Estudo técnico aponta impactos das mudanças
climáticas em DF, Goiás e Minas Gerais.
A
partir de modelagens brasileiras e internacionais, estudo apontou diferentes
cenários impostos pelas mudanças climáticas até 2100, como tendência de
elevação da temperatura, umidade relativa do ar mais baixa, menor quantidade de
chuvas, entre outros.
De
acordo com Chou Sin Chan, coordenadora técnica do estudo, a baixa umidade no
Distrito Federal deve ser agravada nas próximas décadas. “A tendência é de
redução da umidade relativa do ar dos atuais 35% a 55% para 20% a 45% no final
do século”.
O
documento é parte de projeto coordenado por Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações em Parceria com Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA).
Vista aérea de Brasília.
A
Secretaria do Meio Ambiente do Distrito Federal apresentou dia 06/12/19 em
Brasília estudo técnico com projeções climáticas para o Distrito
Federal, 29 municípios de Goiás e quatro de Minas Gerais. A análise foi
apresentada a representantes da academia, de órgãos do Governo do Distrito
Federal (GDF) e da sociedade civil.
A
partir de modelagens brasileiras e internacionais, o estudo apontou diferentes
cenários impostos pelas mudanças climáticas até 2100, como tendência de
elevação da temperatura, umidade relativa do ar mais baixa, menor quantidade de
chuva concentrada em períodos mais curtos, mais tempestades e estação seca mais
prolongada. A pesquisa também considerou nove bacias hidrográficas inseridas na
região.
Realizado
pelo Centro de Gestão de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (CGPDI), com
supervisão da SEMA-GDF, o estudo integra o projeto CITinova, coordenado
nacionalmente pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
(MCTIC) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA).
“É
uma das entregas muito importante do CITinova, que tem essa intenção de
promover estudos e inovações que auxiliem gestores na tomada de decisões na
perspectiva de cidades sustentáveis”, afirmou Alexandra Reschke, coordenadora
técnica do projeto.
Acompanhado
da atualização do inventário de emissões de gases de efeito estufa no DF, esse
trabalho irá subsidiar a elaboração da estratégia de “Enfrentamento às Mudanças
do Clima do Distrito Federal”, inserida nos Planos de Adaptação e de Mitigação,
em desenvolvimento pela SEMA.
Presente
no evento, o secretário do Meio Ambiente, Sarney Filho, destacou que o
prognóstico vai possibilitar a adoção de políticas públicas voltadas para a
mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças do clima.
Ao
relembrar a crise no abastecimento de água enfrentado pelo DF em 2017, o
secretário afirmou que a consequência mais grave será a insegurança hídrica.
“Daí a importância de sabermos os cenários que nos esperam para buscar, desde
já, soluções”.
Para
Rodrigo Braga, da Coordenação Geral do Clima do MCTIC, o diagnóstico é um
primeiro passo para que iniciativas sejam tomadas. Esse diagnóstico irá
permitir que “gestores públicos, o setor privado e a sociedade civil tenham
elementos para um planejamento de longo prazo”, complementou Nazaré Soares,
coordenadora técnica do projeto no âmbito da SEMA-GDF.
As
projeções climáticas auxiliarão também análises como o impacto das mudanças do
clima nas bacias hidrográficas, nos usos múltiplos da água, na energia, nas
atividades agropecuárias e no uso do solo, dando suporte à atuação do Governo
do Distrito Federal.
De
acordo com Chou Sin Chan, coordenadora técnica do estudo apresentado, a baixa
umidade no DF deve ser agravada nas próximas décadas. “A tendência é de redução
da umidade relativa do ar dos atuais 35% a 55% para 20% a 45% no final do
século”.
Para
a coordenadora geral da pesquisa, Iracema Cavalcanti, uma das recomendações
possíveis a partir dos resultados é a necessidade do aumento da vegetação. “Nas
imagens dos mapas vemos grandes extensões com cobertura de arbustos e
gramíneas, e poucas árvores”, disse.
Em
relação às chuvas, os índices de precipitação mostram, com confiabilidade média
a alta, uma redução na precipitação anual acumulada, um aumento do número
consecutivo de dias de estiagem e uma redução do número de dias consecutivos
chuvosos, comparado ao período histórico, em todas as áreas pesquisadas.
Os
índices de temperatura indicam, com alta confiabilidade, uma redução no número
de noites frias, aumento no número de noites quentes, redução no número de dias
frios e aumento dos dias quentes. No final do século, as temperaturas poderão
subir 3 graus Celsius em relação ao período histórico, entre 2 e 5°C no cenário
mais otimista e entre 6 e 8°C no pior cenário.
Metodologia
A
pesquisa regionalizou os resultados de quatro modelos climáticos globais
(MIROC5, HadGEM2-ES, CanESM2 e BESM) por meio do modelo Eta do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Foram
também utilizados dois cenários de emissão de gases de efeito estufa, propostos
pelo IPCC no seu Quinto Relatório: RCP4.5 e RCP8.5, com análises para três
períodos futuros: 2011 a 2040, 2041 a 2070 e, 2071 a 2099.
Como
referência, foi utilizada a climatologia oficial do Brasil, considerando-se o
período entre 1961 e 1990 e as variáveis meteorológicas de temperatura do ar,
precipitação, vento, umidade relativa e radiação solar à superfície terrestre.
A resolução espacial utilizada variou de 20 a 5 km para toda a região o que, em
termos de estudos de clima, representa altíssima resolução.
CITinova
é um projeto multilateral realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações (MCTIC), com apoio do Fundo Global para o Meio
Ambiente (GEF, na sigla em inglês), implementação do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (PNUMA), e executado em parceria com Agência Recife para
Inovação e Estratégia (ARIES) e Porto Digital, em Recife; Secretaria do Meio
Ambiente (SEMA/GDF), em Brasília; Centro de Gestão e Estudos Estratégicos
(CGEE) e Programa Cidades Sustentáveis (PCS). (ecodebate)
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