50 anos do Dia da Terra: 22 de abril de 2020.
“É
triste pensar que a natureza fala e que a humanidade não a ouve” - Victor Hugo
(1802-1885).
O
Dia da Terra, criado em dia 22 de Abril de 1970, surgiu em um momento de
agravamento da questão ecológica global e a partir da iniciativa do senador
norte-americano Gaylord Nelson, com a finalidade de criar uma consciência comum
aos problemas da contaminação, conservação da biodiversidade e outras
preocupações ambientais para proteger o Planeta.
As
primeiras manifestações, em 1970, contaram com a participação de duas mil universidades,
dez mil escolas primárias e secundárias e centenas de comunidades que geraram
uma grande pressão social que forçou o governo dos Estados Unidos a criar a
Agência de Proteção Ambiental e uma série de leis destinadas à proteção do meio
ambiente.
Mas
em vez de ouvir os alertas sobre a degradação ambiental, os governos e os
diferentes setores desenvolvimentistas da sociedade preferiram seguir o caminho
do crescimento populacional e econômico em nome da grandeza nacional e da maior
presença internacional das diferentes culturas, em busca de uma prosperidade
material insana e insensata.
A
população mundial era de 3,7 bilhões de habitantes em 1970 e atingiu 7,8
bilhões em 2020, mais que dobrando no espaço de 50 anos. Mas a economia cresceu
muito mais e praticamente quintuplicou em 50 anos, aumentando a dominação
humana sobre a natureza e a exploração das riquezas ambientais e elevando de
forma assustadora a poluição e o rejeito dos resíduos sólidos. As emissões de
CO2 que estavam em 14,9 bilhões de toneladas em 1970 passaram para 38 bilhões
de toneladas em 2020. A concentração de CO2 na atmosfera que em 1970
estava em 326 partes por milhão (ppm) passou para cerca de 415 ppm em 2020.
Como
resultado do crescimento demoeconômico desregrado, a temperatura da Terra subiu
e a saúde dos ecossistemas regrediu. Os últimos 6 anos foram os mais quentes já
registrados e a década 2011-20 é a mais quente da série histórica. O Planeta
não está apenas esquentando, mas esquentando em velocidade sem igual desde o
surgimento dos primeiros ancestrais do ser humano há cerca de 3 milhões de
anos. A humanidade está caminhando para um território desconhecido e uma
temperatura nunca vista.
O
aquecimento global não é um problema qualquer. É uma “Espada de Dâmocles” que ameaça
a humanidade e todas as espécies vivas da Terra. As consequências devastadoras
do aquecimento global não são uma calamidade desenhada em um futuro distante.
Ao contrário, as mudanças ambientais se transformaram em “emergência
climática”, presente no cotidiano das atuais gerações. Os devastadores
incêndios da Austrália (com a morte de cerca de meio bilhão de animais) são
apenas um exemplo.
O
desequilíbrio já assola os quatro cantos do Planeta e causa danos crescentes,
embora esteja apenas em seu começo. Seguindo as tendências dos últimos 50 anos,
a Terra caminha para um “ponto de inflexão global” (alguns dizem que já
ultrapassou o ponto de não retorno) que pode ser o início de um efeito dominó –
capaz de gerar uma série de acontecimentos desagradáveis em cascata. A
catástrofe climática só será evitada se forem adotadas ações concretas para
reduzir e zerar as emissões de gases de efeito estufa.
Para
lutar contra a possibilidade de uma Terra inabitável e inóspita, os jovens de
todo o mundo protagonizaram a primeira revolta planetária da história. Pessoas
de diferentes gêneros, gerações, raças e línguas – de Norte a Sul e de Leste a
Oeste – saíram às ruas em defesa da vida no Planeta. Nos dias 20 e 27 de
setembro de 2019, mais de 7 milhões de cidadãos e cidadãs das mais diferentes
culturas, em mais de 180 países, em mais de 6 mil cidades, protestaram contra a
degradação ambiental. A maior mobilização global de todos os tempos teve como
ponto de partida a greve dos estudantes liderados por Greta Thunberg, Hilda
Nakabuye, Vanessa Nakate, Alexandria Villaseñor, Artemisa Xakriabá, Howey Ou,
Autumn Peltier e tantas outras lideranças juvenis.
Toda
esta energia que se espalhou pelas manifestações de rua em 2019 vai desaguar no
dia 22 de abril de 2020, para fazer do Dia da Terra uma grande jornada de
manifestações contra a degradação ambiental. O Dia da Terra 2020 pretende ser o
catalisador que galvaniza uma manifestação global incomparável e impossível de
ser silenciada.
O
Dia da Terra 2020 será o momento de reconhecer todas as pessoas, todos os
grupos e todas as ações que estão sendo tomadas para melhorar o mundo – sejam
mudanças no estilo de vida que reduzam as emissões, ações sobre poluição por
plásticos, proteção de espécies, ensinamentos de universidades e escolas,
plantações de árvores, locais e limpezas globais, mudar para dietas mais
baseadas em plantas, etc.
A
questão demográfica também deve ser debatida. Durante a COP25 em Madri,
Espanha, no dia 6 de dezembro de 2019, foi realizado um debate sobre a questão
da superpopulação humana. Foi uma das poucas vezes que este assunto foi
debatido no âmbito das conferências do clima (ver vídeo abaixo).
Bilhões
de pessoas devem participar do Dia da Terra 2020.
Todos
que se preocupam com a degradação ambiental terão a oportunidade de organizar
ações nos próximos 3 meses para transformar o dia 22 de abril em uma data
memorável. (ecodebate)
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