O estado de São Paulo, entre
todas as Unidades da Federação, teve o maior crescimento populacional absoluto
no século XX, pois tinha uma população de 2,3 milhões de habitantes em 1900 e
passou para 37 milhões em 2000 (um crescimento de mais de 16 vezes em 100 anos)
e chegou a 44,8 milhões de habitantes em 2021, segundo a Fundação SEADE.
Todavia, este alto
crescimento demográfico está com os dias contatos, segundo as projeções do
IBGE. O gráfico abaixo mostra que o número anual de nascimentos paulistas
estava em 600 mil em 2010, subiu para 637 mil em 2015, caiu para 603 mil em
decorrência da epidemia da Zika e voltou a subir em 2017 para 617 mil. Nota-se
que a recuperação de 2017 não voltou ao patamar de 2015 e que a partir de 2017
o número de nascimentos iniciou uma trajetória de queda contínua. Já o número
de óbitos tem uma tendência continuada de alta devido ao processo de
envelhecimento populacional.
Pela projeção do IBGE as duas curvas irão se encontrar em 2046, com números de nascimentos e óbitos em torno de 510 mil. A partir daí as curvas se invertem e o estado de São Paulo iniciará um processo de decrescimento populacional estrutural no restante do século. A estimativa é que haverá 465 mil nascimentos e 638 óbitos em 2060, com redução vegetativa de 173 mil pessoas.
Contudo, a pandemia da covid-19 provocou alterações conjunturais que não alteram o rumo geral da transição demográfica paulista, mas que pode antecipar alguns números da tendência estrutural. Os números da pandemia mostram que o estado de São Paulo já registrou quase 4 milhões de pessoas infectadas e mais de 130 mil mortes. Além disto, houve uma redução do número de nascimentos, pois muitas mulheres e casais adiaram suas decisões reprodutivas em função da gravidade do quadro pandêmico.
Desta forma, enquanto as
projeções do IBGE, para o primeiro semestre de 2021, indicavam 300.301
nascimentos e 144.595 óbitos (crescimento vegetativo de 155.706 pessoas), os
registros do Portal da Transparência do Registro Civil registraram 277.019
nascimentos e 248.624 óbitos, um crescimento vegetativo de somente 28.395
pessoas. Portanto, o crescimento populacional foi reduzido em mais de 5 vezes
em relação ao projetado pelo IBGE antes da pandemia.
Com o fim da pandemia haverá,
provavelmente, redução dos óbitos e aumento dos nascimentos, mas dentro do
marco das projeções do IBGE. Ou seja, o período de crescimento populacional
contínuo do estado de São Paulo vai ficar para trás.
Nas próximas duas décadas São
Paulo vai continuar tendo aumento da população, mas em ritmo cada vez mais
lento. Com menores taxas de fecundidade, a base da pirâmide etária vai diminuir
e haverá um aumento do envelhecimento populacional.
Assim, em algum momento da década de 2040 o estado de São Paulo vai começar um contínuo e persistente processo de decrescimento demográfico.
País pode registrar mais mortes do que nascimentos em um mês, dizem pesquisadores.
Esta nova realidade parece
ser inexorável mesmo na hipótese de aumento do fluxo imigratório.
Evidentemente, muitas pessoas vão lamentar o passado e estranhar o novo padrão
demográfico. Todavia, não adianta querer contrariar as opções das pessoas e a
nova realidade demoeconômica, mas sim defender políticas públicas que garantam
o bem-estar social e ambiental diante de um novo cenário que deverá preponderar
nos próximos séculos. Daqui para frente as histórias de São Paulo e do Brasil
serão marcadas por “outros quinhentos”. (ecodebate)
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