Compostagem gera alimentos mais saudáveis e economia
para produtores.
Cerca
de 50% dos resíduos gerados em São Paulo poderiam ser transformados em adubo
para agricultura familiar da cidade;
A
reciclagem diminui custos para os produtores e promove a oferta de alimentos
mais saudáveis;
Cerca
de 10 mil toneladas de resíduos são recolhidas na capital paulista diariamente.
O investimento em compostagem, que é a reciclagem de
resíduos orgânicos, pode ser uma das respostas para melhorar o acesso da
população à alimentos mais saudáveis e a diminuir custos de produção de
agricultores.
É
o que defendem especialistas da Campanha São Paulo Composta, Cultiva,
iniciativa do Instituto Pólis, apoiada por mais de 54 organizações, que tem
como intuito melhorar as políticas que envolvem a gestão desses resíduos na
cidade.
Durante
a pandemia, o número de pessoas que não podem pagar por alimentos de uma dieta
mais saudável chegou a três bilhões mundialmente, de acordo com a ONU. No
Brasil, um estudo recente da Embrapa Hortaliças e do Instituto Brasileiro de
Horticultura (IBRAHORT) acompanhou o consumo domiciliar de hortaliças durante a
pandemia e revelou que 36% dos consumidores brasileiros sentiram a diminuição
da quantidade e qualidade dos produtos disponíveis.
O
composto resultante da reciclagem dos resíduos orgânicos, quando utilizado como
adubo, devolve os nutrientes e melhora a saúde do solo. Esse material beneficia
a produção agrícola, pois aumenta a capacidade de infiltração de água e faz com
que cresça o número de microrganismos e outros pequenos animais, importantes
para manter a fertilidade da terra.
O composto também contribui com a redução de erosões e mantém a temperatura e os níveis de acidez do solo, o que diminui a incidência de doenças nas plantas.
“Ao estimular a vida no solo, o composto favorece os agricultores que optam pelo sistema orgânico de produção”, explica o especialista em gestão ambiental urbana André Biazoti, assessor técnico da campanha São Paulo Composta, Cultiva. “A utilização do composto substitui o uso de fertilizantes químicos e fortalece as plantas, reduzindo sua suscetibilidade a pragas e fazendo reduzir o uso de agrotóxicos para controle biológico”, completa.
Relatório
do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que analisou 12 mil amostras de
alimentos entre 2017 e 2018, mostra que, no geral, 23% dos alimentos testados
tinham agrotóxicos proibidos ou acima do volume permitido. Das variedades de
verduras, legumes e frutas testadas, o pimentão apresentou um dos índices mais
preocupantes: oito em cada 10 tiveram resquícios de fertilizantes proibidos ou
acima do limite.
Agrotóxicos
e insumos químicos podem estar associados a efeitos crônicos no corpo – como
cânceres, más-formações congênitas, distúrbios endócrinos ou neurológicos –
cujo diagnóstico pode ocorrer em meses ou até décadas após a exposição. A
constatação é do Dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco)
sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde, divulgado em 2014.
Economia
A
compostagem também pode significar economia aos produtores, o que impactaria no
preço final dos alimentos, amentando o acesso da população a produtos saudáveis.
“No Brasil, 70% dos alimentos consumidos pela população são produzidos pela
agricultura familiar e pequenos produtores”, enfatiza Biazoti. “A ampla
distribuição do composto feito a partir da reciclagem de resíduos orgânicos não
só reduziria os custos com menos uso de fertilizantes como poderia aumentar a
qualidade da safra”, defende.
Na
cidade de São Paulo, cerca de 80% das unidades de produção agropecuária são
propriedades de pequeno porte, com forte presença da agricultura familiar
segundo levantamento da Prefeitura. Avaliação da Campanha São Paulo Composta,
Cultiva indica que mais de 50% dos resíduos urbanos gerados na capital
paulista, que produz cerca de 10 mil toneladas diárias, poderiam ser destinados
à compostagem.
Campanha São Paulo Composta, Cultiva | A Campanha São Paulo Composta Cultiva é uma iniciativa do Instituto Pólis, em parceria com mais 54 organizações da sociedade civil, que busca aumentar o nível de comprometimento do governo municipal de São Paulo com as políticas públicas que envolvem a reciclagem dos resíduos orgânicos na cidade, como sobras de alimentos e poda. A ação preparou cartas-compromisso, destinada aos candidatos aos cargos nos poderes legislativo e executivo da capital paulista. Saiba mais em: www.polis.org.br/projeto/sp-composta-cultiva/.
Brasil joga fora 30% da sua produção de alimentos.
Desperdício
no Brasil está relacionado ao que se perde de alimentos, água, energia elétrica
e não aproveitamento do lixo.
Sobre o Instituto Pólis | Organização da sociedade civil (OSC) de atuação nacional, constituída como associação civil sem fins lucrativos, apartidária e pluralista. (ecodebate)
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