A
Divisão de População da ONU divulgou em 17/07/19 as novas projeções
populacionais para todos os países, para as regiões e para o total mundial. A
população brasileira foi estimada em 211 milhões em 2019 e 212,6 milhões de
habitantes em 2020. A novidade é que o Brasil perdeu o posto de 5º maior país
do mundo, em termos demográficos, lugar agora ocupado pelo Paquistão que tinha
207,9 milhões de habitantes em 2017 (contra 207,8 milhões do Brasil) e 220
milhões de habitantes em 2020.
Normalmente,
a ONU apresenta as projeções em três cenários, conforme mostra o gráfico abaixo
para o Brasil. A revisão 2019 indica, no cenário de projeção alta, uma
população de 272,7 milhões de brasileiros em 2100 (a revisão 2017 projetava um
número de 301,4 milhões). No cenário de projeção média, a população brasileira
seria de 180,7 milhões de habitantes em 2100 (a revisão 2017 projetava um
número de 190,4 milhões). E no cenário de projeção baixa, o número ficaria em
114,4 milhões de habitantes em 2100 (a revisão 2017 projetava 113,6 milhões).
Na projeção média – a mais provável – o número da revisão 2019 é cerca de 10
milhões menor do que o da projeção anterior, divulgada em 2017.
Três cenários de projeções populacionais do Brasil:
2020-2100
UN/Pop Division: World Population
Prospects 2019 https://population.un.org/wpp2019/
A
dinâmica demográfica brasileira no século XXI é, basicamente, determinada pela
transição demográfica que ocorreu, em sua maior parte, no século XX. A
transição demográfica é o maior fenômeno social de transformação do
comportamento de massa da história da humanidade. Desde o surgimento do Homo
sapiens, a humanidade busca a sobrevivência tentando equilibrar as taxas brutas
de natalidade ao padrão pré-existente de altas taxas de mortalidade. Porém, com
os avanços na produção de alimentos, o aumento do bem-estar e os avanços da
medicina, da higiene e do saneamento básico o percentual de mortes precoces foi
diminuindo e a esperança de vida foi aumentando. Um certo lapso de tempo após o
início do declínio das taxas brutas de mortalidade (TBM), as taxas brutas de
natalidade (TBN) também começam a cair.
Este
processo pode ser visto no gráfico abaixo, que mostra a transição demográfica
no Brasil entre 1950 e 2100, de acordo com as estimativas e projeções da ONU.
As taxas brutas de mortalidade, no Brasil, começaram a cair no final do século
XIX, mas ainda estavam muito altas no quinquênio 1950-55, com um valor de 15,5
mortes para cada mil habitantes. A TBM diminuiu até o mínimo de 6 mortes por
mil no quinquênio 2005-10 e passaram a subir, em decorrência da mudança da
estrutura etária e do maior percentual de idosos na população total. As taxas
brutas de natalidade se mantiveram altas durante toda a história brasileira e
começaram a cair exatamente na década de 1960. A TBN era de 43,9 nascimentos
por cada mil habitantes em 1950-55, caiu para 18,7 nascimentos por mil em
2000-05, deve ficar aproximadamente empatada com a TBM no quinquênio 2045-50 e vai
bater o recorde de baixa, com 8,3 nascimentos por mil, nas últimas décadas do
século XXI.
O
máximo populacional vai ser atingido em 2045, com uma população de 229,6
milhões de habitantes. Neste ano a TBM será igual a TBN. A partir de 2046 as
duas curvas se invertem e a população brasileira iniciará uma trajetória de
decrescimento, devendo perder cerca de 50 milhões de habitantes entre 2045 e
2100. A reversão das taxas de crescimento da população brasileira está
representada na linha pontilhada do gráfico. A taxa de crescimento natural
estava próxima de 30 por mil (3%) entre 1950 e 1964, começou a cair a partir de
1965, ficou em 0,77% ao ano no quinquênio 2015-20, vai chegar a zero em 2045,
torna-se negativa a partir de 2046 e deve decrescer -0,6% ao ano na última
década do século.
Transição demográfica: TBN, TBM e Taxa de
crescimento natural: Brasil: 1950-2100
UN/Pop Division: World Population
Prospects 2019 https://population.un.org/wpp2019/
Todo
país que passa pela transição demográfica, deterministicamente, passa também
pela transição da estrutura etária. Na medida em que as taxas de mortalidade e
natalidade diminuem, a base da pirâmide etária também diminui e o país inicia
um processo de envelhecimento populacional. Isto está ilustrado no gráfico
abaixo que apresenta a idade mediana da população brasileira. Verifica-se que
no período 1950 a 1975 a idade mediana estava próxima de 20 anos, o que
significa que metade da população tinha menos de 20 anos e havia somente 5% de
pessoas idosas acima de 60 anos no país. O Brasil tinha uma estrutura etária
extremamente jovem.
Contudo,
o cenário será completamente diferente no final do século XXI, quando a idade
mediana estará acima de 50 anos, significando que metade da população terá mais
de 50 anos e a proporção de idosos de 60 anos e mais estará na casa de 40%. O
Brasil terá uma estrutura etária extremamente envelhecida.
Mudança da estrutura etária do Brasil: Idade mediana
(em anos), 1950-2100
UN/Pop Division: World Population
Prospects 2019 https://population.un.org/wpp2019/
Todos os dados acima
mostram que o Brasil terá uma mudança completa no seu perfil demográfico entre
1950 e 2100. Em meados do século XX, o Brasil tinha altas taxas de mortalidade
e natalidade, uma estrutura etária muito rejuvenescida e altas taxas de
crescimento natural. No final do século XXI, o Brasil terá baixas taxas de
mortalidade e natalidade, uma estrutura etária muito envelhecida e decrescimento
populacional. Esta nova configuração demográfica vai requerer que as políticas
econômicas e sociais se adaptem à nova realidade populacional. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário