 58 toneladas de CO2 por
ano.
Quanto a lidar com uma
sociedade envelhecida, mais bebês não ajudariam muito, já que as crianças
também precisavam ser cuidadas e não entrariam no mercado de trabalho durante
anos. Harper considera que o medo do envelhecimento populacional também
precisava ser reconsiderado, até porque a tecnologia para apoiar os dependentes
está avançando, enquanto as pessoas permanecem em boa saúde por mais tempo. A
demógrafa diz: “É muito mais fácil permitir que os idosos permaneçam ativos e
saudáveis e no mercado de trabalho, do que dizer às mulheres: ah, você tem que
ter filhos”.
De fato, empoderar a
população e, especialmente, as mulheres pode fazer mais para mudar a economia
de um país do que incentivar o pronatalismo, disse Harper. Por fim, ela afirma
que em vez de incentivar o aumento da fecundidade para se contrapor ao
decrescimento populacional, o melhor é equilibrar a oferta e demanda da
população via imigração.
Ilustração: Reprodução.
O Brasil acompanha uma
tendência mundial: a redução no número de filhos. (ecodebate)
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