• Apenas
62,2% da população consumia água oriunda de rede geral de distribuição, com
abastecimento diário e tinha estrutura de armazenamento.
• 3,4%
viviam em domicílios que não estavam ligados à rede geral de água nem tinham
canalização. No Norte do país esse percentual era ainda maior, 10,7%.
• 9,8%
da população residia em domicílios com seis ou mais moradores. A proporção de
pretos e pardos que viviam nessa situação era quase o dobro da população
branca.
• 22,0%
dos brasileiros que viviam na pobreza moravam em domicílio com seis ou mais
pessoas.
• Antes
da pandemia, 19,7% das pessoas residiam em domicílios com mais de dois
moradores por dormitório, o que pode dificultar o isolamento em caso de
infecção.
• 8,1%
da população que vivia na pobreza não tinha banheiro em casa.
Quase 38% da população do país tinha alguma
vulnerabilidade de acesso à água, o que poderia dificultar a higienização das
mãos e de objetos em 2019, período anterior à pandemia de Covid-19.
Enquanto 22,4% moravam em domicílios sem
abastecimento diário ou estrutura de armazenamento de água, 11,9% eram
abastecidos por outra forma que não a rede geral. Além disso, 3,4% dos
domicílios não estavam ligados à rede geral de água nem contavam com
canalização.
Os dados são dos Indicadores Sociais de Moradia no
Contexto da Pré-Pandemia de Covid-19, divulgados em 23/06/21 pelo IBGE. O
estudo aprofunda a análise das condições de vida da população brasileira, com
foco em características dos domicílios: abastecimento de água; adensamento
domiciliar; existência de banheiro e rendimento domiciliar. Os indicadores
foram gerados a partir da PNAD Contínua 2019 e estão disponíveis no hotsite covid19.ibge.gov.br.
“No contexto atual, no qual autoridades de saúde
apontam a importância do distanciamento social e da lavagem das mãos com água e
sabão para o combate à pandemia, o IBGE considera fundamental disponibilizar
informações que auxiliem a superação da crise e a proteção da população frente
ao grave quadro de saúde pública global”, explica o analista do estudo, Bruno
Mandelli Perez.
Essas dificuldades de higienização eram ainda maiores entre as grandes regiões do país. No Norte, 10,7% da população brasileira residia em domicílios sem canalização interna de água e abastecidos principalmente de outra forma, que não a rede geral de distribuição de água. No Nordeste, essa proporção era de 7,9%. Ambos os valores estavam acima da média nacional (3,4%). Entre as unidades da federação, o maior valor foi verificado no Pará, com 13,8%.
O percentual de pessoas pretas ou pardas (4,8%) que viviam em domicílios que não tinham na rede geral a sua principal forma de abastecimento de água e não contavam com canalização interna nos domicílios era bem maior do que a população de brancos (1,6%).
A análise revela, ainda, que 10,4% das pessoas que
residiam nas áreas urbanas do Brasil viviam em domicílios que, mesmo
abastecidos principalmente pela rede geral de água, tinham frequência de
abastecimento inferior à diária. Já nas áreas rurais, 18,8% das pessoas moravam
em domicílios que não tinham na rede geral a sua principal forma de
abastecimento de água e não contavam com canalização interna nos domicílios.
“Esses dados tornam ainda mais evidente a
desigualdade no abastecimento de água nos domicílios brasileiros. Somente 62,2%
da população dispunham de água oriunda de rede geral de distribuição, com
abastecimento diário e com estrutura de armazenamento em seu domicílio, e,
portanto, tinha melhores condições de cumprir as recomendações de
higienização”, explica Perez.
Um em cada dez brasileiros vivia em domicílio com
seis pessoas ou mais
Outra preocupação das autoridades sanitárias para
controle da disseminação do vírus é o número de pessoas por domicílio
(adensamento domiciliar) e a possibilidade de isolamento na residência no caso
de infecção de algum morador. Sobre isso, os dados do IBGE mostram que, em
2019, 27,0% da população brasileira vivia em domicílios com três pessoas. Já
9,8% da população brasileira residiam em domicílios com 6 ou mais moradores.
O estado do Amapá (32,5%), assim como a região metropolitana de Macapá (32,4%) e a capital, Macapá (32,0%), apresentou a maior proporção de pessoas vivendo em domicílios com 6 pessoas ou mais, em 2019.
Esse indicador também está correlacionado a cor ou raça e a renda dos moradores. A proporção de domicílios com seis ou mais moradores era 12,3% entre a população preta ou parda e 6,5% na população branca. Entre a população que vivia na pobreza, com menos de US$ 5,50 por dia ou R$ 436 per capita por mês – medida adotada pelo Banco Mundial para identificar a pobreza em países em desenvolvimento como Brasil –, 22,0% residiam em domicílios com seis ou mais pessoas.
19,7% da população moravam em domicílios com dois
moradores por dormitório
Antes da pandemia, 19,7% das pessoas viviam em
domicílios com mais de dois moradores por dormitório. Na região Norte, esse
percentual era ainda maior (35,4%), com destaque para o estado de Roraima
(46,5%). No outro extremo, estava Santa Catarina, onde 10,5% da população
moravam em domicílios com mais de dois moradores por dormitório.
“Isso mostra a dificuldade de alguns brasileiros de
praticarem o isolamento social no domicílio caso algum morador apresente algum
sintoma”, comenta Perez.
8,1% da população que vivia na pobreza moravam em
domicílios sem banheiro
Além das dificuldades de acesso à água e o excessivo
número de moradores por cômodo, algumas famílias brasileiras ainda viviam em
domicílios sem banheiro. Isso foi verificado em 2,6% da população. No Norte do
país, 11,0% dos moradores não tinham banheiro em casa.
Entre a população que vivia na pobreza, mais da metade (57,2%) residia em domicílios com mais de três moradores por banheiro. Já 8,1% em domicílios sem o cômodo usado para higienização pessoal.
Dados contra o coronavírus
Desde abril do ano passado, o IBGE disponibiliza
dados de pesquisas próprias ou em parceria com outras instituições para a
construção de cenários e no monitoramento das políticas públicas voltadas ao
combate da pandemia causada pela Covid-19 no país. Esse é mais um estudo com esse
propósito. Outros podem ser consultados no hotsite covid19.ibge.gov.br.
(ecodebate)
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