Aquecimento global ameaça o carbono ‘estocado’ em
solos de florestas tropicais.
Um
novo experimento conduzido no Panamá sugere que essas emissões prejudiciais de
carbono do solo podem aumentar em 55% se o clima esquentar quatro graus
Celsius.
Emissões extras
O
dióxido de carbono é liberado naturalmente pelo solo por meio da decomposição e
da atividade das raízes das plantas. No entanto, a liberação de tanto
dióxido de carbono extra – que o estudo descobriu ser proveniente do aumento da
decomposição da matéria orgânica do solo – pode desencadear um aquecimento
global ainda maior.
Pesquisas
anteriores mostraram que o aumento das temperaturas ameaça liberar carbono
preso em solos mais frios ou congelados – como na tundra ártica.
Até
agora, os solos tropicais eram considerados menos sensíveis aos efeitos do
aquecimento do clima.
Experimento de floresta
Uma
equipe liderada por pesquisadores da Universidade conduziu um experimento em grande
escala em uma floresta tropical na Ilha Barro Colorado, no Canal do Panamá.
Eles
construíram dispositivos de aquecimento e os enterraram um metro no solo da
floresta. Durante dois anos, o equipamento – equipado com cabos de
aquecimento e termostato – manteve as áreas experimentais quatro graus mais
quentes do que o solo ao redor.
As
descobertas mostram que até oito toneladas extras de carbono do solo podem ser
liberadas como dióxido de carbono de cada hectare de floresta tropical a cada
ano nas temperaturas mais altas.
As altas emissões de carbono do solo aquecido da
floresta tropical diferem das expectativas e indicam a necessidade de
reexaminar as previsões atuais.
Professor Patrick MeirSchool of GeoSciences e Australian National University.
Aumento do calor ameaça sobrevivência das florestas tropicais.
Impacto de longo prazo
Os
pesquisadores esperam que a taxa de emissões diminua eventualmente nos solos
experimentalmente aquecidos, mas eles ainda não sabem quanto tempo isso levará,
ou o impacto de longo prazo do aquecimento do solo nas mudanças climáticas.
Eles
continuarão o experimento – conhecido como Experimento de Aquecimento do Solo
na Floresta Tropical das Terras Baixas, ou SWELTR – para entender melhor como
as florestas tropicais respondem ao aquecimento global.
Os resultados demonstram a alta sensibilidade desses ecossistemas ao aquecimento. Deve ser um alerta para que tomemos medidas para mitigar as mudanças climáticas e preservar as florestas tropicais, que são um dos componentes mais importantes do ciclo do carbono da Terra.
As reais emissões de carbono do Brasil associadas a florestas podem passar despercebidas.
Dr. Andrew
NottinghamEscola de Geociências
O
estudo, publicado na revista Nature, também envolveu pesquisadores do
Smithsonian Tropical Research Institute (STRI) do Panamá e da Australian
National University (ANU).
Foi
financiado pela União Europeia e pelo Natural Environment Research Council, o
Smithsonian Institution e STRI, e ANU-Biology. (ecodebate)
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