Países europeus alertam que
desmatamento da Amazônia dificulta compra de produtos brasileiros.
Em carta a Mourão, países
europeus dizem que desmatamento dificulta compras de produtos do Brasil.
Assista ao vídeo: https://g1.globo.com/globonews/jornal-globonews-edicao-das-10/video/ongs-e-empresarios-cobram-governo-contra-desmatamento-8860483.ghtml
Oito países europeus enviaram
em 15/09/20 uma carta ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, em que dizem
que o aumento do desmatamento dificulta a compra de produtos brasileiros por
consumidores do continente.
O documento é assinado pela
Parceria das Declarações de Amsterdã, grupo formado por Alemanha (atualmente na
presidência), Dinamarca, França, Itália, Holanda Noruega e Reino Unido. Os sete
países europeus dizem estar comprometidos em liminar o desmatamento das cadeias
de produtos agrícolas vendidos para a Europa. A Bélgica também assinou a carta
aberta.
Amazônia tem aumento de 68% nos alertas
de desmatamento em agosto, diz Imazon.
“Enquanto os esforços europeus
buscam cadeias de suprimentos não vinculadas ao desflorestamento, a atual
tendência crescente de desflorestamento no Brasil está tornando cada vez mais
difícil para empresas e investidores [da Europa] atender a seus critérios
ambientais, sociais e de governança”, diz trecho da carta.
O grupo de países diz que
ações tomadas pelo Brasil no passado como o Plano de Ação para Prevenção e
Controle do Desflorestamento na Amazônia Legal, o Código Florestal Brasileiro e
a Moratória da Soja na Amazônia são reconhecidos pelo efeito que tiveram na
redução do desmatamento.
Porém, alerta que o
desmatamento aumentou em “taxas alarmantes”. Isso, segundo o grupo de países
criou uma preocupação na comunidade europeia.
De acordo com dados do
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados em 15/09/20,
os alertas de desmatamento na floresta subiram 68% em agosto de 2020 na
comparação com o mesmo mês do ano passado. O Brasil tem sofrido nos últimos
dias também com queimadas em outros biomas, como o Pantanal.
“Os países que se reúnem
através da Parceria das Declarações de Amsterdã compartilham da preocupação
crescente demonstrada pelos consumidores, empresas, investidores e pela
sociedade civil Europeia sobre as atuais taxas de desflorestamento no Brasil”,
disse o grupo europeu na carta a Mourão.
Assista ao vídeo: https://globoplay.globo.com/v/8859527/
Segundo o grupo, o aumento do
desmatamento confirma a importância fundamental de garantir que os órgãos de
fiscalização tenham capacidade para monitorar o desmatamento e aplicar as leis.
Mourão é presidente do
Conselho da Amazônia. Em junho, ele já havia recebido carta
de investidores estrangeiros alertando para os efeitos do aumento do
desmatamento no Brasil.
Mourão
O vice-presidente falou com jornalistas sobre a carta no início da tarde desta quarta. Segundo Mourão, o tema foi tratado em reunião dele com os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Tereza Cristina (Agricultura). Mourão disse que o Itamaraty deve procurar o embaixador da Alemanha para conversar sobre o posicionamento dos oito países. Ele também informou que o governo brasileiro vai organizar uma viagem de embaixadores à Amazônia.
Agosto registra o pior índice de desmatamento na Amazônia dos últimos dez anos.
Assista ao vídeo: https://globoplay.globo.com/v/8859876/
"A decisão é que o
Itamaraty vai conversar com o embaixador Alemão. Na carta, eles colocam os
representantes deles à disposição para o diálogo, daí nós estamos planejando
aquela viagem, que já falei para vocês a Amazônia, vai ser feita no final de
outubro. Então, é isso que debatemos ali", afirmou o vice-presidente.
Mais cedo, em uma conferência
virtual promovida pelo Núcleo de Estudo Luso-Brasileiro (Nelb), Mourão defendeu
a atuação do governo brasileiro na preservação e desenvolvimento da Amazônia.
O vice-presidente disse que o
governo trabalha para apresentar ao mundo a complexidade da Amazônia e que
adota medidas de combate ao desmatamento ilegal e as queimadas, como a Operação
Verde Brasil 2, executada pelas Forças Armadas.
Segundo Mourão, o Brasil não
esconde a situação da Amazônia, mas não aceitar narrativas “simplistas” ou
"distorcidas". Ele afirmou que os crimes ambientais prejudicam a
imagem do país e atrapalham negócios.
"O desmatamento e as
queimadas denigrem imagem internacional do Brasil e afetam os mais diferentes
setores da economia, prejudicando nossa capacidade para exportar e atrair
investimentos. Os crimes ambientais deixam nosso país vulnerável a campanhas
difamatórias, abrindo caminho para que interesses protecionistas levantem
barreiras comerciais injustificáveis contra as exportações do agronegócio"
disse Mourão.
Para o vice-presidente, o
Brasil é uma potência agroambiental e o setor deve demonstrar que segue a
legislação ambiental do país, considerada por ele uma das mais rigorosas do
mundo.
“Nossa procura pelo apoio dos
investidores privados, que tanto pressionam, colocam o país muitas vezes em uma
situação de vilão ambiental, que nós em absoluto somos. Essa hora que buscamos
apoio desses grupos de modo que consigamos financiar essas ações".
Mourão ainda declarou que a União Europeia é um parceiro importante na área ambiental e que o acordo verde europeu "pode vir a se somar de maneira positiva aos vários projetos que já temos com países do bloco na área de sustentabilidade". (g1)
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