Desde o final de 2017, São
Paulo já reciclou 185 toneladas de lixo eletrônico.
Com 65 pontos de coleta
espalhados em SP, a Green Eletron recolheu, desde o final de 2017, cerca de 185
toneladas de lixo eletrônico.
A iniciativa sem fins
lucrativos para receber aparelhos descartados pelos consumidores foi fundada em
2016 pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
Assim, as empresas começaram a atender o previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos, legislação que entrou em vigor em 2010.
Entre os pontos estipulados
pela lei está a obrigação da cadeia produtiva e de comercialização de produtos
eletroeletrônicos, entre outros setores, de estabelecer um sistema de logística
reversa. Ou seja, as empresas se tornaram responsáveis por garantir que o lixo
gerado por seus produtos tenha um destino adequado.
Acordo setorial
São Paulo se antecipou ao
resto do país ao implantar a coleta e reaproveitamento do lixo
eletroeletrônico. O acordo setorial, que deverá tornar o sistema obrigatório em
todo o país, entrou em consulta pública em 31/07. Durante um mês, o Ministério
do Meio Ambiente vai receber contribuições antes da formatação final do texto.
Em 2017, o governo estadual propôs um termo de
compromisso para implementar a logística reversa dos eletroeletrônicos em São
Paulo, o que alavancou a iniciativa empresarial. O modelo da Green Eletron se
inspira, segundo o gerente executivo da gestora, Ademir Brescansin, em
experiências internacionais. “Uma unidade gestora nos mesmos moldes do que
existe na Europa, no Japão e nos Estados Unidos. Uma entidade sem fins
lucrativos em que as empresas, que têm obrigação por lei, pudessem se associar
e ratear os custos da implantação de todo esse sistema”, explica.
Reciclagem
Atualmente, a iniciativa tem
26 empresas associadas. São recolhidos materiais dos mais diversos. Desde o
final de 2017, os postos de coleta receberam, por exemplo, 4,1 mil celulares e
6,5 mil eletroportáteis (aparelhos pequenos como cafeteira, liquidificador e
forno de micro-ondas), entre outros itens.
O material é levado para
empresas de reciclagem que promovem o reaproveitamento de matérias-primas, como
o plástico, e até a transformação em novos produtos. Nesse sentido, o Brasil
está à frente da maioria dos países, segundo o diretor de inovação da
Sinctronics, Carlos Ohde. A empresa é uma das responsáveis por fazer o
processamento dos eletrônicos descartados. “Quando a gente olha para os Estados
Unidos e para a Europa, eles têm muito consumo de eletrônicos, mas eles não têm
a produção, vem da Ásia. Então, esse processo que a gente tem de pegar um
eletroeletrônico descartado e transformar em um eletroeletrônico novo, eles não
conseguem”, comparou Ohde.
Essa capacidade de
transformar o lixo eletrônico em novos produtos já rendeu reconhecimento
internacional à Sinctronics. De acordo com o diretor, a empresa recebeu duas
menções do Fórum Econômico Mundial e até uma premiação da Associação Americana
de Empresas de Manufatura, país de origem da matriz da recicladora. “O Brasil
está entre os primeiros países que fazem isso”, enfatiza Ohde sobre a
capacidade da fábrica de transformar impressoras jogadas fora em novas.
Processos complexos
Algumas etapas da produção,
no entanto, ainda tem que ser feitas no exterior, como no caso da extração de
componentes das placas eletrônicas. “Tem uns quarenta elementos da tabela
periódica naquela placa. Precisa de um processo químico ou térmico que é feito
fora do país”, diz diretor. Segundo ele, isso porque é necessário um volume
muito grande de material para que o processo seja viável.
No caso dos aparelhos com
gás, como geladeiras e ar-condicionado, também há dificuldades no processo. “A
gente tem no Brasil somente duas empresas que são capazes de reciclar esse tipo
de produto”, ressalta Ademir Brescansin da Green Eletron. Os monitores de tubo são
outro produto que apresenta riscos. “Como eles possuem chumbo e fósforo, você
tem que ter um processo adequado só para eles, aspirar todas as substâncias,
descontaminar para depois reciclar”, acrescentou.
A partir da assinatura do
acordo setorial, que deve prever a coleta de 17% do 1,5 milhão de toneladas de
lixo eletrônico produzidos no país anualmente, outros obstáculos devem
aparecer. “Você implantar um sistema de logística reversa no Brasil é diferente
do que em qualquer país da Europa que implantou. A gente tem as dimensões
continentais do país. Tem regiões que não se chega nem de carro, só de avião ou
barco. Mas se os produtos eletroeletrônicos chegaram a todas as regiões do
país, é possível que eles voltem”, ressalta o gerente executivo da Green Eletron.
Apesar dos custos, a operação
é importante, segundo Brescansin. Além de evitar a contaminação do solo com o
descarte em lixões, que ainda existem em 2,5 mil municípios, também é uma forma
de deixar de retirar novas matérias-primas da natureza, poupando recursos.
(ecodebate)
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