A área registrada ilegalmente
como propriedade rural particular dentro de terras indígenas/TIs da Amazônia
cresceu 55% entre 2016 e 2020, mostra estudo lançado em 30/03/21 pelo IPAM/Instituto
de Pesquisa Ambiental da Amazônia. Número de Cadastros Ambientais Rurais/CAR,
registros autodeclarados de imóvel rural, e que não podem ser feitos nesses territórios,
aumentou 75% no período.
Em 2019, o desmatamento nas
áreas com CAR respondeu por 41% do que foi registrado nesta categoria
fundiária. Ainda que em 2020 esse índice tenha caído para 23%, ele tem crescido
ano após ano. “O que estamos vendo aqui é o avanço da grilagem em terras
indígenas na Amazônia e suas consequências”, diz a pesquisadora Martha Fellows,
autora principal do estudo.
Historicamente, as terras
indígenas concentram uma das menores taxas de derrubada na Amazônia: em 2019,
responderam por 5% do total; em 2020, o índice foi de 3% de tudo o que se
desmatou na Amazônia. Isso se deve principalmente ao modo de vida dos
indígenas, que conserva a floresta.
Mesmo a queimada de uso
tradicional, para limpeza de roçados e pastagens, além de caça, é pontual e não
explica a alta observada nos últimos anos, assim como a presença de vegetação
savânica, que favorece o espalhamento do fogo, indica o estudo. Entre 2016 e
2020, os focos de calor dentro de CAR ilegais aumentaram 105%; excluindo o
terreno grilado, o aumento foi de 33% nas terras indígenas.
Garimpo
O IPAM também analisou o
impacto do garimpo ilegal nas terras indígenas. Em comparação com as áreas fora
da área de influência da atividade, proporcionalmente o desmatamento foi 2,6
vezes e o fogo, 2,2 vezes maior dentro de sua zona de influência.
Além de alterações na paisagem, as invasões desses territórios levam violência e doenças para suas populações. “O avanço da grilagem e do garimpo ilegal nas terras indígenas deve ser combatido com vigor, em cumprimento à Constituição e pela saúde e segurança desses brasileiros”, diz a diretora de Ciência do IPAM, Ane Alencar, que também assina a análise. “Além do cancelamento dos Cadastros Ambientais Rurais irregulares, é preciso interromper a ocupação ilegal desses territórios”.
Documento lançado pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) mostrou que o reconhecimento dos direitos das populações tradicionais estimula a preservação das florestas na América Latina. “Preservar as terras indígenas é também preservar o clima do planeta”, explica Alencar. (ecodebate)
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