A chamada calha norte,
rodovia ainda não completa e não pavimentada corta o norte da floresta
amazônica brasileira. Região onde ainda existem imensos blocos de floresta
primária intacta, terras indígenas e unidades de conservação. Não é de
importância muito relevante estrategicamente para a economia do país, pois já
existem outras vias de saída para exportação, principalmente pelo pacífico,
como as rodovias que partem de Rondônia, passam pelo Acre, e sobem pelos Andes
peruanos, até desembarcar no pacífico. Sendo assim, não há argumento econômico
plausível para uma obra tão onerosa e desastrosa do ponto de vista ambiental.
É claramente sabido que as rodovias pavimentadas constituem o grande vetor de pressão antrópica, a maioria dessa ocupação ocorre de maneira desordenada. As rodovias são o principal vetor de desmatamento. Não estou advogando a causa de deixar as populações que habitam a área sem assistência básica ou governabilidade. Acontece que a densidade populacional da região que a Calha Norte cruza é baixíssima, e haveria outros mecanismos de se levar cuidado básico a essa escassa população. Há estudos econômicos que hipotetizam que em áreas onde a densidade populacional é muito baixa, seria até mais viável economicamente levar a assistência básica e de urgência por via aérea do que abrir ou pavimentar uma imensa rodovia no meio do “nada”.
Combate à extração ilegal de madeira não conseguiu impedir a perda de uma área maior que o território da Alemanha na Floresta Amazônica.
A tendência das florestas
primárias intocadas da Amazônia é, lamentavelmente diminuir drasticamente. Além
do já difundido corte raso, há a exploração ilegal para madeira, que sobrepuja,
em quantidade, em muito a exploração legal. Mesmo quando em uma floresta há
exploração com manejo adequado, ela deixa de ser intocada, há mudanças micro
climáticas, aumento da incidência solar e mudanças na fauna e flora. Além do
mais, a floresta amazônica não é homogênea. A medida que se altera a latitude
ou longitude, o clima, a umidade, a exposição solar, a composição florística e
faunística mudam. Isso em si, justifica, do ponto de vista ambiental, a
necessidade de preservação strictu sensu, e não apenas conservação – são
conceitos, do ponto de vista ambiental, distintos.
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