A dessalinização como um seguro saúde para redução
da vulnerabilidade hídrica no Brasil.
A
falta de água é uma preocupação cada vez mais frequente no mundo. Segundo um
levantamento feito pela Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 1,1
bilhão de pessoas em todo o mundo não têm acesso ao abastecimento adequado de
água potável e, nos países em desenvolvimento, 80% das mortes e enfermidades
estão relacionadas a esse problema. Calcula-se que 12,1 milhões de brasileiros
não têm acesso adequado ao abastecimento de água. As moradias “sem torneira”
somam 4,2 milhões. Vista, em alguns países, como uma tecnologia ainda
inalcançável, a dessalinização tem se tornado uma opção cada vez mais viável
para resolver essa a escassez de água no Brasil e no mundo.
A
dessalinização é o processo de remoção de sais da água do mar – para que ela
possa ser utilizada para fins potáveis ou industriais. Geralmente, é necessário
um processo de pré-tratamento antes da água passar pela tecnologia de membranas
de Osmose Reversa para que sua vida útil seja estendida. O desafio da
viabilidade do processo de dessalinização são os custos energéticos, que
possuem um grande impacto na tarifa, mas espera-se que os avanços tecnológicos
reduzam os investimentos necessários do processo de dessalinização em 20% nos
próximos cinco anos e em até 60% nos próximos 20 anos, tornando-o uma
alternativa viável e atrativa para a produção de água potável, principalmente
nas regiões litorâneas.
A
redução dos custos de produção de água desmineralizada, associado a uma demanda
e pressão crescente por água, maiores gastos no tratamento de água doce devido
a redução da disponibilidade pela poluição e requisitos regulatórios mais
rigorosos devem acelerar a tendência atual do uso do oceano como manancial e
fonte de água. Isso estabelecerá ainda mais a dessalinização da água do oceano
como uma alternativa confiável e à prova de seca para muitas comunidades
costeiras em todo o mundo.
Mesmo
detendo 13% do total de água doce do planeta, o Brasil apresenta regiões bem
heterogêneas em relação a disponibilidade de água. A região norte tem 68,5% da
reserva de água doce e aproximadamente 7% da população do Brasil. As regiões
nordeste e sudeste possuem, juntas, aproximadamente, 9% da reserva de água doce
e 72% da população brasileira e 71% do PIB Industrial do Brasil, as áreas
litorâneas, que respondem por apenas 3% da oferta nacional, abrigam 45% da
população do país. Ou seja, os brasileiros se concentram cada vez mais em áreas
onde a oferta de água é desfavorável, sendo fundamental que o país diversifique
a sua matriz hídrica, com o reuso de água e a dessalinização de água do mar,
para evitar o colapso e aumentar a segurança hídrica. Segundo estudo realizado
pela Agência Nacional de Água (ANA) 61 milhões de pessoas podem ficar sem água
no Brasil. Pelo menos 300 milhões de pessoas, no mundo, já dependem do
abastecimento feito pelas usinas de dessalinização.
A
sociedade já está mais consciente que precisamos pensar em sustentabilidade
hídrica e em novas alternativas de águas. Os recursos são disputados, vivemos
uma crise. As cidades e as indústrias, podem e devem colocar como uma de suas
alternativas de abastecimento de água o reuso e a dessalinização. Sabemos que
as secas são cíclicas e que estão se agravando cada vez mais frente às mudanças
climáticas e, dessa forma, as cidades necessitam de planejamento e de
investimentos em sistemas alternativos de água para reduzir a vulnerabilidade
hídrica, e desta forma sobrevirem a estes períodos.
A
dessalinização e o reuso são alternativas importantes que funcionam como um
seguro saúde, de forma a garantir que a água esteja disponível em tempos de
seca, portanto as tarifas de água devem ser planejadas para oferecerem
resiliência hídrica as cidades nestes períodos. (ecodebate)
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