Conservação das ervas
marinhas é importante na luta contra o aquecimento global
Apesar de serem um dos
ecossistemas sob ameaça mais negligenciados do planeta, as ervas marinhas podem
ter um futuro promissor, graças à sua capacidade de absorver carbono.
As ervas marinhas são plantas
produtoras de flor que formam prados densos em áreas rasas e protegidas ao
longo da costa.
Elas oferecem uma série de
benefícios: atuam como viveiro e fonte de alimento para uma grande variedade de
espécies marinhas; abrigam muitos peixes, tartarugas e dugongos; protegem as
costas absorvendo a energia das ondas; produzem oxigênio e limpam o oceano
absorvendo os nutrientes poluentes. Leia o relato do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (PNUMA).
Apesar de serem um dos
ecossistemas sob ameaça mais negligenciados do planeta, as ervas marinhas podem
ter um futuro promissor, graças à sua capacidade de absorver carbono. As ervas
marinhas são plantas produtoras de flor que formam prados densos em áreas rasas
e protegidas ao longo da costa.
Elas oferecem uma série de
benefícios: atuam como viveiro e fonte de alimento para uma grande variedade de
espécies marinhas; abrigam muitos peixes, tartarugas e dugongos; protegem as
costas absorvendo a energia das ondas; produzem oxigênio e limpam o oceano
absorvendo os nutrientes poluentes produzidos pela atividade terrestre humana.
Além disso, as ervas marinhas
representam 10% da capacidade do oceano de armazenar carbono, o chamado
“carbono azul”, apesar de ocuparem apenas 0,2% do fundo do mar, e podem
capturar carbono da atmosfera até 35 vezes mais rápido do que as florestas
tropicais.
No entanto, é importante
entender que existem ainda muitas incógnitas em relação às ervas marinhas.
“Os dados sobre a cobertura
regional e os estoques de carbono nos prados de ervas marinhas são escassos em
algumas regiões, particularmente no Indo-Pacífico, na África e na América do
Sul”, segundo um relatório intitulado Assessing
the capacity of seagrass meadows for carbon burial: Current limitations and
future strategies (Avaliando a
capacidade das ervas marinhas para o sequestro de carbono: limitações atuais e
estratégias futuras, tradução livre).
“Além disso, nossa
compreensão dos fatores que regulam a variabilidade na capacidade de sequestro
de carbono das ervas marinhas é limitada. Essas lacunas limitam nossas
possibilidades de formular estratégias de mitigação das mudanças climáticas
levando em consideração os prados de ervas marinhas”, acrescenta o relatório.
No entanto, o potencial das
ervas marinhas para sequestrar carbono está agora começando a ganhar atenção internacional,
à medida que os esforços para enfrentar a emergência climática se tornam cada
vez mais urgente.
O último relatório do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), com
foco nos oceanos e na criosfera, aponta que manguezais, sapais e prados de
ervas marinhas podem armazenar até 1.000 toneladas de carbono por hectare, um
valor muito mais alto do que a maioria dos ecossistemas terrestres.
Cumprimento dos compromissos
climáticos
A restauração desses habitats
pode fazer parte dos planos nacionais de mudança climática. Cada signatário do
Acordo de Paris deve enviar seu plano ou contribuição nacionalmente determinada
às Nações Unidas, com planos sucessivamente mais ambiciosos.
O potencial das ervas
marinhas para as contribuições determinadas nacionalmente é significativo, já
que cerca de 159 países têm ervas marinhas em suas costas.
Uma análise a ser publicada
em breve pela GRID-Arendal, uma fundação norueguesa que trabalha com o Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), descobriu que 10 países já
incluíram as ervas marinhas em suas contribuições determinadas nacionalmente.
Cinco países fizeram referência a ações de conservação e restauração para
mitigação, enquanto oito planejam usá-las para adaptação.
“Há claramente uma grande
oportunidade perdida aqui, além do potencial para mais países incluírem as
ervas marinhas em suas opções para mitigação e adaptação às mudanças climáticas”,
disse Gabriel Grimsditch, especialista em ecossistemas marinhos do PNUMA.
“Os prados de ervas marinhas
estão desaparecendo rapidamente em muitas partes do mundo”, acrescenta ele. “A
causa é principalmente o impacto do bilhão ou mais de pessoas que vivem a menos
de 50 km delas, incluindo os danos pelas construções costeiras e a degradação
da qualidade da água devido à poluição. As taxas anuais de declínio se
aceleraram, com taxas de perda comparáveis às dos recifes de coral e florestas
tropicais”.
O PNUMA, GRID-Arendal e o
Centro de Conservação e Monitoramento Mundial do PNUMA convocaram a Rede
Internacional de Especialistas em Ervas Marinhas e planejam lançar um relatório
global sobre a importância dos ecossistemas de ervas marinhas no início de 2020.
Ampliação da restauração de
ervas marinhas
Enquanto isso, países como os
Estados Unidos e a Suécia vêm experimentando a restauração de ervas marinhas há
vários anos. Uma equipe no Reino Unido está prestes a embarcar no maior projeto
de restauração de ervas marinhas já realizado em suas águas.
No entanto, a restauração é complicada e cara.
As evidências sugerem que quanto maior o projeto, maior a chance de sucesso, já
se o projeto for muito pequeno, é muito suscetível a danos. O PNUMA e a
Convenção de Nairóbi lançarão em breve um manual sobre a restauração das ervas
marinhas no Oceano Índico Ocidental.
Ervas marinhas, uma arma
secreta na luta contra o aquecimento global.
“Nós ainda não temos muita
experiência de plantio no mar, em contraste aos nossos muitos séculos de
experiência de plantação terrestre. Sempre que possível, é melhor conservar o
que já temos”, diz Grimsditch. (ecodebate)
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