Relatório de 31/07/20, 51
organizações e redes da sociedade civil brasileira mostram que todos os 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estão sob ameaça, diante do
impacto das graves crises socioambiental, econômica e política do país.
Resultados drásticos da
pandemia da Covid-19, como o colapso do sistema de saúde, o aumento do
desemprego, da pobreza extrema e da fome, da violência e dos problemas
ambientais, poderiam ter sido amenizados se o Brasil tivesse se mantido
alinhado aos compromissos assumidos junto com outros 192 países, na ONU,
reunidos na chamada Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. É o que alertam,
em novo relatório, 105 especialistas do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil
para a Agenda 2030, o GT Agenda 2030, que reúne 51 organizações que monitoram a
implementação dos ODS no país.
A análise dos dados oficiais,
reunida no IV Relatório Luz da Sociedade Civil sobre a Agenda 2030, mostra que,
mesmo antes da Covid-19, o país já retrocedia em relação aos indicadores
aferidos. E o fazia de forma sem precedentes. De 145 metas avaliadas dos 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), foi possível constatar que 60
estão “retrocesso” e outras 26 em “ameaça” de cumprimento — ou seja, o país não
só não avançou em relação aos objetivos assumidos, como está caminhando pra
trás. Em outras 32 metas, o Brasil recebeu a avaliação “estagnada” e apenas 27 ficaram
entre “progresso insuficiente” (23) e “progresso satisfatório” (4).
Houve ainda uma séria
barreira de acesso à informação no levantamento deste ano: não foi possível
encontrar dados públicos para avaliar 18 metas. O Relatório Luz da Sociedade
Civil sobre a Agenda 2030 é a única publicação no Brasil, da sociedade civil,
que apresenta um panorama em 360 graus do nível de implementação dos 17 ODS,
cobrindo as áreas social, econômica e ambiental. Organizada pela ARTIGO 19 e
Gestos, a publicação é realizada por 51 organizações e redes da sociedade civil
brasileira.
Lançamento do IV Relatório do
GT Agenda 2030 ocorre diante da tragédia da Covid-19 que fez com que todos os
compromissos para cumprimento dos ODS fossem revigorados durante o Fórum
Político de Alto Nível da ONU, realizado de 7 a 17/07/2020, reunindo
presidentes e líderes de praticamente todo o mundo. Diversos painéis, o Brasil
foi mencionado de forma negativa, particularmente pela sua péssima resposta à
Covid-19. A versão síntese em inglês da publicação ajudará a comunidade
internacional a entender este cenário de múltiplas crises.
No ano passado, o III
Relatório Luz foi recebido, em mãos, pelo secretário geral da ONU, António
Guterres, e já apontava preocupações graves. Nesta edição, a novidade do
Relatório Luz é a inclusão de uma classificação de acordo com a evolução das
metas analisadas: Retrocesso, quando as políticas ou ações correspondentes
foram interrompidas, mudadas ou sofreram esvaziamento nos seus orçamentos; Meta
ameaçada, quando ações ou inações têm repercussões que comprometerão o alcance
futuro dela; Meta estagnada, se não houve nenhuma indicação de avanço ou
retrocesso significativos estatisticamente; Progresso insuficiente, se a meta
apresenta desenvolvimento lento, aquém do necessário para sua implementação
efetiva; e Progresso satisfatório, quando a meta está em implementação com
chances de ser atingida ao final do ano de 2030.
Sobre a Agenda 2030
Nenhum comentário:
Postar um comentário